Existe uma febre que não aparece no termômetro do clínico, mas se manifesta no da alma: a insensibilidade do poder. Ela se espalha silenciosa pelos corredores da política e nas salas acarpetadas do empresariado, um vírus elegante que não tosse, mas congela.
Amigos de longa data, aqueles que já dividiram mesa de bar, histórias mal contadas e até a falta de dinheiro no fim do mês, de repente passam a olhar uns aos outros com a precisão de um contador. O que vale não é mais a risada solta, mas a cifra acumulada. O abraço se transforma em um aperto de mãos medido: avalia-se o saldo, não o afeto.
Tem gente que é tão rica, tão rica, que só tem dinheiro.
Na política, a insensibilidade vai além de um vício: é um requisito. O candidato que um dia beijava crianças com entusiasmo de tio de batizado, depois de eleito, passa a ver naquelas mesmas crianças apenas “estatísticas eleitorais futuras”. Já não são pessoas, são ativos. O eleitor, no íntimo, continua acreditando no sorriso, mas não percebe que, por trás da testa franzida, o político mede não o drama humano, mas o custo-benefício da compaixão.
Nos meios empresariais, o fenômeno é semelhante, mas com menos palanque e mais PowerPoint. Amigos que um dia comemoraram conquistas modestas tornam-se frios como relatórios trimestrais. O sucesso de alguém passa a ser motivo de aproximação ou afastamento, conforme o saldo da conta bancária. Conversas viram auditorias: “quanto rende?”, “qual é o risco?”, “vale a pena investir nesse relacionamento?”
O mais curioso é que ninguém admite. A insensibilidade se veste de pragmatismo e se perfuma de racionalidade. Não é crueldade explícita; é um distanciamento elegante, um gelo social com taça de champanhe na mão.
No fundo, poder e dinheiro criam apenas uma ilusão de grandeza. São termômetros invisíveis, medindo os outros não pela temperatura do coração, mas pelo valor de mercado. E é aí que mora a tragédia: quem se acostuma a medir pessoas por cifras perde a noção de calor humano. Cercado de contatos, mas sem amigos; cheio de aplausos, mas sem abraços verdadeiros.
O poder, afinal, é um ar-condicionado mal regulado: refresca quem está no topo e congela quem está ao redor.
Por Fabrício Freitas
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