O governo do Paraguai anunciou que vai declarar o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) como organizações terroristas. A decisão ocorre em meio ao aumento das tensões após a megaoperação policial realizada no Rio de Janeiro, que resultou em mais de 120 mortes e dezenas de prisões. O país vizinho também colocou toda a fronteira com o Brasil em alerta máximo para impedir a entrada de criminosos foragidos.
O ministro do Comando de Defesa Nacional, Cíbar Benítez, afirmou que o decreto será publicado nas próximas horas e que o Paraguai tem “razões suficientes” para adotar a medida. Segundo o governo, o país ampliará a presença policial e militar em pontos estratégicos, principalmente na região leste, onde o tráfico transnacional costuma atuar. Delegacias e unidades das Forças Armadas receberam ordens para reforçar o patrulhamento e as ações de inteligência.
A iniciativa segue a mesma linha da Argentina, que classificou o PCC e o CV como “narcoterroristas” e determinou o aumento da vigilância em suas fronteiras. Autoridades argentinas confirmaram a presença de integrantes das facções em prisões locais e reforçaram a cooperação com Brasil e Paraguai.
A coordenação entre os três países será feita por meio do Comando Tripartite da Tríplice Fronteira, responsável pelo intercâmbio de informações e operações conjuntas. O Conselho de Defesa Nacional do Paraguai destacou que o objetivo das medidas é conter a migração de criminosos após os confrontos no Rio e garantir a segurança da população fronteiriça.
A Operação Contenção, realizada pelas polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro, teve como alvo o Comando Vermelho nos complexos da Penha e do Alemão. A ação mobilizou 2,5 mil agentes, resultando em 113 prisões e na apreensão de mais de 100 armas e uma tonelada de drogas. Apesar de o governo estadual considerar a operação um êxito, moradores e organizações de direitos humanos classificaram o episódio como uma das mais letais da história recente, com denúncias de execuções e desaparecimentos.
Com a escalada da violência e a repercussão internacional, países vizinhos se movimentam para impedir que a crise ultrapasse suas fronteiras. O reforço de segurança na região da Tríplice Fronteira é visto como o primeiro passo de uma nova fase de cooperação contra o crime organizado no Cone Sul.