Duas ferramentas lançadas nesta quarta-feira (28/03) pelos ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) poderão ajudar o Brasil a cumprir, e comprovar que está cumprindo, metas relativas à redução das emissões de gases de efeito estufa. Isso será feito por meio de duas plataformas: uma agrega dados a partir do monitoramento sobre a redução dos gases e a outra apresenta soluções tecnológicas personalizadas para ajudar o produtor a cumprir o que está previsto em legislações como a do Código Florestal.
O monitoramento será feito pela Plataforma Multi-Institucional de Monitoramento das Reduções de Emissões de Gases de Efeito Estufa na Agropecuária, chamada de Plataforma ABC. “Por meio dela, faremos medições da quantidade de carbono no solo antes e depois da aplicação de tecnologias. Isso nos mostrará a quantidade de carbono que não foi lançado na atmosfera”, disse o presidente da Embrapa, Maurício Lopes.
Segundo Lopes, entre os serviços oferecidos pela plataforma estão o de selecionar metodologia, monitorar e fazer o acompanhamentos, armazenar dados e fazer gestão dessas informações. “O que queremos com essa plataforma é reduzir as emissões, trazer mais resiliência para os sistemas produtivos e, claro, garantir renda para os nossos produtores”, afirmou.
“É preciso monitorar a implementação da política pública e gerar dados que comprovem que essa política está apresentando resultados concretos. Temos metas, métricas definidas e objetivos. Vamos agora acompanhar [esses processos]. O mais importante é habilitarmos o Brasil a preparar relatórios oficiais e bem embasados, de que a política publica está apresentando resultados concretos”, acrescentou.
Durante o lançamento das plataformas, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, lembrou que o governo assumiu diversos compromissos em fóruns internacionais. “Ao sermos questionados lá fora [sobre estarmos, ou não, cumprindo esses compromissos], não tínhamos como comprovar nem como dizer [de forma respaldada] o que estávamos fazendo. Agora vamos monitorar e, ao sermos questionados, vamos mostrar e certificar com dados o que está acontecendo”, disse o ministro.
“Essa plataforma nos dará argumentação para mostrar que somos eficientes também no que se refere a sustentabilidade”, acrescentou o presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), João Martins Silva
WEBAMBIENTE
A segunda plataforma lançada hoje é a WebAmbiente, que disponibilizará, via internet, um conjunto de soluções tecnológicas e serviços para que os produtores rurais planejem a recomposição de áreas degradadas de seus imóveis. De acordo com a secretária de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Juliana Ferreira Simões, essa plataforma tem como desafio ajudar o produtor a lidar com o novo Código Florestal por meio da oferta de boas práticas, de estratégias de recomposição mais adequadas, e de uma lista de espécies nativas para cada área.
Juliana explicou que o WebAmbiente é um simulador que vai ofertar informações para que o usuário tenha sucesso no sentido de recuperar sua área. Para tanto, o interessado precisa fazer um "cadastro simples" e uma simulação a partir das características e localidades de sua área, apresentando detalhes sobre sua área, contando inclusive com a ajuda de imagens de satélite. Por meio dessas imagens, o usuário pode apontar com precisão a área que pretende recompor.
“O sistema mostrará ao produtor qual é o bioma em que a propriedade está inserida, de forma a sugerir as espécies que podem ser usadas. Ele terá também formações climáticas que o ajudarão a definir a época adequada para o plantio, além de ter à disposição tecnologias para a área de uso restrito e alternativo do solo”, explicou a secretária. Ela destacou que o WebAmbiente ajuda também o ajuda na identificação do tipo de solo e suas necessidades, como a de uso ou não uso de fertilizantes. “Ao final, o produtor receberá uma lista de espécies nativas para fazerem a recuperação da área.”
Além de reunir informações sobre o uso de espécies nativas nos diferentes biomas brasileiros, a plataforma apresenta funcionalidades, como cadastro de áreas, diagnóstico interativo, potencial econômico de espécies nativas, e técnicas e modelos disponíveis de viveiros e mudas, bem como de cursos, análise de custos e biblioteca digital.
Maggi enfatizou que as duas plataformas ajudarão o país a evitar que o descumprimento de metas ambientais seja usado como argumento de outros países para boicotar produtos brasileiros. “Muitos países estão tentando fazer a proteção de seus mercados. Eles sabem que concorrer com o Brasil [nesse setor] não é fácil”, disse o ministro. “Portanto, precisamos agora mostrar aos nossos produtores onde está isso na internet.”
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