Os exportadores norte-americanos de etanol devem enfrentar maior concorrência em um dos poucos mercados estrangeiros nos quais conseguiram vender grandes volumes nos últimos anos, as regiões Norte e Nordeste do Brasil, disse o chefe de uma associação do setor.
Ironicamente, essa competição viria na forma de etanol à base de milho comum nos Estados Unidos, e não de álcool de cana que é dominante no Brasil.
O biocombustível feito a partir do cereal está decolando no Estado de Mato Grosso, maior produtor nacional do grão, onde a produção deve crescer mais de 50 por cento em 2019 em relação ao ano anterior.
Mas um grande obstáculo para isso acontecer é a logística. Os produtores de milho e etanol de Mato Grosso estão aguardando a conclusão de uma importante estrada ligando a região Centro-Oeste a um porto fluvial em Miritituba, no Pará, de onde as barcaças levariam o etanol para distribuidores de combustível ao Norte do Brasil.
“Produzimos o etanol de milho mais barato do mundo em Mato Grosso. Quando tivermos essa estrada pronta, tenho certeza que conseguiremos competir com fornecedores dos EUA”, disse Ricardo Tomczyk, presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem) na quinta-feira.
O Brasil é o principal destino do etanol dos EUA. As exportações para o país em 2018 alcançaram 499 milhões de galões, de um total de 1,37 bilhão de galões.
Esse combustível é entregue principalmente nos portos do Nordeste para abastecer Estados como Pernambuco e Ceará. Algumas embarcações também entregam o combustível para o Maranhão.
Tomczyk disse que esses mercados têm grande potencial para expansão. Algumas estações de serviço no norte do Brasil nem têm bombas de etanol ao lado das de gasolina, diferentemente do que é visto no resto do país.
A produção de etanol de milho no Brasil deverá crescer para 1,4 bilhão de litros em 2019, de 840 milhões em 2018. A maior parte desse aumento virá de três novos projetos em Mato Grosso, incluindo uma grande planta em Sinop com capacidade para produzir 530 milhões de litros por ano quando estiver totalmente operacional.
Mato Grosso é o maior produtor de soja do Brasil. A maioria dos agricultores planta milho como uma cultura de rotação logo após a soja ser colhida.
A chamada “safrinha”, ou segunda safra, é atualmente a maior safra de milho do Brasil, com cerca de 66,6 milhões de toneladas de produção esperada para a safra 2018/19.
O milho fornece matéria-prima de baixo custo para a nascente indústria do etanol, segundo Tomczyk.
As perspectivas são de uma boa segunda safra de milho em 2019, já que a soja foi plantada e colhida mais cedo do que o normal, permitindo uma janela de plantio favorável para o milho.
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