Após o reajuste de 5% na tabela de fretes, confirmado na quarta-feira (05/09) pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) elevou de US$ 4 bilhões para US$ 5 bilhões a sua previsão de custo extra com frete para escoar a safra de soja e milho em 2019. "A situação vai ficando cada vez mais grave. Não tem como produtor nem exportador absorverem isso", disse o diretor-geral da associação, Sérgio Mendes, em entrevista ao Grupo Estado.
"O governo vai ter que estudar melhor esse caso e ver como dará uma proteção para os transportadores. Do contrário, valerá a pena comprar caminhões para parte das necessidades de transporte de cooperativas, empresas e do próprio produtor", afirmou.
Conforme Mendes, o reajuste da tabela e a decisão da Anec de começar a fiscalizar o cumprimento da medida estimulam as empresas a priorizar a compra de grãos com entrega em fábricas e no porto, ou seja, deixando o custo do frete com o vendedor. "Exportador no momento está pensando no compromisso firmado com o cliente. E o principal cliente é a China, que está com um problema com os Estados Unidos; você não pode deixar de garantir o produto para eles", assinalou.
Considerando apenas a exportação de soja, milho e farelo neste ano, a Anec estima um custo extra de US$ 2,4 bilhões com a tabela, mas ponderou que esse valor pode aumentar após o reajuste, a depender dos contratos de cada exportador. "As empresas vão cumprir os compromissos que têm", enfatizou.
Para Mendes, tradings podem até retomar a compra futura da safra 2018/19 de soja, mas vão contabilizar uma margem de segurança para a incerteza sobre o custo do transporte. "Agora vai depender de como o produtor se comporta, porque o custo vai recair sobre o produtor. O frete no ano que vem passa a ser assunto dele", disse. "A gente acredita que, como a gente, o produtor vai ser cauteloso, porque estamos falando de valores de grande dimensão."
Na avaliação de Mendes, a negociação tende a ser lenta na expectativa de uma solução no próximo governo.Enquanto isso, conforme o representante da Anec, a exportação de milho deve ser prejudicada. "Se chegar a 20 milhões de toneladas exportadas, já está bom", ponderou. A projeção inicial da Anec era de embarques ao exterior de 32 milhões de toneladas, mas as previsões foram sendo revisadas após o tabelamento do frete e a quebra da safrinha no Brasil.
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