Esquecer mais do que deveria, como um acontecimento que ocorreu cinco minutos atrás, se perder em um caminho comum, perder compromissos pelo esquecimento, perder objetos de valor, como documentos e dinheiro, e começar a se atrapalhar na cognição são alguns dos sintomas que merecem atenção, pois podem significar demência, de acordo com o neurologista Custódio Michailowsky, do Centro de Dor e Neurocirurgia do Hospital 9 de Julho, em São Paulo.
"A demência é um transtorno que afeta as habilidades mentais, como a memória, a linguagem e as atividades motoras. Com sua progressão, atividades simples, como se vestir, se tornam em impossíveis", explica.
De acordo com o neurologista, é comum que, aos 65 anos, as pessoas comecem a apresentar um declínio na memória, mas quando esse esquecimento passa a comprometer sua vida, é a hora de procurar um médico.
As demências podem ser causadas por cerca de 140 tipos de doenças. São classificadas como primárias, como o Alzheimer, e secundárias, que podem ser provocadas por traumatismo craniano com longo tempo em coma, carência de vitamina B, hipotireodismo, transtornos na hipófise, diabetes descompensada e sequelas de meningite, segundo Michailowsky.
As demências primárias podem ter sua progressão retardada, mas não podem ser curadas, enquanto as demências secundárias podem ser revertidas a partir do controle do problema desencadeante.
"Geralmente, as pessoas que sofrem com demências não percebem a falta da memória e são levadas ao médico, enquanto aqueles pacientes que reclamam desses problemas, na verdade, podem estar com uma depressão ou problemas de ansiedade", explica o neurologista.
Ele diz que a demência e os transtornos mentais são facilmente confundidos e, para entender qual é o problema, são realizados testes neuropsicológicos.
Já o esquecimento remoto entre pessoas abaixo dos 60 anos não seriam tão preocupantes. Casos em que a pessoa esquece uma palavra ou conta uma história mais de uma vez podem ocorrer por ansiedade e estresse. Quando ela se acalma, logo lembra a informação que esqueceu.
"Isso é comum hoje porque as pessoas ficam esgotadas psicologicamente e, com a facilidade das informações que podem ser acessadas o tempo todo, o cérebro se cansa", afirma o médico.
Ele ainda lembra que "a máxima" de que o cérebro guarda apenas aquilo que lhe convém é verdade. Assim, guarda as informações que considera úteis e se esquece de outras.
Essas faltas de memória repentinas não precisam estressar aqueles que têm histórico de Alzheimer na família, pois estudos mostram que apesar de essas pessoas terem mais chance de desenvolver o problema, podem nunca desenvolvê-lo, segundo o neurologista.
Para evitar a demência, o médico orienta que sejam praticados exercícios de habilidade de memória, como quebra-cabeças e jogos de memorização, e que trabalhem a cognição.
Já para quem já tem um diagnóstico de demência, para evitar a progressão, Michailowsky afirma que a realização de atividades físicas de baixo impacto, como a caminhada, aulas de música, educação artística e aprendizado de outras línguas, aliadas ao uso de medicamentos, podem ajudar.
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