Um estudo realizado pelo Projeto Colmeia Viva entre os anos de 2014 e 2017 detectou oito moléculas com ação comprovadamente letal para a apicultura. A pesquisa analisou os 44 ingredientes ativos mais usados na agricultura do estado de São Paulo, os quais poderiam estar relacionados à mortalidade das abelhas.
O material foi coletado em 78 municípios paulistas, trabalhando com apicultores, agricultores e indústria de defensivos. Como resultado, os pesquisadores identificaram ações que protegem os apiários, entre elas a da conservação de margens de mínima segurança na aplicação de pesticidas, bem como a adoção de boas práticas agrícolas.
De acordo com os cientistas brasileiros, os efeitos benéficos do Projeto Colmeia Viva já começaram a surgir. Enquanto sumiram cinco mil colônias de abelhas no Rio Grandes do Sul, estados como Santa Catarina, Paraná e São Paulo registraram perdas menores nos apiários. As informações sobre essas moléculas letais e métodos de produção sustentável estão disponíveis no www.projetocolmeiaviva.org.br.
“Isso não quer dizer que as abelhas de São Paulo estão a salvo dos defensivos agrícolas. Longe disso. Estamos começando a testar quais são os efeitos sobre as abelhas melíferas do uso associado de inseticidas com fungicidas. E já descobrimos que um determinado tipo de fungicida, que quando aplicado de modo isolado no campo, é inofensivo às colmeias, ao ser associado a um determinado inseticida se torna nocivo”, comenta a bióloga Elaine Cristina Mathias da Silva Zacarin, professora na UFSCar, em reportagem da Revista A Lavoura.
NOVO ESTUDO
De acordo com estudo de biólogos brasileiros recentemente publicado na revista Scientific Reports (Grupo Nature), a ação de agroquímicos pode reduzir a vida das abelhas em até 50%. Conforme publicação da Agência Fapesp, os ingredientes ativos investigados foram o inseticida clotianidina e o fungicida piraclostrobina.
“Realizamos ensaios de toxicidade de agrotóxicos em larvas de abelhas e em concentrações ambientais relevantes, ou seja, concentrações realistas, como as encontradas residualmente no pólen das flores. O que nos interessa é descobrir a ação residual dos agrotóxicos, mesmo em concentrações baixíssimas, sobre esses insetos”, relata Elaine Cristina.
Além da coordenadora do estudo, também participaram os pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP). A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) apoiou a investigação , que recebeu financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Cooperativa dos Apicultores de Sorocaba e Região (Coapis).
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