Como o próprio nome já diz, a doença é definida quando a Pressão Arterial (PA) permanece acima das metas recomendadas, ou seja, com índices maiores que 140 milímetros de mercúrio (mmHg) em sua pressão sistólica (contração do coração) e 90 mmHg na diastólica (relaxamento entre um batimento cardíaco e outro) - o popular 14 por 9. E isso mesmo com os cuidados necessários com a alimentação e estilo de vida, além do uso diário de três medicamentos diferentes prescritos em suas doses máximas.
A hipertensão de modo geral, incluindo sua forma resistente, tem inúmeras causas. A mais importante delas é a dificuldade do indivíduo eliminar o sal. Os principais sintomas da doença são dor de cabeça (especialmente na nuca), falta de ar e palpitações. O grande problema é que muitas vezes eles não aparecem. Assim, caso a pessoa não vá ao médico ou não tenha o costume de fazer exames de rotina, a hipertensão pode permanecer sem o diagnóstico por anos.
No entanto, apesar de silenciosa, a pressão alta é perigosa, pois exige um grande esforço do coração para que o sangue seja distribuído pelo corpo. O sangue bombeado pelo órgão exerce uma força contra as paredes internas dos vasos, e estes oferecem certa resistência a essa passagem, determinando a pressão.
Em outras palavras podemos dizer que é uma sobrecarga para o sistema circulatório, para os rins (que precisam filtrar o sangue) e para o cérebro. Se nada for feito, em longo prazo, o risco de sofrer um infarto, acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca, doença renal crônica e até morte súbita aumenta consideravelmente.
Quem pode ter pressão alta resistente?
Quem tem altos índices de pressão sem controle durante muito tempo
Pessoas com problemas no coração e rins
Histórico familiar da doença
Estresse
Pessoas com diabetes
Obesidade
Fumantes
Pessoas que não praticam atividades físicas regularmente
Pessoas que exageram na ingestão de alimentos ultraprocessados
Pessoas que consomem muito sal e álcool.
Além disso, entre as características predominantes nos pacientes com HAR estão a idade mais avançada e a Hipertrofia Ventricular Esquerda (HVE) - uma resposta adaptativa à hipertensão arterial, que se caracteriza pelo aumento da musculatura do ventrículo esquerdo do coração.
Entre as consequências da HVE, podemos citar o desenvolvimento de insuficiência cardíaca, taquiarritmias ventriculares, acidente vascular encefálico isquêmico ou embólico e fibrilação atrial. No Brasil, a prevalência de HVE em indivíduos com Hipertensão Arterial Resistente é de aproximadamente 83%.
Diferença da hipertensão arterial resistente e pseudorresistência
Mas que fique claro: a HAR deve ser diferenciada de uma pseudorresistência, ou seja, aquela que ocorre quando um indivíduo não adere ao tratamento e medidas adequadas para o controle da pressão, quando é aplicada uma técnica inadequada de aferição da pressão arterial, prescrição de doses insuficientes ou até pelo efeito do avental branco - quando um paciente tem pressão arterial controlada no dia a dia mas, no consultório, ela fica elevada. Uma espécie de nervosismo que algumas pessoas sentem toda vez que vão medir a pressão em um ambiente médico.
Em casos assim, as variações podem ultrapassar 20 mmHg de diferença para a pressão sistólica e 10 mmHg para a diastólica. Por causa da síndrome um paciente com índices normais de pressão pode ser incorretamente diagnosticado como hipertenso. Para se ter ideia, estima-se que o efeito do avental branco está presente em cerca de 30% dos pacientes com HAR.
Outro fator que também gera confusão quando falamos de hipertensão resistente é a apneia do sono. Os danos vasculares causados pelas interrupções na respiração durante a noite interferem consideravelmente na passagem de sangue pelos vasos e pode manter os índices de pressão elevados.
A importância do diagnóstico correto
Por isso, para garantir que não haja distorções, é indicado a realização de um exame minucioso, avaliando todos os pontos mencionados, além de aferições durante 24 horas. A partir daí, se os resultados confirmarem a hipertensão resistente, é preciso verificar se o problema tem ainda causas secundárias, como uma obstrução na artéria renal, para ser indicado o tratamento adequado.
No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, aproximadamente 35% da população tem hipertensão, mas metade nem sabe disso. Das pessoas que têm conhecimento, 50% fazem uso de medicação, e dessas, apenas 45% têm a pressão devidamente controlada.
Check-up sempre!
A hipertensão é uma doença assintomática em grande parte dos casos, por isso é importante realizar exames periódicos, especialmente se há casos na família de pressão alta. E se for diagnosticado com o problema, é preciso fazer o controle adequado com orientação profissional. O mais importante no caso da hipertensão, seja a resistente ou não, é a prevenção e os cuidados diários.
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