Depois de oito horas de debates, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou, em primeiro turno, o texto principal da reforma da Previdência. A proposta teve 379 votos a favor e 131 votos contra. Entre os deputados que votou contra foi Wladimir Garotinho (PSD-RJ). Segundo ele, a reforma é necessária, mas a proposta está muito aquém do que seria razoável para o Brasil.
O voto contra do deputado foi após aguardar até o último momento as alterações no texto-base da Comissão Especial. O partido do deputado fechou a questão como favorável. Wladimir detalhou os motivos de sua decisão.
“Por mais que se defenda que a Reforma atinge as parcelas mais ricas da população, a realidade é que o texto que estamos votando trata de forma injusta os trabalhadores, os professores, os aposentados e as pensionistas”, disse.
Sobre a votação dos destaques em Plenário, o deputado destacou que vai analisar um a um e espera que consiga, com os destaques, corrigir o que está equivocado no texto-base.
“Por mais que se defenda que a Reforma atinge as parcelas mais ricas da população, a realidade é que o texto que estamos votando trata de forma injusta os trabalhadores, os professores, os aposentados e as pensionistas. O governo não fala, mas o valor dos benefícios de aposentados vai cair com relação à metodologia atual. A aposentadoria passa a ser calculada sobre todos os salários que o trabalhador teve ao longo da vida e não mais sobre os 80% maiores, a perda para os aposentados será de 13%. Em um país em que é muito complicado comprovar o tempo de contribuição, especialmente para os mais pobres, uma regra como essa poderá levar uma parcela da população brasileira à pobreza em sua velhice”, explicou.
Pobres sem aposentadoria
De acordo com o deputado, a combinação de idade mínima com o tempo de contribuição de 40 anos na prática levará os mais pobres a não terem mais aposentadoria. “Em 40 anos de atividade, o trabalhador fica ao menos oito anos sem carteira assinada (IBGE), com isso ele terá de trabalhar até 73 anos para ter a aposentadoria integral. Acontece que essa idade é exatamente a expectativa de vida dos brasileiros homens. Não podemos aceitar”, revelou.
Segurança Pública
Para Wladimir, a proposta também é injusta com categorias especiais como os policiais e os professores. “Não é admissível que esses heróis que colocam sua vida em risco para nos defender e aquelas abnegadas professoras que cuidam dos sonhos dos nossos filhos sejam tratados com tamanho desdém pelo governo. A regra de transição apresentada é excessivamente dura, pois obriga quem poderia se aposentar em dois ou três anos a trabalhar por mais oito ou dez anos”.
O parlamentar afirma que esse tratamento é ainda mais estranho na medida em que a proposta do governo para os Militares das Forças Armadas gerou um resultado líquido de apenas R$ 10 bilhões para a economia de cerca de R$ 1 trilhão que o governo quer. “No entanto, esta classe consumirá mais de R$ 85 bilhões para reestruturar sua carreira, que já possui remuneração muito acima da média do trabalhador médio brasileiro. Além disso, eles não correm os mesmos riscos que os policiais e agentes penitenciários incorrem. Nada mais justo que igualar as condições entre essas categorias, algo que não foi feito pois o governo não cumpriu o acordo”, disse.
Pensão por morte
Para Wladimir, a reforma penaliza excessivamente o beneficiário da pensão por morte. “Cito como referência um casal de idosos, cada um aposentado com um salário mínimo, ou seja, com renda familiar de R$1.996,00. Com a morte do senhor, por exemplo, a viúva receberá, na soma da pensão por morte e aposentadoria, o valor de R$1.393,80. Uma queda de 30% na renda de uma pobre viúva”, concluiu.
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