Ainda sem aprovação para venda no Brasil, os dispositivos eletrônicos, como cigarros eletrônicos e dispositivos de aquecimento de tabaco são os protagonistas do debate entre pesquisadores e médicos que consideram a vaporização da nicotina uma forma mais "segura" de consumir tabaco em comparação ao cigarro convencional.
Sem fumaça, os "e-cigarretes" têm sido associados a políticas de redução de danos, que são estratégias desenvolvidas por muitos países para minimizar os danos do tabagismo e, ao mesmo tempo, criam uma opção para a indústria do tabaco se manter ativa no mercado.
De acordo com José Queiroz, diretor executivo da Agência Piaget para o Desenvolvimento (Apdes), entidade portuguesa que trabalha com pessoas em situação de vulnerabilidade, o principal debate na Europa é o uso do tabaco e o acesso à nicotina, que pode apresentar menor toxidade aos fumantes.
Para ele, as ambigüidades que envolvem os fumantes estão ligadas diretamente aos interesses políticos, de poder, empresariais e comportamentais e, por isso, uma das soluções é a discriminalização do tabaco por meio de um "diálogo estruturado e com participação da população" sem "eliminar o sujeito do centro da discussão".
Outro país que conseguiu diminuir os índices de tabagismo foi os Estados Unidos, atualmente com 15% de fumantes e onde a queda se deve, especialmente, às alternativas de conscientização da população e ao uso de vaporizadores de nicotina, que funcionam como agentes de substituição do cigarro tradicional.
Com modelos diferentes, Portugal e Estados Unidos são exemplos de países que estão à frente da liberação dos cigarros eletrônicos e até de novos medicamentos que entreguem nicotina para as pessoas que precisam parar de fumar.
Inspirado nessas experiências, pesquisadores brasileiros têm tentado fomentar o debate da redução de danos a partir de alternativas que não proíbam ou gerem abstinência, mas que passem por uma regulamentação mais rigorosa e por soluções criativas.Fechar anúncio
Segundo a profissional, faltam estudos latino-americanos para gerar evidências científicas em relação ao tabagismo e aos novos produtos lançados no mercado para que, então, seja possível se aproximar da indústria do tabaco e "regulamentar o que eles fazem e o que chamam de regulação de danos".
Na carona dos debates mundiais, a indústria do tabaco tem apresentado estratégias de anti-marketing para criar produtos que não proíbam o cigarro, mas o substituam por vaporizadores ou cigarros eletrônicos.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, o tabagismo atinge 17% da população, um índice considerado alto pelo médico cardiologista Pedro Farsky.
De acordo com o médico, é "necessário pesquisas independentes comprovando riscos, além de legislação para proteger as pessoas" do tabagismo.
O cigarro eletrônico e o tabaco aquecido são vistos como redutores de danos em muitos países, especialmente no Reino Unido, mas ainda é tratado com muito cuidado no Brasil, onde sua comercialização está longe de ser aprovada.
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