Começa nesta quarta-feira (24/04) as demolições de dois prédios do Condomínio Figueiras do Itanhangá, na comunidade da Muzema, na Zona Oeste do Rio — onde há 11 dias dois edifícios desabaram matando 24 pessoas. Outros sete empreendimentos estão interditados e serão escorados, já que correm o risco de ir ao chão. A ideia é que as demolições sejam feitas manualmente, e os escombros, retirados por máquinas. A Prefeitura do Rio afirma que todas as edificações são irregulares. A gestão municipal, porém, não diz como será feita a segurança dos funcionários que trabalharão na derrubada dos prédios.
Há expectativa de que o Município contrate emergencialmente uma empresa para auxiliar na derrubada de outras construções. Ao todo, cerca de 16 prédios deverão vir abaixo. A Defesa Civil municipal vistoriou, novamente, nesta segunda-feira, os dois prédios vizinhos aos que desabaram, e o laudo detectou que os imóveis apresentam grave risco estrutural. Sete prédios estão temporariamente desocupados como medida preventiva e a liberação só deverá acontecer quando os dois prédios forem derrubados. Isso deverá levar ao menos 30 dias.
A Secretaria Municipal de Urbanismo garante que intensificou as ações de fiscalização e está elaborando os documentos administrativos que servirão de base para as ações da prefeitura. Segundo a Prefeitura, no Condomínio Figueiras do Itanhangá já foram abertos 33 processos novos de notificação, identificando de forma individualizada as construções irregulares. Prédios residenciais são prioridade na fiscalização. Além disso, elaborou os Laudos de Vistoria Administrativa que já estão fixados nos prédios que serão demolidos.
Investigações seguem
Nesta segunda-feira, um homem que teria ligação com a milícia e a construção de prédios no Rio das Pedras e Muzema, na Zona Oeste do Rio, prestou depoimento na 16ª DP (Barra da Tijuca). Durante três horas Alclécio Cardoso falou aos investigadores. No final da tarde ele foi liberado. Os agentes descobriram que o homem é o responsavél por cobrar taxas de segurança na região. Fontes da Polícia Civil disseram ao DIA que os investigadores chegaram a Cardoso após denúncia anônima. A 16ª DP descobriu também que, o homem tinha um caderno com anotações contendo nomes de moradores que são obrigados a pagar uma taxa de segurança à milícia.
Durante o depoimento, Alclécio confessou que depois da prisão do major da Polícia Militar Ronald Alves Pereira, em janeiro deste ano, ele assumiu a responsabilidade de fazer as cobranças dos pagamentos. Um inquérito foi aberto para apurar a relação de Alclécio com a milícia.
Segundo a Polícia Civil e o Ministério Público do Estado, Ronald é o chefe da milícia da Muzema. O PM, atualmente, está preso no presídio de segurança máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte.
Até agora mais de 10 pessoas já prestaram depoimento na delegacia da Barra da Tijuca sobre a queda de dois prédios na Comunidade da Muzema, há pouco mais de uma semana. À época, 24 pessoas morreram e pelo menos 10 se feriram.
A Polícia Civil segue procurando três suspeitos que teriam construído e vendido os empreendimentos, identificados como: José Bezerra de Lira, o Zé do Rolo; Renato Siqueira Ribeiro e Rafael Gomes Costa. Há informações de que um deles, ‘Zé do Rolo’, esteja na Paraíba. A polícia carioca está em contato com agentes de outros estados em busca dos homens que já são considerados foragidos.
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