A queda foi muito dolorosa. Apesar de ter encerrado, em 2017, um jejum de 25 anos longe da elite do futebol carioca, nos dois anos seguintes, quando esteve na Série A, o Goytacaz não conseguiu jogar a fase principal. Agora o clube precisa voltar as atenções para a segunda divisão e pensar em retornar à elite o mais rápido possível. A caminhada não será fácil, já que existe um grande obstáculo chamado problemas financeiros.
Durante o Campeonato Carioca, o Goytacaz sofreu com as finanças combalidas e alguns jogadores ficaram até três meses sem receber. Em entrevista exclusiva ao FutRio.net, o presidente Dartagnan Fernandes revelou que, na próxima terça-feira (12), haverá uma reunião no clube para traçar o planejamento para a Segundona. Ele não descartou deixar a presidência, caso não consiga todo aporte financeiro necessário para jogar o certame.
- Teremos uma reunião no dia 12 de março, onde vamos traçar o planejamento. Ainda não tem nada de formatação de elenco e patrocinadores. Apenas depois disso anunciaremos quais serão os rumos para a disputa da Série B1. Fica difícil fazer futebol sem recursos. Temos que fazer um planejamento para analisar tudo isso. Falei com o Conselho Deliberativo e nesta reunião vou colocar todo o orçamento que o clube vai ter que gastar na segunda divisão. Caso o clube não consiga o aporte financeiro necessário para que possa arcar com tudo, caso alguém queira assumir essa responsabilidade, eu me afasto do cargo e deixo para esse alguém que queira assumir. Não vou ser irresponsável de colocar o Goytacaz num campeonato onde não tenha aporte financeiro para jogar - explicou o dirigente.
Paulo Henrique de volta ao cargo de técnico
Na reta final da Série A, Paulo Henrique, que era o coordenador-técnico do clube, anunciou seu desligamento do Goytacaz, mas ainda ajudou o clube nas duas últimas rodadas. Dartagnan Fernandes, entretanto, revelou que já acertou com PH para que ele seja novamente o técnico da equipe. Cenário que só mudará caso o treinador receba uma proposta mais vantajosa financeiramente.
- Eu conversei com o Paulo Henrique para ser o treinador e ele me deu a palavra que vai continuar. Mas se acontecer uma proposta financeiramente melhor para ele, ele tem que aproveitar o momento. Acredito que ele permaneça e nos ajude na montagem do planejamento. Já determinamos a reapresentação para o dia 20 de março - disse o mandatário do Goyta, que já esperava ter Paulo como comandante na Série A.
- Na minha opinião, o Paulo Henrique era pra ter sido o treinador. Mas por uma imposição de patrocínio, investidor, essas coisas, trouxeram o Athirson. Não deu certo e tinha o Flávio Lopes na diretoria. Ele tinha feito grandes trabalhos em Minas Gerais como treinador. Optamos por ele. Blindamos o Paulo Henrique, pois o grupo estava muito desunido. Se ele fosse rebaixado, como o clube foi, iria ter um desgaste muito grande. Agora ele está tranquilo e acredito que fará um grande trabalho como fez nos últimos anos.
Elenco rachado em três grupos
Em entrevista que foi ao ar no FutRio.net no dia 25 de fevereiro, o atacante Douglas Oliveira revelou que o Goytacaz estava rachado e existiam três divisões dentro do elenco: atletas que foram levados pelo investidor Flávio Trivella; jogadores contratados com indicação de Athirson; e os garotos criados na Rua do Gás. Dartagnan Fernandes confirmou a informação e ressaltou que essa desunião prejudicou de maneira decisiva.
- Tinham os jogadores da casa, os que vieram através do investidor e alguns que chegaram de Minas, que não se entenderam. Futebol é grupo fechado, unido. Tem que se agarrar à causa com mais responsabilidade. Havia uma divisão desses três grupos: da casa, de Minas e do investidor. E esse grupo do investidor trouxe algumas consequências, não deu para fechar o elenco. Isso foi fundamental para a queda do clube. Pra mim, tem que haver união, desde o roupeiro até o jogador que não atua. Alguns erros aconteceram e culminaram na queda do clube - frisou.
Outra situação confirmada por Dartagnan Fernandes foi que os jogadores que tinham vínculo com Flávio Trivella recebiam em dia (informação que o próprio Trivella confirmou em entrevista concedida em 20 de fevereiro), enquanto os demais ficaram com os salários atrasados.
- Tinha jogador que recebia e outros que não. Todo mundo fica sabendo disso. Os jogadores do investidor recebiam em dia. Os outros atletas que receberiam de verbas que vinham de patrocínios não recebiam em dia. Isso causou o constrangimento muito grande dentro do clube. Em novembro teve um acordo de pagamento generalizado por conta do investidor e isso aconteceu. Mas no mês seguinte, só recebiam os que ele tinha compromisso e os outros não. Isso causou um constrangimento muito grande que culminou na desagregação do grupo, que foi um fator primordial para que o Goytacaz fosse rebaixado - revelou o mandatário do Goyta, que prosseguiu.
- O que pesou foi o assunto financeiro. Tínhamos um patrocinador que queria bancar toda comissão técnica, com um clube que passa por dificuldades financeiras, isso tem um benefício muito grande. Mas achávamos que o Athirson iria vir a aceitar os conselhos do Paulo Henrique, que era o supervisor de futebol, e até do próprio Flávio Trivella. Mas houve um isolamento e culminou nesta situação toda.
Fim da desunião no elenco e dentro clube
Por fim, Dartagnan Fernandes afirmou que pretende acabar com a desunião dentro do Goytacaz. O presidente diz ter solicitado ajuda ao Conselho Deliberativo para ajudar no planejamento para a Série B1.
- Queremos nos preparar para que essa desunião não volte a acontecer. Queremos todos trabalhando perto e estamos tentando trazer o Conselho Deliberativo para o nosso lado. Fica difícil para uma diretoria com poucas pessoas agregar tudo. A chegada do Conselho vai ajudar o Goytacaz a fazer uma grande campanha - finalizou.
O Goytacaz espera o começo da Série B1 do Campeonato Carioca para voltar a atuar oficialmente. A competição tem início previsto para o mês de maio.
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