O ano de 2019 vem batendo recordes atrás de recordes para a exportação de milho brasileiro. Até o momento, o país já registrou, entre volumes embarcados e navios nomeados para embarques, 36,7 milhões de toneladas, contra 18,3 milhões no ano passado e as projeções apontam para números finais ainda maiores.
Para o analista de mercado da Agrinvest, Eduardo Vanin, o potencial das exportações para a atual temporada está entre 38 e 40 milhões de toneladas até o final de janeiro 2020. Já o analista da Germinar Corretora, Roberto Carlos Rafael, é ainda mais otimista e aposta em um número mais próximo das 42 milhões de toneladas. Em ambos os casos, os números finais registrariam recorde absoluto para as exportações brasileiras do grão.
Para Rafael, esse boom nas exportações veio calcado em três fatores principais: a alta do dólar com o cambio valorizado, a percepção de que a safra americana poderia quebrar, o que originou altas na Bolsa de Chicago, e os investimentos recentes das trades nos portos brasileiros que necessitam de um volume alto de movimentações para diluir este custo.
Já Vanin, acrescenta ainda que “a entrada do milho mais cedo em 2019, a perda de competitividade do milho americano e a margem oscilante da originação da soja no Brasil durante a atual temporada contribuíram fortemente com o ganho de ritmo do programa de exportação nacional do grão”.
Os dois analistas concordam que esse aumento na quantidade de grãos exportados irá, inevitavelmente, refletir na queda dos estoques brasileiros de milho, mas divergem no tamanho das reservas e no impacto que essa redução terá para o mercado interno.
A visão do analista da Germinar Corretora é mais conservadora, com aposta em estoques de 13 milhões de toneladas na virada de janeiro para fevereiro, o que seria suficiente para 70 dias de consumo. Mesmo enxergando o mercado apertado para a oferta, a opinião de Rafael é de que “não faltará produto de forma alguma”.
Já para o analista de mercado da Agrinvest a perspectiva é mais alarmante, com estoques na casa das 7 milhões de toneladas no início de fevereiro, chegando em 3,2 milhões na virada de fevereiro para março.
“Os grupos maiores vão sofrer um pouco menos, uma vez que tem mais capital e já foram se abastecendo para passar por este período no primeiro semestre do próximo ano. Já as empresas com caixa mais curto vão sofrer mais, pois compram quantidades menores ao longo do mês”, aponta Vanin.
A perspectiva dos dois é para uma leve melhora neste cenário no início do ano que vem, com a chegada de algum volume proveniente da safra verão, mas a situação só deve se normalizar a partir das colheitas da segunda safra, mais próximas da metade de 2020.
“Janeiro pode ter um pico de oferta com o milho verão entrando e trazendo algum alívio, mas o mercado segue apertado e sustentado até a entrada da safrinha, que pode ser postergada pela possibilidade de atraso na segunda safra em estados como Mato Grosso do Sul e Goiás”, aponta Vanin.
“A melhora virá a partir de abril com o foco maior na colheita do milho”, complementa Rafael.
Diante deste cenário, os preços do milho no mercado interno devem seguir valorizados durante a reta final de 2019 e o primeiro trimestre do próximo ano. “Provavelmente teremos algumas vendas para abrir espaço para o armazenamento da soja e janeiro pode ter um pequeno aumento da oferta com uma leve diminuição nos preços, mas as cotações devem seguir nos níveis atuais, talvez um pouquinho mais altos, até abril”, analisa Roberto Carlos Rafael.
Na visão de Eduardo Vanin, as cotações que hoje giram em torno dos R$ 47,00 para a praça de Campinas/SP devem subir ainda mais e ficar nos R$ 50,00 nas próximas semanas e início de 2020.
Já as exportações devem perder um pouco a força para o próximo ciclo agrícola, recebendo influencias da concorrência do milho argentino e ucraniano, provavelmente mais baratos do que o brasileiro. “O número exportado deve ser um pouco menor porque o grande excedente de estoque de passagem já foi comercializado neste ano. Acredito em patamares entre 34 e 35 milhões de toneladas”, diz Rafael.
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