A Associação Irmãos da Solidariedade, única casa de apoio do estado do Rio, completa nesta quarta-feira (18/07) 30 anos de existência. Para a fundadora da Organização não Governamental (ONG), Fátima Castro, os problemas são muito parecidos com os de décadas passadas, ou seja, preconceito, falta de apoio, de respeito, abandono e o pior, a não descoberta da cura.
“Parece que foi ontem que tudo começou. Eu nunca podia imaginar que uma iniciativa tomada por mim naquela época, com uma mulher que bateu à minha porta com uma doença que ninguém sabia o que era e eu comecei a cuidar, fosse se transformar nisso tudo que é hoje a Associação”, explica Fátima Castro que nesta quarta-feira reúne internos da Casa e funcionários em um café da manhã e orações, com as portas abertas como sempre.
Embora no contato diário com os pacientes da Casa e, também, em suas palestras, Fátima Castro procure sempre encorajar os doentes, ela no seu íntimo ainda é pouco crente quando o assunto é descoberta da cura da Aids. “Eu só vou acreditar mesmo em vacinas contra a Aids, quando estiver sendo distribuída em grande escala. Desde o início do meu trabalho, lá atrás, que eu ouço falar sobre e ainda nada de concreto. Mas, sem dúvida, houve avanço na Medicina, principalmente, com os medicamentos”, explica a fundadora da Casa.
Fátima Castro lembra que antigamente o coquetel tomado pelos doentes de Aids era composto de dezenas de comprimidos e, hoje, pode ser resumido em um ou dois, de acordo com cada paciente. Mas Fátima alerta que a diminuição do número de comprimidos não quer dizer que também haja menos efeitos colaterais. “Não, todos têm efeitos colaterais sérios, principalmente esse único medicamento. E o pior é que muita gente ainda tem a mentalidade de que se contrair Aids, toma-se um medicamento e está tudo bem”, diz Fátima.
Prova de que a conscientização ainda é pequena é o exemplo acima, do único medicamento usado no lugar do coquetel. “Sem falar que, depois que a pessoa sai de uma balada, por exemplo, bebe e, neste caso, se for fazer sexo, nunca lembra do, ainda, único remédio contra a Aids, que é a camisinha. As campanhas do governo acontecem, mas se observar, só no final do ano, próximo ao Dia Mundial de combate à Aids, em dezembro. Nas escolas o assunto ainda é pouco divulgado ou não da forma como deveria. A Associação há anos que faz esse trabalho em escolas e faculdades, mas ainda precisamos fazer mais”, analisa a assistente social.
A CASA
A Associação Irmãos da Solidariedade é a única casa de apoio do Estado do Rio. Na cidade do Rio de Janeiro tem a Associação Viva Cazuza, mas só para crianças. No município de Itaperuna tem uma entidade que acolhe, mas não com a estrutura de Campos. No país são poucas as casas como a entidade de Campos, em que os pacientes residem, tem atendimento ambulatorial com médicos e enfermeiros 24h, além de dentistas, assistentes sociais, psicólogo e psiquiatra, fisioterapeuta, departamento jurídico, entre outros. Sem falar que atende a doentes de AIDS não residentes na Casa. São quartos feminino e masculino, sala de estar, sala de reunião, sala de oração, salão de cabeleireiro, oficinas e outros. “Algumas pessoas perguntam porquê eu não amplio a Casa. E eu sempre digo que aqui não é depósito de gente, por isso permanecemos com capacidade para 40 pacientes. Se for para deixar as pessoas aqui de qualquer maneira, eu prefiro fechar as portas”, finaliza Fátima Castro.
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