Quarta-feira, 24 de abril de 2024

150 dos 230 PMs afastados por motim no Ceará são soldados

24/02/2020 às 12h39 Redação

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8 policiais foram suspensos, mesmo sem participação comprovada / Foto: G1

Um total de 150 soldados estão na lista dos 230 policiais militares afastados por participação na paralisação da categoria no Ceará. A lista de agentes também inclui 33 cabos, 31 sargentos e 14 subtenentes.

Dois agentes punidos não tiveram as patentes divulgadas. A maioria está fora da folha de pagamento a partir deste mês de fevereiro.

Desse total, 8 policiais que foram suspensos, mesmo sem participação comprovada, por convocarem as manifestações em redes sociais.

Conforme a Controladoria-Geral de Disciplina, órgão que investiga e pune militares em caso de infrações e crimes no exercício da função, nos vídeos, os policiais pediam que colegas de deixassem de exercer a função em apoio à reivindicação de aumento salarial.

Todos os investigados deverão entregar identificações funcionais, distintivos, armas, algemas e outros elementos que os caracterizem nas suas unidades da PM.

Punição de soldados

O sociólogo Luiz Fábio Paiva, pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará (UFC), comentou que, historicamente, a Polícia Militar pune os soldados com maior frequência por ser a patente mais baixa na hierarquia da corporação.

"A situação que está ocorrendo agora ela recai sobre os soldados porque, de fato, você tem uma estrutura amplamente desigual, né, onde você tem um oficialato que recebe um salário muito mais alto do que o praça que faz um trabalho fundamental na estrutura da polícia e esse praça, independentemente do trabalho que ele realize, ele muitas vezes não vai chegar aos cargos mais altos de comando", disse o pesquisador.

"Governo vai buscar bodes expiatórios, caçar ali o número de soldados, os mais fracos dentro da corporação, para dizer que está agindo a um problema que não é apenas desse grupo, mas um problema estrutural das polícias militares e da relação entre as polícias militares e a política", acrescentou o sociólogo.

A Polícia Militar classificou ainda outros 77 policiais como "desertores" por faltarem a uma convocação para atuar na segurança de festas de carnaval no Ceará. Esses policiais deveriam ter se apresentado em um quartel na sexta-feira (21) para embarcar para cidades do interior do estado. No domingo, 37 militares desertores identificados foram presos.

Os policiais amotinados serão julgados na Justiça Militar e, se condenados, podem ser punidos com pena de seis meses a dois anos de reclusão. No caso dos policiais que convocaram as manifestações por meio de vídeos nas redes sociais, eles vão responder por incitação ao crime.

Aumento da violência

O motim dos PMs teve início na tarde de terça-feira, mas ganhou corpo a partir de quarta. Homens encapuzados que se identificam como agentes de segurança do Ceará têm invadido quarteis, impedindo o seu funcionamento, e esvaziado pneus de veículos oficiais.

Mais de 120 homicídios ocorreram desde o início do movimento. O Ceará registrou nesta semana os dois dias mais violentos do estado em relação ao número de mortes desde 2012. Nesta sexta-feira (21) foram 37 homicídios no estado; e no sábado (22), outros 34.

Os números só não maiores que o total de homicídios em 1º de janeiro de 2012, data de outra paralisação da PM, quando ocorreram 41 assassinatos no estado.

Por conta da crise, o estado recebeu reforço de tropas da Força Nacional e do Exército Brasileiro. Atualmente, a segurança no estado é realizada por 2,5 mil soldados do Exército, 150 agentes da Força Nacional, 212 policiais rodoviários federais, policiais civis PMs de batalhões que não aderiram à paralisação.

Motim policial

Desde terça-feira, parte dos policiais militares do Ceará realiza um ato de paralisação das atividades no Ceará. Na madrugada de quarta-feira (19), homens encapuzados invadiram batalhões da PM, retiraram veículos oficiais e esvaziaram os pneus, na tentativa de impedir o trabalho dos demais policiais.

Os agentes reivindicam aumento salarial acima do proposta pelo pelo governador do Ceará, Camilo Santana. A proposta do governo é subir dos atuais R$ 3,2 mil para R$ 4,5 mil em aumentos progressivos, até 2022.

Fonte: G1

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