O desembargador federal Abel Gomes, da Primeira Seção Especializada do TRF2, negou na sexta-feira (09/11), pedidos de sete dos acusados com prisão temporária decretada na Operação Furna da Onça, deflagrada na quinta-feira (08).
Em sua decisão, o relator do processo no TRF2 chamou atenção para os indícios de vazamento de informações sobre as diligências realizadas pela Polícia Federal, que executou as ordens de prisão e busca e apreensão. As suspeitas de vazamento foram relatadas ao Tribunal pela autoridade policial.
"[...] vê-se que há indicativos fortes de que as diligências para recolhimento de elementos de convicção, que deveriam ocorrer em caráter sigiloso, de alguma forma ‘vazaram’, possibilitando, com isso, o conhecimento prévio por parte de investigados, que acabaram, ao que tudo indica, por destruir e ocultar provas”, escreveu o magistrado. Em seu entendimento, isso confirma a necessidade de manutenção das prisões temporárias, fixadas pela lei em cinco dias.
Os pedidos foram apresentados pelas defesas dos deputados estaduais Marcelo Nascif Simão, Jairo Souza Santos, André Correa e Francisco Manoel de Carvalho, da subsecretária de Ciência, Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento Social do Rio de Janeiro (e ex-chefe de gabinete de Edson Albertassi), Shirley Aparecida Martins Silva, do secretário estadual de Governo, Affonso Henriques Monnerat Alves da Cruz, e do ex-chefe de gabinete de André Correa, José Antonio Wermelinger Machado.
Além de determinar a manutenção do prazo das prisões temporárias, o desembargador federal Abel Gomes ordenou que a Polícia Federal realize “todos os esforços para investigar as hipóteses de ‘vazamento’ e destruição de elementos de convicção, capaz até de desaguar em obstrução da Justiça”.
Operação Furna de Onça
Segundo o MPF, a operação prendeu envolvidos com um esquema de compra e venda de votos na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) que movimentou ao menos R$ 54 milhões, segundo informou o superintendente da Polícia Federal, Ricardo Saadi. A declaração foi dada em entrevista coletiva nesta quinta-feira (8), após a deflagração da Operação Furna da Onça, que investiga o que o Ministério Público Federal chama de "mensalinho" da Alerj. Os valores chegavam a R$ 900 mil.
A investigação cumpriu todos os 22 mandados de prisão – três alvos já estavam presos desde o fim de 2017, quando da Operação Cadeia Velha. No total, dez são deputados estaduais, cinco deles reeleitos.
De acordo com as investigações, a organização criminosa, chefiada pelo ex-governador Sérgio Cabral, pagava propina a vários deputados estaduais, a fim de que patrocinassem interesses do grupo criminoso na Alerj. Loteamento de cargos no Detran era outra forma de "agrado".
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