Os enjoos durante o início da gestação, entre a quinta e a nona semana de gravidez podem ser comuns, afetando cerca de 90% das gestantes. Porém, 1% das grávidas têm esses sintomas agravados, precisando de um tratamento mais efetivo, caracterizando o quadro chamado de hiperêmese gravídica.
De acordo com o ginecologista Olímpio Barbosa, da Febrasgo (Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia), as náuseas e vômitos da hiperêmese podem durar até as 12 semanas gestacionais e, raramente, até o quinto mês de gestação.
Barbosa afirma que o quadro faz com que a gestante, muitas vezes, não consiga comer ou beber sem vomitar. Segundo o ginecologista, na maioria dos casos, os vômitos ocorrem na parte da manhã, apresentando melhora ao longo do dia.
O ginecologista afirma que não há causa definida para o aparecimento da hiperêmese, mas a teoria mais aceita entre os médicos é de que, com a gravidez, há o crescimento de uma película, a placenta, que não faria parte do organismo da mãe e, assim, o corpo apresentaria uma espécie de reação alérgica ao novo tecido até se adaptar a ele.
Outra teoria aceita, segundo o médico é a de que, no início da gravidez, os níveis do hormônio hCG da mulher estejam muito altos, provocando os sintomas e, com o passar da gestação, os níveis hormonais diminuam, melhorando o quadro.
Mulheres jovens que estejam na primeira gestação, obesas e mulheres que tenham problemas emocionais, como transtornos de ansiedade e depressão, mulheres com facilidade para sentir enjoos e que tenham refluxo são as mais propensas a desenvolverem a condição.
Em casos graves, que são mais raros, devido a dificuldade em manter líquidos e alimentos no estômago, a mulher pode desidratar e perder muito peso, necessitando de internação hospitalar, hidratação endovenosa e até mesmo nutrição enteral — alimentação por meio de tubo ou sonda flexível.
Outros casos graves, que possam desidratar, causar anemia, grande perda de peso ou desnutrir a gestante, colocando em risco a sua vida, podem necessitar que a gravidez seja interrompida, cessando o problema.
Barbosa afirma que o tratamento da condição é sintomático, utilizando remédios para vômitos e náuseas, junto a um anti-histamínico — medicamento utilizado para reduzir reações alérgicas. A alteração na dieta da gestante pode ser necessária, dando preferência a mais refeições com quantidades menores, e evitando a ingestão de líquidos durante a refeição, evitando, dessa maneira, encher muito o estômago.
Outra abordagem aceita pelos médicos quando as medicações não surtem o efeito desejado é a de sedar a gestante, evitando que ela vomite, já que, neste quadro, ela não acordaria para vomitar ou diminuiria o número de vezes em que a gestante vomita.
Segundo Barbosa, as náuseas provocadas pelo quadro se diferem daquelas causadas pela ingestão de alimentos estragados que, por exemplo, fariam a pessoa acordar para colocá-lo para fora e, na hiperêmese, os vômitos ocorreriam apenas enquanto a gestante estivesse acordada.
O ginecologista afirma que não há uma regra de repetição, podendo ocorrer em uma gestação e não ocorrendo na outra. Condições como a endometriose, ou o sexo do bebê não seriam determinantes para o aparecimento do problema.
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