Quem fiscaliza as clínicas de reprodução assistida no Brasil é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas a agência não possui números oficiais de óvulos congelados no país com o objetivo de prolongar a "janela de oportunidade" das mulheres para a maternidade.
A Anvisa tabula e monitora apenas a quantidade de embriões - segundo o Sistema Nacional de Produção de Embriões, o SisEmbrio, em 2017, 75.557 embriões foram congelados no Brasil, um aumento de 13% em relação ao ano de 2016, quando 66.597 embriões foram congelados.
Idade certa
Os especialistas em reprodução assistida recomendam que a mulher que pretende adiar a gravidez congele seus óvulos até os 35 anos, enquanto eles são mais novos e possuem mais qualidade.
Apesar disso, a idade média das mulheres que têm procurado o serviço gira em torno de 37 anos. "O ideal mesmo seria congelar esses óvulos antes dos 30 anos, mas nessa idade ninguém está pensando nisso ainda", afirma a médica Thaís Sanches Domingues Cury, da Clínica Huntington.
O principal problema de procurar a técnica mais tarde, explica Thaís, é ter de submeter a paciente a mais de um ciclo de coleta e o risco de os óvulos não terem mais a qualidade necessária. Os médicos sugerem congelar pelo menos 15 óvulos.
'Congelamento social'
Os especialistas chamam a tendência de "congelamento social de óvulos", que distinguem, por exemplo, do congelamento em casos de doença - quando a mulher está em tratamento de câncer, por exemplo, e decide congelar seus óvulos para preservar a fertilidade.
Uma pesquisa realizada pela Universidade de Yale e divulgada no começo do mês passado durante o congresso da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia, em Barcelona, confirmou que a falta de um parceiro ou um relacionamento estável são os principais motivos para as mulheres buscarem ajuda em uma clínica de reprodução.
Os pesquisadores ouviram 150 mulheres e o resultado mostra que 85% delas estavam solteiras quando tomaram a decisão e 15% tinham um relacionamento com um parceiro que não se considerava disposto a ter filhos.
"Há dez anos, a técnica de congelamento era outra e os resultados não eram tão satisfatórios, havia muitas perdas no processo de descongelamento. Com a vitrificação (técnica atual), a gente consegue ótimos resultados e por prazo indeterminado. Isso acabou se popularizando, e a mulher já chega ao consultório sabendo o que quer", afirmou o médico José Geraldo Alves Caldeira, do Centro de Reprodução Humana do Hospital Santa Joana.
Efeitos colaterais e riscos
Segundo Caldeira, os efeitos colaterais do período em que a mulher recebe hormônio para superestimular a ovulação são irritação, ansiedade e em alguns casos um pouco de inchaço.
Ainda segundo ele, os hormônios que a mulher vai receber nesse período são o FSH e LH - que já circulam normalmente no organismo. Esses hormônios são diferentes dos hormônios usados em pílulas anticoncepcionais (estrógeno e progesterona), que têm como objetivo justamente impedir a ovulação.
"O que acontece é que ela vai receber uma dose maior de FSH e LH e, em vez de ovular um único óvulo, vai ovular vários", explica o médico, ressaltando que, nessa fase do tratamento, não há riscos de trombose ou embolia, por exemplo.
No caso de mulheres com histórico de câncer de mama na família, Caldeira explicou que a estimulação ovariana é feita com outro hormônio, o letrozol.
De acordo com Caldeira, quando a mulher for preparar o endométrio para receber o embrião, aí sim o risco de trombose aumenta - caso a paciente tenha pré-disposição ou antecedentes.
Para evitar o problema, todas as mulheres passam por exames que avaliam esse risco e, se ele existir, recebem junto um medicamento anticoagulante diariamente.
Investimento
O Sistema Único de Saúde não paga pelo processo de congelamento de óvulos para adiar a maternidade.
Hoje há apenas seis hospitais públicos no Brasil que trabalham com reprodução assistida - todos com filas imensas e já para fazer o tratamento em si.
Assim, a mulher que deseja ser mãe mais velha precisa investir cerca de R$ 18 mil no procedimento. Os preços variam de clínica para clínica, mas apenas os custos com medicação somam cerca de R$ 6 mil.
A parte clínica e de laboratório giram em torno de R$ 12 mil. Além disso, a mulher terá de pagar cerca de R$ 1 mil por ano para manter os óvulos criopreservados.
Anualmente, as clínicas são fiscalizadas pela Anvisa, que vai observar se as unidades cumprem os requisitos de qualidade para manter material biológico congelado e vai monitorar a qualidade dos procedimentos.
Quem fiscaliza as clínicas de reprodução assistida no Brasil é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas a agência não possui números oficiais de óvulos congelados no país com o objetivo de prolongar a "janela de oportunidade" das mulheres para a maternidade.
A Anvisa tabula e monitora apenas a quantidade de embriões - segundo o Sistema Nacional de Produção de Embriões, o SisEmbrio, em 2017, 75.557 embriões foram congelados no Brasil, um aumento de 13% em relação ao ano de 2016, quando 66.597 embriões foram congelados.
Idade certa
Os especialistas em reprodução assistida recomendam que a mulher que pretende adiar a gravidez congele seus óvulos até os 35 anos, enquanto eles são mais novos e possuem mais qualidade.
Apesar disso, a idade média das mulheres que têm procurado o serviço gira em torno de 37 anos. "O ideal mesmo seria congelar esses óvulos antes dos 30 anos, mas nessa idade ninguém está pensando nisso ainda", afirma a médica Thaís Sanches Domingues Cury, da Clínica Huntington.
O principal problema de procurar a técnica mais tarde, explica Thaís, é ter de submeter a paciente a mais de um ciclo de coleta e o risco de os óvulos não terem mais a qualidade necessária. Os médicos sugerem congelar pelo menos 15 óvulos.
'Congelamento social'
Os especialistas chamam a tendência de "congelamento social de óvulos", que distinguem, por exemplo, do congelamento em casos de doença - quando a mulher está em tratamento de câncer, por exemplo, e decide congelar seus óvulos para preservar a fertilidade.
Uma pesquisa realizada pela Universidade de Yale e divulgada no começo do mês passado durante o congresso da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia, em Barcelona, confirmou que a falta de um parceiro ou um relacionamento estável são os principais motivos para as mulheres buscarem ajuda em uma clínica de reprodução.
Os pesquisadores ouviram 150 mulheres e o resultado mostra que 85% delas estavam solteiras quando tomaram a decisão e 15% tinham um relacionamento com um parceiro que não se considerava disposto a ter filhos.
"Há dez anos, a técnica de congelamento era outra e os resultados não eram tão satisfatórios, havia muitas perdas no processo de descongelamento. Com a vitrificação (técnica atual), a gente consegue ótimos resultados e por prazo indeterminado. Isso acabou se popularizando, e a mulher já chega ao consultório sabendo o que quer", afirmou o médico José Geraldo Alves Caldeira, do Centro de Reprodução Humana do Hospital Santa Joana.
Efeitos colaterais e riscos
Segundo Caldeira, os efeitos colaterais do período em que a mulher recebe hormônio para superestimular a ovulação são irritação, ansiedade e em alguns casos um pouco de inchaço.
Ainda segundo ele, os hormônios que a mulher vai receber nesse período são o FSH e LH - que já circulam normalmente no organismo. Esses hormônios são diferentes dos hormônios usados em pílulas anticoncepcionais (estrógeno e progesterona), que têm como objetivo justamente impedir a ovulação.
"O que acontece é que ela vai receber uma dose maior de FSH e LH e, em vez de ovular um único óvulo, vai ovular vários", explica o médico, ressaltando que, nessa fase do tratamento, não há riscos de trombose ou embolia, por exemplo.
No caso de mulheres com histórico de câncer de mama na família, Caldeira explicou que a estimulação ovariana é feita com outro hormônio, o letrozol.
De acordo com Caldeira, quando a mulher for preparar o endométrio para receber o embrião, aí sim o risco de trombose aumenta - caso a paciente tenha pré-disposição ou antecedentes.
Para evitar o problema, todas as mulheres passam por exames que avaliam esse risco e, se ele existir, recebem junto um medicamento anticoagulante diariamente.
Investimento
O Sistema Único de Saúde não paga pelo processo de congelamento de óvulos para adiar a maternidade.
Hoje há apenas seis hospitais públicos no Brasil que trabalham com reprodução assistida - todos com filas imensas e já para fazer o tratamento em si.
Assim, a mulher que deseja ser mãe mais velha precisa investir cerca de R$ 18 mil no procedimento. Os preços variam de clínica para clínica, mas apenas os custos com medicação somam cerca de R$ 6 mil.
A parte clínica e de laboratório giram em torno de R$ 12 mil. Além disso, a mulher terá de pagar cerca de R$ 1 mil por ano para manter os óvulos criopreservados.
Anualmente, as clínicas são fiscalizadas pela Anvisa, que vai observar se as unidades cumprem os requisitos de qualidade para manter material biológico congelado e vai monitorar a qualidade dos procedimentos.
Fonte: G1 Bem Estar
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