Quinta-feira, 28 de março de 2024

Presidente do PT estadual, Washington Quaquá, fala sobre investimentos e fortalecimento do partido

23/06/2018 às 08h00

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O político é pré-candidato a deputado federal pelo PT/RJ / Foto: Divulgação

O ex-prefeito de Maricá e presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), no estado do Rio de Janeiro, Washington Quaquá, foi entrevistado pelo radialista e apresentador do programa Band Notícias, da Band FM Campos, Carlos Alfredo Soares. Durante a conversa, o político, que é pré-candidato a deputado federal, falou do fortalecimento dos comitês do PT no Estado, principalmente nas regiões Norte e Noroeste Fluminense; do ‘golpe’ que culminou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff; de investimentos, entre outras questões.

Carlos Alfredo – Gostaria que o senhor traçasse um panorama do PT no estado do Rio de Janeiro nesse momento em que o ex-presidente Lula continua preso? 

Quaquá – O PT deu uma contribuição grande ao estado do Rio de Janeiro, através dos governos Lula e Dilma. O Rio nunca cresceu tanto. Os investimentos na Petrobras que geraram milhares de empregos e a indústria naval no Rio de Janeiro, que hoje tem coisa de 5 mil empregos, chegou a ter cerca de 90 mil empregos no governo Lula. Infelizmente, toda essa política de desenvolvimento, de geração de empregos, de construção de escolas técnicas e de universidades do interior foram desmontados pelo 'golpe'. Não é a toa que os americanos queriam se apossar do nosso petróleo, desmontar o nosso país através da Lava Jato. Nós estamos conseguindo recuperar e reconstruir o Rio de Janeiro e o Brasil a partir de um projeto petista e a partir da volta do Lula a presidência da República.

Carlos Alfredo – Então o PT vai ter candidato ao governo do Estado?

Quaquá – Nossa candidata é filósofa e professora, a Márcia Tiburi. Uma intelectual de altíssima qualidade. Não é política e nunca disputou uma eleição, mas em um quadro em que a degeneração política no estado do Rio de Janeiro, as grandes lideranças políticas que mandavam no Rio estão todas, ou na cadeia ou fora da disputa, acredito que ela é uma bela candidata para governar o Estado.

Carlos Alfredo – Os comitês regionais e diretórios do PT estão ativos ou isso está sendo reconstruído, como está essa situação?

Quaquá – Nós estamos reconstruindo os diretórios municipais em todas as cidades. Nas regiões Norte e Noroeste há um fortalecimento do partido. Nós temos em Campos, por exemplo, a candidatura do Zé Maria da FUP (Federação Única do Petróleo), que é petroleiro, tem o Marcel de Macaé para deputado estadual, eu mesmo sou candidato a deputado federal. Além disso, tem uma chapa fortíssima de deputados federais para defender o povo contra o desmonte do salário mínimo e contra o ataque a política de cotas para negros e para estudantes de escolas públicas e nas universidades públicas. Porque essa elite que ganhou no tapetão o governo entrou para tirar os direitos do povo. Então nós temos que ter os partidos de esquerda, sobretudo o PT, fortes e voltar com o Lula para que esse país pare de tirar os direitos do povo e volte a ser um país que tenha um Minha Casa Minha Vida, que tenha luz para todos, que o salário mínimo aumente acima da inflação, que tenha empregos. A gente quer o nosso país de volta.

Carlos Alfredo – O senhor acredita que de alguma forma esse 'estouro' na violência tem a ver com interrupções de políticas estruturantes?

Quaquá – A causa principal da violência é a desigualdade social. Ela é mais acentuada quando há falta de perspectiva. A violência que a gente vive hoje no Brasil é diretamente fruto do 'golpe', do desmonte das políticas sociais e fonte da desesperança que essa gente trouxe para o povo brasileiro.

Carlos Alfredo – Aqui na região da Baixada Litorânea tínhamos um grande projeto, que era o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Esse projeto foi de certa forma descontinuado. Como o senhor vê a possibilidade de retomada do projeto, já que estamos sabendo de investimentos chineses para aquele local?

Quaquá – Se eu for para o Congresso como deputado federal, das primeiras coisas que eu vou abrir é a CPI da Lava Jato. Eu quero saber por que destruíram o Comperj? Porque estão entregando para os americanos e chineses o nosso pré-sal, pois já era para estar entrando dinheiro do pré-sal na educação e na saúde para melhorar a vida do povo brasileiro. Por que o Moro [juiz Sérgio Moro] recebe tantos prêmios nos Estados Unidos? Por que ele vai sempre para Nova Iorque ou para Washington para receber dinheiro, grana firme e pesada? Por que a mulher dele [de Moro] está envolvida numa denúncia do Tacla Durán [Rodrigo – ex-advogado da Odebrecht] de ter recebido dinheiro para amenizar a pena de gente da Odebrecht? Por que eles destruíram as empresas brasileiras? Por que a Petrobras ao preço de combater R$6 bilhões de corrupção pagou agora para os americanos uma multa de R$10 bilhões? Para tirar R$6 bilhões de corrupção, espalharam R$10 bilhões de multa para os americanos. Então o que esse Moro fez com o Brasil foi junto e mancomunado com os americanos. Espero poder mostrar na CPI que tudo isso foi uma trama, uma imensa trama articulada pela CIA (Central Intelligence Agency), pelo Departamento de Estado norte-americano, comprando juízes brasileiros, comprando parte do judiciário brasileiro para desmontar a Petrobras, para roubar nosso petróleo e nosso pré-sal, para destruir as empresas brasileiras que tinham grandes obras nos Estados Unidos, inclusive; fazer aeroportos, portos, estradas nos Estados Unidos.

Carlos Alfredo — Falando de investimentos, muito se falou sobre a chegada do Porto em Maricá, a cidade onde o senhor foi prefeito. Como está esse projeto. Vai sair?

Quaquá – O Porto é fundamental. O pré-sal é uma riqueza imensa e é uma estrutura industrial brutal. Você vai precisar de Porto em Campos, de Porto em Macaé, de Porto em São João da Barra, de Porto em Arraial do Cabo e de Porto em Maricá. O Porto de Maricá está a todo vapor, investimento privado, U$2,5 bilhões de investimento à disposição para a construção, mas infelizmente tem um promotor, que eu não sei a que interesse esse promotor advoga; talvez, não estou dizendo ele, mas o interesse do Porto do Rio, por exemplo, é que o Porto de Maricá não saia, porque os contêineres vão ser muito mais baratos, barateando, inclusive, os produtos no Brasil. E hoje em dia no Brasil, o promotor pode acusar as pessoas pode atrapalhar um investimento bilionário gerador de empregos e nada acontece com ele. Outra coisa que eu quero fazer em Brasília é ajudar a aprovar a lei do abuso de autoridade. O cara não pode pegar o teu filho, pegar um amigo seu, uma pessoa comum, acusar sem prova e ‘lamear’ a vida da pessoa. Ele te acusa sem prova, você é tido como bandido; como fizeram com Guido Mantega, ministro da Fazenda do Lula e da Dilma, que foi acusado como ladrão e depois foi provado que ele era inocente. Então tem que ter uma lei que cobre, civil e criminalmente, dos agentes públicos, dos juízes públicos e promotores os abusos de autoridade que eles cometem; como os que eles cometem com negros e pobres todos os dias nesse Brasil.

Carlos Alfredo — O senhor acredita que as fake news vão atrapalhar as eleições em outubro?

Quaquá – Acho que o Facebook sabe se você é Vasco, Flamengo, Fluminense ou Botafogo; o Facebook sabe se você gosta de moto ou de carro; o Facebook sabe se você é de esquerda ou de direita; o Facebook sabe se você está chateado com determinada coisa ou não; se você é a favor ou contra alguma coisa e ele bombardeia pílulas de informação de acordo com o perfil que ele cria de cada cidadão. Então hoje os americanos que controlam o Facebook e as redes sociais têm a capacidade de ganhar eleições em qualquer país do mundo, a democracia está maculada com as redes sociais. Fizeram isso com Trump no próprio Estados Unidos e fazem isso em vários lugares. Não pensem que aquelas manifestações de 2013 contra a Dilma foram gratuitas. Se você for olhar, esses americanoides que são grandes bilionários brasileiros, associados aos interesses de Wall Street, já manipulam a informação na mente de muita gente no Brasil. A gente que se alimenta da internet é imbecilizado por ela a partir do comando americano.

Carlos Alfredo — Como combater isso?

Quaquá – Acho que com mais democracia, com mais educação e, obviamente, não com um controle público da internet, mas um controle cívico da internet. É preciso criar comitês para discutir e abrir a caixa preta da internet. O Facebook, Twitter e as demais redes sociais não podem ser donas das informações, essas informações têm que ser públicas. Esses algoritmos que controlam a informação de cada pessoa precisam ficar disponibilizados em bancos públicos, para que todos possam ter acesso a esse tipo de informação e não apenas em uma empresa privada.

Carlos Alfredo — O senhor, como presidente do PT, acredita que o PT venha a fazer uma bancada forte?

Quaquá – Olha, o PT vai aumentar a bancada. O Brizola, o velho Brizola, dizia que a direita precisa temer a vingança do povo. Quando a direita brasileira, os bilionários tramam contra o povo como tramaram agora no impeachment da Dilma e para colocar o Michel Temer lá para acabar com o povo brasileiro e saquear o Brasil, o povo se vinga. Eu não tenho dúvida que o povo vai se vingar dessa trama, a vingança do povo vai se abater contra eles e o povo brasileiro vai eleger o Lula, ou se eles impedirem o Lula, quem ele indicar para presidente da República. O povo brasileiro vai eleger a maior bancada da história do PT no Congresso Nacional, não tenho dúvida disso.

Carlos Alfredo — Esse quadro vai se repetir por toda a esquerda, o senhor acredita?

Quaquá – Eu acho que o conjunto da esquerda ganha à medida que o povo vai sendo sacrificado pela direita, pelo Michel Temer; agora o PT, em especial, vai crescer muito nessa eleição.

Fonte: Ururau

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