"Poderoso e Soberano Deus, lanço-me nas profundezas das águas, através do desconhecido das trevas, para buscar o que foi perdido, resgatar o que está submerso...”

Com essa oração, o grupo de militares começa todas as manhãs o curso de Mergulho Autônomo (CMAUT), do Corpo de Bombeiros. 

Há dois meses quando o curso começou em Campos, eles eram 30 militares candidatos a mergulhador de resgate, do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro. Agora na reta final, apenas cinco ainda permanecem no curso que pela primeira vez está sendo realizado de forma descentralizada. Os alunos estão passando por testes físicos, psicológicos e aprendendo as técnicas. Os treinamentos irão continuar até o mês de agosto. Até lá, os militares ainda passarão por testes para garantir ou não o tão sonhado brevê de mergulhador.

O sargento Filipe Manhães é um dos cinco militares que permanece no grupo. Ele que é lotado no quartel do 5º Grupamento do Corpo de Bombeiros de Campos diz que ser bombeiro já é uma grande dádiva. “Escolhi ser mergulhador porque quis ir além. Fazer mais pela sociedade. Ser desafiado ao desconhecido. O treinamento é muito pesado, mas a honra de ser mergulhador será eterna”, declarou.

O tenente coronel Rodrigo Bastos, comandante do Grupamento de Buscas e Salvamento, com sede no Rio de Janeiro, e diretor do CMaut 2019 explica que o número nessa reta final é sempre esperado.

“Quando você coloca o militar dentro da água, o ambiente é diferente. Ele precisa ter uma qualidade mais elevada, já que o mergulho, ele trabalha com mais sensibilidade. Isso exige mais habilidade. No curso que eu fiz em 2000, começaram 50 e ficaram nove. O treinamento exige preparo. Isso é comum. Por isso, dizem que os mergulhadores são o “BOPE”do bombeiro”, esclareceu o comandante Rodrigo Bastos.

Há 35 anos, o Corpo de Bombeiros realiza o curso de formação. Não é uma  exigência, mas uma escolha do militar. “Ele passa por várias etapas, primeiro o teste físico, exames médicos e atividades de mergulho. Neste curso descentralizado, tivemos o apoio dos comandantes do 4º e do 8º CBA ( CBA 4-Norte e Noroeste e CBA 8-Atividades Especializadas, além de toda a estrutura do 5GBM-Campos).  Eles pensaram em uma forma de diminuir o tempo resposta, formando esses mergulhadores aqui na região Norte. Sem o apoio desses comandos seria impossível, “ afirmou o comandante que disse ainda que outra novidade desta edição é o acompanhamento profissional de uma psicóloga.

A 22ª turma de mergulhadores da corporação vai atuar nas regiões Norte/Noroeste e Litorânea do Estado. O tenente coronel Rodrigo Bastos lembra que mergulho é considerado uma das profissões, mas arriscadas do mundo. Ele que já atuou em todas as grandes tragédias do país, como Brumadinho e Morro de Muzema e no terremoto no Haiti, lembra que o salvamento as vítimas das chuvas na região Serrana do estado, marcou a sua vida profissional.

 “Tinha amigos em Nova Friburgo e tive que resgatá-los, alguns sem vida. Pessoalmente foi complicado, mas o resgate do bebê Nicolas marcou. Se não fosse bombeiro! Não consigo imaginar, não tem outra profissão na minha vida” concluiu.

Oração do mergulhador

Poderoso e Soberano Deus,

Lanço-me nas profundezas das águas,

Através do desconhecido das trevas,

Para buscar o que foi perdido, resgatar o que está submerso.

Faço isso com a incerteza da minha vida,

Com risco da minha integridade,

Com o temor que nos é inerente, Mas com a convicção de que precisamos fazê-lo

Por isso Senhor,

Faz com que eu supere as incertezas,

Que o medo seja sobrepujado pela fé,

 E se viermos a perecer no cumprimento dever,

Que tu ó Deus, guarde nossas almas.

Mas faz Senhor, com que cumpramos a nossa missa Sagrada.

Seja em águas claras ou turvas, rasas ou profundas,

Se submerso nós trazemos,

Se perdido nós achamos.

Mergulho! Mergulho! Mergulho!!!