A atriz Berta Loran morreu aos 99 anos na noite do último domingo (28). Destaque em programas de humor, a artista nasceu em Varsóvia, na Polônia, e veio ao Brasil ainda criança junto com sua família que fugia do nazismo na Europa. Seu nome de batismo era Basza Ajs. Entre os trabalhos de destaque na TV, tem "Zorra total", "Escolinha do professor Raimundo", "Viva o Gordo" e mais. Ela estava internada no hospital Copa D'Or, em Copacabana, Zona Sul do Rio, e não deixa filhos.

"O Hospital Copa D'Or informa, com pesar, o falecimento da Sra. Berta Loran na noite de domingo (28) e se solidariza com a família, amigos e fãs por essa irreparável perda. O hospital também informa que não tem autorização da família para divulgar mais detalhes", informou a unidade de saúde ao jornal O Globo.

Berta era filha de um alfaiate e ator, e subiu no palco pela primeira vez aos 14 anos. Quando tinha 19, ela se casou com o ator Handfuss e foi morar em Buenos Aires por dois anos. A estreia na TV foi no "Espetáculos Tonelux", da extinta TV Tupi, no início da década de 1950. Depois, fez muito sucesso no teatro de revista. Ela também já morou em Portugal.

"Comecei fazendo quadros de opereta. Depois, observei que quem fazia sucesso mesmo eram ou uma vedete que mostrava o corpinho de biquíni, ou então a cômica. Eu resolvi escrever números cômicos. Escrevi um que se chamava 'Ai, meus nervos', cantei esse número para o empresário, ele gostou e disse: 'Você vai fazer números cômicos'. E foi assim que eu me tornei uma atriz cômica", disse ela ao site Memória Globo.

A atriz chegou na TV Globo em 1966, integrando o elenco do programa de humor "Bairro feliz" e fazendo vários personagens. Berta fez parte ainda de muitos outros humorísticos da emissora. Ao Memória Globo, ela refletiu sobre seu destaque na área: "Deus é muito bom para mim, nunca me faltou trabalho, eu acho isso divino".

Na "Escolinha do professor Raimundo", fez a personagem portuguesa Manuela D’Além-Mar. Ela recordava: "Eu nunca tinha trabalhado com Chico Anysio. Quando me chamou para fazer a 'Escolinha', ele disse: 'Como você esteve muitos anos em Portugal, você vai fazer Manuela D’Além-Mar'". Na segunda versão do programa, em 2001, ela interpretou outra lusitana, Sara Rebeca, que esclarecia para a turma as perguntas do professor.

Humorísticos feitos por Berta Loran:

• "Bairro feliz" (1966)
• "Riso sinal aberto" (1966)
• "Balança, mas não cai" (1968)
• "Faça humor, não faça guerra" (1970)
• "Uau, a companhia" (1972)
• "Satiricom" (1973)
• "Planeta dos homens" (1976)
• "Viva o Gordo" (1981)
• "A festa é nossa" (1983)
• "Humor livre" (1984)
• "Escolinha do professor Raimundo" (1990)
• "Estados Anysios de Chico City" (1991)
• "Chico total" (1996)
• "Zorra total" (1999)
• "A grande família" (2012)
• "Vai que cola" (2016)
• "Tá no ar: a TV na TV" (2018)

Outros trabalhos

Além dos programas de humor, filmes e de peças de teatro pelo mundo, Berta participou de algumas novelas na Globo. A estreia em folhetins foi em "Amor com amor se paga" (1984), como a empregada Frosina, que termina se casando com o seu patrão, Nono Corrêa, personagem de Ary Fontoura. Ela ainda fez uma participação na novela "Cambalacho" (1986).

A atriz também integrou os elencos de " Cama de gato" (2009), "Ti-ti-ti" (2010) e fez uma participação em "A dona do pedaço" (2019). Berta fez ainda a minissérie "Chiquinha Gonzaga" (1999). Quando completou 90 anos, ela foi homenageada com o livro biográfico "Berta Loran: 90 anos de humor". Em março de 2026 ela faria 100 anos.