Domingo, 19 de maio de 2024

UENF 27 ANOS: conheça histórias de pessoas envolvidas em uma grande universidade

16/08/2020 às 01h10 16/08/2020 às 01h11

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Recordações emocionantes, fatos curiosos e depoimentos importantes serão retratados nessa matéria mais que especial.  / Foto: Reprodução

Neste domingo, dia 16 de agosto de 2020, é comemorado 27 anos da primeira aula inaugural da Universidade Estadual do Norte Fluminense. Em homenagem ao vigésimo sétimo aniversário da imponente Universidade, o site Ururau conversou com profissionais que fazem da UENF o seu verdadeiro lar. Recordações emocionantes, fatos curiosos e depoimentos importantes serão retratados nessa matéria mais que especial. 

O ex-deputado estadual Fernando Leite, o Excelentíssimo Senhor Reitor da Universidade Estadual do Norte Fluminense, Raul Palacio, a Licenciada em Química, Mestra em Ciências Naturais e atualmente cursando Doutorado em Ciência Naturais , Sthefanny Almeida, o Professor Associado I do Laboratório de Ciências Químicas -  LCQUI, Coordenador do Programa de Pós - Graduação em Ciências Naturais – PPGCN,  Coordenador do Núcleo de Acessibilidade Pedagógica - NAP-UENF, Sergio Luis Cardoso, e por fim, o Engenheiro Chefe das Obras da UENF, Carlos Augusto Siqueira, contam linhas históricas e momentos vividos na Universidade. 

O SONHO SAI DO PAPEL

A implantação de uma universidade pública já era um sonho antigo da população de Campos e região, quando uma mobilização da sociedade organizada conseguiu incluir na Constituição Estadual de 1989 uma emenda popular prevendo a criação da UENF. O movimento envolveu entidades, associações e lideranças políticas. Seriam necessárias pelo menos 3 mil assinaturas, mas os organizadores conseguiram 4.141, sem contar milhares de outras não qualificadas. 

Com a eleição de Leonel Brizola para o governo do Estado do Rio de Janeiro e sua posse em 1991, o projeto da UENF ganhou novos rumos. Cumprindo compromisso de campanha assumido em Campos (RJ), Leonel Brizola pôs em execução a implantação da UENF, delegando ao professor Darcy Ribeiro a tarefa de conceber o modelo e coordenar a implantação. Darcy fora o criador e o primeiro reitor da Universidade de Brasília (UnB) e autor de projetos de instauração ou reforma de universidades na Costa Rica, Argélia, Uruguai, Venezuela e Peru.

Ao receber a missão de fundar a UENF, Darcy se impôs o desafio de fazer da nova universidade o seu melhor projeto. Concebeu um modelo inovador, onde os departamentos – que, na UnB, já tinham representado um avanço ao substituir as cátedras – dariam lugar a laboratórios temáticos e multidisciplinares como célula da vida acadêmica. Cercou-se de pensadores e pesquisadores renomados para elaborar o projeto da UENF e apresentou-a como a ‘Universidade do Terceiro Milênio’. Previu a presença da UENF em Macaé (RJ), onde viriam a ser implantados os Laboratórios de Engenharia e Exploração do Petróleo (Lenep) e de Meteorologia (Lamet).

O processo de implantação da UENF começou efetivamente em 23 de dezembro de 1991, quando o decreto n.º 17.206 instituiu, junto à Secretaria Extraordinária de Programas Especiais, a Comissão Acadêmica de Implantação. 

Em 10/12/1992, foi aprovada a Lei número 2.043/92, de autoria do deputado Fernando Leite Fernandes, criando a Fundação Estadual Norte Fluminense, com a missão de manter e desenvolver a Universidade Estadual do Norte Fluminense e implantar e incrementar o Parque de Alta Tecnologia do Norte Fluminense.

“O meu mandato de Deputado Estadual, no início da década de 90, foi um mandato causal, a causa do meu mandato era a UENF. A UENF era filha da constituinte de 1988, e ficou estabelecido que se em dois anos ela não fosse efetivamente implantada em Campos, ela deixaria de existir, havia essa armadilha na constituição que a criou. Eu tive que me dedicar pra fazer uma lei, criando a FENORTE (Fundação Estadual do Norte Fluminense), que era a entidade mantenedora da UENF, e que possibilitou agilidade na contratação de pessoal, de importação de equipamentos, na própria obra física em si, pra que ela existisse e chegasse ao ponto que chegou hoje. Digo com muito orgulho que eu tenho, querendo ou não, participação na gestação da UENF em nossa região”

O Excelentíssimo Senhor Reitor da UENF, Raul Palacio, destacou a importância no cenário da educação nacional, frisando o comprometimento da Universidade, mesmo enfrentando um momento de crise econômica. O Reitor ainda fala que a UENF é referência em vários âmbitos da educação local. 

“27 anos da Universidade, significam 27 anos a serviço da sociedade campista, do Rio e do Brasil como um todo. São 27 anos dedicados ao atendimento dos problemas, e a solução desses problemas. A UENF formou com muito orgulho, profissionais, universitários em diferentes famílias de Campos. É uma Universidade que trabalha com equidade todos os estudantes, onde são atendidos cada um e são direcionados ao serviço público gratuito de qualidade, e socialmente reverenciado. A UENF na parte da graduação, na formação de vários cursos de graduação, todos com alta nota, segundo o Ministério da Educação. Na parte de pesquisa, inúmeras são realizadas na instituição, e esse é o diferencial da UENF na formação. A grande maioria dessas pesquisas são direcionadas ao atendimento dos problemas sociais. A extensão é também outro ponto importante da Universidade, talvez onde a UENF interaja diretamente com a nossa sociedade. São mais de 140 projetos de extensão, onde desenvolvemos desde um projeto que tenha haver com o conhecimento, como “Conhecendo a UENF”, onde podemos expor tudo o que a UENF tem e tudo o que a UENF pode fazer pelos jovens e pela sociedade como um todo, até um projeto de atendimento as crianças da Portelinha, que tem a prefeitura como parceira, que funciona na prática de esportes, e o conhecimento teórico desses meninos na Universidade. São 27 anos de muita luta, são 27 anos de resistência, pois não tem sido fácil, em um país que não se valoriza o ensino universitário, num país onde a educação não ocupa o lugar preponderante que deveria ocupar, em um país, como podemos observar agora, onde não se aplica todo conhecimento científico para poder resolver os problemas.”

Ele ainda complementou afirmando a capacidade técnica da UENF em lidar com esse momento delicado por conta da pandemia “Em época de pandemia, a UENF se reinventa através da realização de todas as suas atividades. Nesse momento estamos trabalhando para poder oferecer aos nossos estudantes uma quantidade de conteúdo e conhecimento através da ferramenta da internet. A UENF entra no desafio para poder minimizar os problemas que temos em razão da Covid-19", afirmou.

Na UENF desde 2011, a Licenciada em Química, Mestra em Ciências Naturais e atualmente cursando Doutorado em Ciência Naturais, Sthefanny Almeida, falou sobre a sua brilhante trajetória na Universidade Estadual do Norte Fluminense

“Entrei na UENF em 2011 para Licenciatura em Química. Inicialmente eu não acreditava que possuía um perfil para ser professora apesar de sempre gostar, de ensinar meus amigos quando estavam com dificuldade em alguma matéria. A medida que cursava meu curso, fui me apaixonando pela área e tive a oportunidade de ser bolsista do Programa de Iniciação à Docência (PIBID) e foi quando eu comecei a auxiliar professoras de química da rede estadual e efetuar monitoria de química. Foi quando eu me descobri professora, a vocação de ensinar, de ajudar um aluno a entender diversos conceitos de química que presenciamos todos os dias no nosso cotidiano, e na maioria das vezes passam desapercebidos. Conclui minha graduação e dei início ao meu mestrado, onde tive oportunidade de ir a diversos congressos sendo um internacional. Também tive a oportunidade de dar aulas como professora voluntária para os alunos da Universidade. Conclui meu mestrado e comecei meu doutorado, continuei sendo professora voluntária, tive a oportunidade de ir a um Congresso nos Estados Unidos, onde conversei com vários profissionais da minha área de pesquisa. Faço parte do Núcleo de Estudos associado ao Programa de pós graduação em Ciências Naturais (Sinergia), cujo o objetivo é fomentar o conhecimento científico, promovendo cursos, simpósios e atividades científicas afins abrangendo as áreas das Ciências Naturais. Eu só tenho a agradecer a UENF, a Faperj e a Capes por todo suporte fornecido. A UENF muda todos os dias a vida dos alunos que lá estudam, eu sou muito privilegiada por estudar em uma Universidade de excelência.”

Sergio Luis Cardoso, é Professor Associado I do Laboratório de Ciências Químicas -  LCQUI, Coordenador do Programa de Pós - Graduação em Ciências Naturais – PPGCN,  Coordenador do Núcleo de Acessibilidade Pedagógica - NAP-UENF. Presente desde o início da UENF, Sergio pode nos contar aspectos importantes da vida de um professor universitário. Ele ainda relata passagens da UENF no passado, ressaltando alguns aspectos de uma outra época. 

“Ao retornar dos Estados Unidos, após passar 2 anos na Universidade do Arizona, realizando experimentos relacionados a minha tese de doutorado, em 1995 defendi minha tese. Nesta época o país passava por uma grande crise econômica, e a carreira acadêmica era pouco valorizada, e as Universidades se arrastavam para se manterem funcionando.  No final de 1996, quando estava me preparando para deixar o país em busca de opções mais adequadas de trabalho e valorização profissional, recebi o convite para conhecer a UENF. Uma Universidade em construção, com um modelo inovador e tendo Darcy Ribeiro e Leonel Brizola a frente, era algo que qualquer profissional em início de carreira sonharia em fazer parte.

Em fevereiro de 1997 iniciei minhas atividades como professor visitante do Laboratório de Ciências Química do Centro de Ciência e Tecnologia da UENF. Na UENF aprendi muito e me desenvolvi como pessoa e como profissional.  Convivi com pessoas brilhantes e com outras menos experientes e pouco sábias que acabaram por perder ou confundir as ideias e os ideais de uma Universidade inovadora, como havia sido proposta por seu idealizador. 

Hoje, embora plenamente satisfeito com minha escolha profissional, sinto falta da antiga UENF que me parecia mais guerreira e idealista do que a instituição que vemos hoje. Sinto falta dos importantes momentos políticos e acadêmicos da Universidade, sinto falta das propostas ousadas e das mudanças necessárias! Hoje vejo uma UENF com medo de mudar, com dúvidas sobre que caminhos seguir e pessoas com ideias e ideais divergentes que viram inimigos ao invés de promoverem o debate e construção.  A falta de apoio político e de recursos financeiros, a necessidade constante de lutar para sobreviver como instituição também são fatores que contribuem para a UENF fique congelada no tempo e nas ideias. Espero que uma nova geração surja e consiga trazer a UENF do terceiro milênio de volta!

Não tenho qualquer dúvida de que a UENF contribuiu fortemente não só para em aspectos econômicos e sociais da região como também alavancou a Educação Superior em Campos e região.  No início, muitos estudantes da UENF vinham de todas as partes do Brasil. Hoje o corpo discente de graduação e pós graduação na UENF é majoritariamente oriundo da região Norte e Noroeste Fluminense. A UENF também tem contribuído para a formação de profissionais de alta qualidade, que hoje atuam na educação superior e básica em toda a região. Não podemos também deixar de falar sobre a importância do sistema de cotas na UENF que hoje permite o acesso e a permanência na educação superior pública e de qualidade de uma grande parcela da população carente da região.

Costumo dizer que pareço uma antena. Fecho os olhos, fecho os ouvidos e mesmo assim muitos fatos curiosos da UENF insistem em chegar ao meu conhecimento!  Dizem que falo muito, mas poucos sabem que filtro mais de 50% do que falo. Esta pergunta talvez um dia seja respondida em um livro com vários fatos e histórias curiosas da UENF!  Por enquanto poderia pensar em um título: “A UENF que sempre existiu e você nunca viu!”

 

Carlos Augusto Siqueira foi o Engenheiro Chefe das Obras da UENF. Em seu depoimento, ele relata o fato de ter participado da obra da UENF. Ele ressalta que as obras “são como filhos”. Carlos Augusto ainda fomenta a imporância de pessoas como Oscar Niemayer, Darcy Ribeiro, Brizola e outras tantas personalidades brasileiras.

“Nós os profissionais de Engenharia temos as nossas obras como filhos. E a UENF é para mim uma filha pródiga que me enche de orgulho. Poder ter convivido com o professor Darcy Ribeiro, Dr. Oscar Niemayer, Dr. José Carlos Sussekind o próprio governador Brizola; e outras personalidades que fizeram parte da história recente do nosso país, e foi uma experiência única que muito me qualificou como profissional e ser humano. Como campista, poder ter dado a minha contribuição profissional para edificar esse marco divisório do pensamento intelectual da nossa cidade foi sensacional. Até hoje quando vou a Universidade e vejo a placa de inauguração da obra com o meu nome é gratificante. Espero que meus netos possam estudar numa universidade que seu avô ajudou a construir.

Fui o primeiro profissional que iniciou a limpeza e demolição das edificações existentes em toda a área do Campus. Também executei toda a terraplenagem da área e posteriormente a construção do P1, P2, P3 e P4 com seus anexos. Eu morava alí ao lado no n? 742 da Alberto Lamego, e havia uma dificuldade muito grande para entrega de materiais, pois não tinha número na obra eu estabeleci que seria Alberto Lamego 2000, devido a proximidade da mudança do milênio e está até hoje. Outro fato interessante é que não se chegava a definição da cota do piso da área térrea por conta de possíveis inundações. Eu disse na reunião com todos os envolvidos no projeto, que se a Av. Alberto Lamego foi o 1º dique a ser construído naquela região e eu nunca tinha visto as cheias do Rio Paraíba ultrapassar essa cota, bastava que colocássemos o nível do piso 20 cm mais alto que o eixo da avenida e teríamos com certeza uma cota de segurança. Estas e outras são muitas histórias que vivi nessa obra.”

Fonte: Ururau

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