O IBGE divulgou ontem indicadores revelando que 13,5 milhões de brasileiros, ou 6,5% da população, viviam no ano passado em condições classificadas pelos organismos internacionais como “pobreza extrema” (renda inferior a US$ 1,9 diário).
Embora estável em relação ao ano passado, trata-se do maior patamar desde 2014, quando a pobreza extrema atingiu o mínimo histórico de 4,5% da população. Desde então, mais de 3,5 milhões empobreceram a ponto de entrar na categoria.
O crescimento da pobreza extrema é resultado da pior recessão das últimas décadas. Também revela que políticas de combate bem sucedidas esbarram no limite. Na criação, o Bolsa Família de R$ 70 por mês era compatível com a linha internacional da pobreza extrema, então em US$ 1,25 diário. Hoje, com R$ 89, é inferior ao parâmetro de US$ 1,9, ou R$ 145 mensais.
Pelos cálculos do economista Marcelo Néri, um crescimento de 2,5% no PIB nos próximos dez anos seria suficiente apenas para reduzir à pobreza ao patamar de 2014. Teríamos, ao final de 2030, perdido os últimos 15 anos no combate à pobreza extrema.
Além da pobreza extrema, a pobreza em si também preocupa. Embora a população pobre – definida pelo patamar equivalente a US$ 5,5 de rendimento diário – tenha caído 0,8 ponto percentual em 2018, de 26,5% para 25,3%, ainda soma 52,5 milhões de brasileiros e espelha com fidelidade as deficiências da nossa sociedade:
1. É maior em estados do Norte e Nordeste, como Maranhão, Alagoas, Piauí ou Acre (47% dos pobres brasileiros estão no Nordeste);
2. É maior entre os negros (73% dos pobres são classificados como “pretos” ou “pardos”);
3. É maior entre as crianças (42,3% delas são pobres, ante apenas 7,5% dos idosos).
Os números do IBGE também mostram que, apesar de a desigualdade brasileira ser uma das maiores do mundo, a pobreza é um problema maior. Não que a desigualdade não seja gravíssima. Mas a discussão por aqui não pode ser colocada nos mesmos termos que nos países ricos.
A pobreza extrema parecia um daqueles problemas que tínhamos deixado para trás. Com o Bolsa Família, o tempo se encarregaria de resolvê-lo meio que por inércia. Bastou uma crise econômica de grandes proporções para mostrar que a realidade era outra.
Na crise, nossa rede de proteção social funcionou muito melhor para proteger os idosos do que os jovens. Enquanto as aposentadorias e pensões chegam ao Brasil todo, quase 28% dos brasileiros não têm acesso à educação (ante 20% sem acesso à internet). Entre os 15 e 17 anos, 12% dos brasileiros não frequentam escola.
O atraso escolar também é maior entre os mais pobres. Apenas 54,6% dos pobres brasileiros entre 15 e 17 anos frequentam a escola na etapa adequada, ante 90% dos mais ricos. Na camada inferior da sociedade, o abandono atinge um patamar equivalente a oito vezes o da superior.
A relevância da educação para o combate à pobreza é um daqueles raros consensos que unem economistas de todas as tendências ideológicas. A população mais educada tem mais valor no mercado de trabalho, gera mais riqueza e mais crescimento para a economia.
O país parecia ter entrado nesse círculo virtuoso nas últimas décadas, com a quase universalização do ensino fundamental. Infelizmente, a crise também fez que estagnássemos também no acesso à educação, sobretudo no nível intermediário – essencial para a transição da pobreza para a classe média. Não há, da parte do atual governo, o menor sinal de atenção a tal desafio.
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