Vinte oito pessoas foram presas na mega operação “Verde Oliva”, deflagrada em vários pontos do município de Campos na manhã desta terça-feira (16/10). Dentre os presos estão um funcionário de uma empresa petrolífera e um jogador de futebol do Campos Atlético Associação (Roxinho). Também foram apreendidos armas, drogas, quatro veículos, material para conserto e assessórios de armas, celulares e aparelhos eletrônicos, anotações do tráfico e uma quantia expressiva em dinheiro.

Em coletiva de imprensa no início da tarde, o delegado titular da 146ª Delegacia Legal em Guarus, Luís Maurício Armond, disse que os 28 presos seriam ligados ao Terceiro Comando Puro (TCP). Além disso, foram identificados quatro chefes de comunidades daquela região. Um em especial, identificado como Cassiano Soares da Silva Vicente, vulgo “Cotó”, que teria determinado vários homicídios de dentro da cadeia, além de roubos a veículos e extorsões a políticos em campanha.

De acordo com a denúncia, os candidatos estariam sendo obrigados a pagar para que pudessem fazer suas respectivas campanhas nas comunidades. Segundo Armond, era cobrada uma taxa entre R$ 500 e R$ 1 mil para que fosse de acordo com o “viés político e ideológico que eles queriam adotar”.

“O trabalho da polícia continua na área de Guarus. Meu foco é combater os homicídios nessa região. São crimes inaceitáveis para a segurança pública, apesar das dificuldades, tanto eu quanto a equipe da 146ª não esmorece com relação ao combate aos homicídios. Nós vamos realizar, não apenas nessa operação, mas outras sempre com o objetivo de acabar com esse crime na nossa região. O objetivo é tirar essa quadrilha das ruas para que a comunidade possa ter um pouco mais de paz, além de exercer seu direito ao voto”, ressaltou o delegado.

De acordo com o promotor Sérgio Ricardo Fonseca, as investigações sobre o caso continuam.

“Nós vamos encaminhar parte da investigação para a Procuradoria Regional Eleitoral para verificar o abuso de poder político e abuso de poder econômico nessas localidades, uma vez que políticos fizeram parceria com os traficantes para impedir que candidatos de grupos contrários fizessem campanhas ali. Inclusive, há áudios que nós captamos, com autorização da Justiça, que determinam que fossem feitos disparos de arma de fogo até mesmo em carreatas”, explicou.

Além dos presos, outras 12 pessoas foram conduzidas à delegacia. De acordo com Armond, esses indivíduos teriam informações relacionadas a suspeitos foragidos, das quais a polícia precisava fazer um levantamento mais preciso. “Essas pessoas foram conduzidas para cá para essa análise e agora estamos concluindo esse fechamento relacionado ao número de presos dessa operação”, disse.

JOGADOR E FUNCIONÁRIO PRESOS

O jogador do Campos Atlético Associação (Roxinho), Yuri de Carvalho Silva, de 23 anos, foi preso por tráfico de drogas em uma das comunidades alvo da operação. O atacante e artilheiro do time foi encontrado em casa, no bairro do Jockey. No terreno ao lado do imóvel, a polícia localizou material entorpecente.

“Ele vendia drogas e, além de vender, transportava drogas e depositava em sua residência junto com seu irmão. Ele utilizava do veículo de propriedade de seu irmão para fazer essa distribuição em vários pontos de venda”, mencionou o delegado.

Além de Yuri, um funcionário de uma empresa petrolífera, ainda não identificado, foi preso por ser o armeiro do grupo. O suspeito foi encontrado no Parque Imperial.

“Ele realizava reparos e conserto de armas, além de modificá-las colocando kit de rajada e alongando os carregadores. Por ser participante de um grupo de tiro, ele também chamava os traficantes e organizava cursos de tiro para que eles aprimorassem a capacidade de ataque e pudessem invadir outras comunidades e dominar o tráfico na região”, disse Armond.

Por meio de nota, divulgadas através das redes sociais do clube, o Campos Atlético Associação disse que a prisão cautelar visa garantir a investigação criminal, sendo certo que ainda serão investigados e julgados pelos poderes competentes.  "contudo, o clube expressa o seu absoluto repúdio à condutas criminosas, sejam elas praticadas por qualquer agente, no caso em tela, envolve uma investigação de suposto crime praticado por atleta com vínculo de trabalho com esta entidade de prática esportiva, razão pela qual vem a público se manifestar", diz trecho do documento que pode ser conferido na íntegra na galeria de imagens abaixo do texto.

SOLDADO MORTO POR ENGANO

Segundo Armond, o soldado, Hugo Soares de Alvarenga, teria sido confundido com um integrante de uma facção rival, a Amigos dos Amigos (ADA). O soldado, que na época tinha 21 anos, pertencia a 2ª Cia. do Exército de Campos. Ele morreu na madrugada do dia 24 de junho no Hospital Ferreira Machado (HFM). O jovem foi socorrido para a unidade hospitalar após ter sido baleado na noite anterior, na Rua Murilo Peixoto, no Parque Eldorado. 

“Em determinado ponto onde ele estava passando havia vigias, que foram presos nessa operação, e que somente por acharem que era de outra facção resolveram executá-lo. Posteriormente, perceberam o engano porque era um conhecido deles, já que todos moraram próximos”, disse.