“Em todas as empresas que trabalhei rebolei e levei esporro”. É assim que Renato Luiz Feliciano Lourenço começa a contar sua história no carnaval, pedindo desculpas porque é gago, o que pouca gente sabe. Conhecido internacionalmente como o Gari Sorriso, ele está completando 30 anos no ofício que o tornaria famoso, e do qual sente o maior orgulho e não pensa largar. Aos 60 anos, o funcionário público é referência quando se fala de Sapucaí. E de samba. E de vassoura. E do carioca.
Sorriso não planejou nada disso. Pelo contrário. A profissão entrou em sua vida como uma ameaça da mãe, doméstica e lavadeira. “Ela dizia que eu se eu não estudasse ia virar lixeiro”, recorda, às gargalhadas. A mãe de dez filhos, vendo que Renato não era lá de livros, o inscreveu no concurso. E não é que ele passou?
Logo de cara, o trabalho mais importante de Sorriso foi no Sambódromo. Pagodeiro, com a vassoura na mão, ali no setor 1, o mais importante da Avenida e termômetro para as escolas, o gari começou a sambar, no miudinho. Um colega acabou sendo o “mensageiro dos céus” para que a vida de Renato mudasse dali para frente:
“Ele chegou no meu ouvido e disse: ‘Samba que você está no olho do mundo’”. Comecei a evoluir com a vassoura na mão, em frente à arquibancada. Quando o povo viu, adorou. Só que um supervisor da equipe ligou para um chefe e disse que eu estava me exibindo na Sapucaí. Ele mandou me suspender. Quando vieram com a mão no meu ombro para me tirar da pista, o setor 1 veio abaixo, xingaram a mãe dele, coitada, jogaram copo, aí, não teve jeito. Mandaram me deixar lá”.
Sorriso revela que neste dia Hebe Camargo estava na Sapucaí e mandou chamá-lo: “Ela perguntou se eu queria ir ao programa. Tinha nem celular nessa época. Meu telefone era o da vizinha, seis ruas depois quase (risos). Fui gravar em São Paulo e sentei no sofá com Moacyr Franco e Gorete Milagres (os dois eram o maior sucesso com o humorístico ‘Ó, coitado’) e o Padre Marcelo Rossi (que inaugurava a era dos padres cantores)”, relembra .
Daí para a frente, o gari conhecido na Apoteose se tornou famoso no Brasil todo. Sem jamais se separar de sua vassoura, conheceu 13 países e virou colega de Pelé nas campanhas do país pela Copa do Mundo e as Olimpíadas, época em que “morou” em Paris por 45 dias. Também conheceu gente do quilate de Madonna, a quem encontrou no Brasil, após a diva vê-lo sambando e querer saber quem era o bailarino, e Maradona, em 2006, com quem trocou de camisa:
“Ele estava no camarote da Brahma e eu lá embaixo, até que me viu e chamou. Lá de cima, jogou a camisa dele e pediu meu uniforme. Fiquei pelado na Sapucaí! Maradona vestiu e ficou a noite toda desfilando de gari. Depois usou também na Argentina”.
Histórias como estas fazem parte dos 30 anos memoráveis de Renato Sorriso, que hoje também dá palestras motivacionais (quando usa um uniforme de gari estilizado com paetês), faz publicidade, é formado em Turismo e poderia, sim, estar morando perto da praia. Mas...
“Três coisas que um homem não deve dizer que tem: dinheiro, revólver e inimigo. Claro que eu poderia estar em outro lugar, mas conquistei minhas coisas e amo morar em Vicente de Carvalho, no subúrbio, onde sou muito querido. Por que eu iria pagar tudo mais caro na Zona Sul?”, justifica ele, sem querer dizer se ficou rico ou não: “Riqueza é acordar todo dia”.
Neste carnaval, além da Sapucaí, mostrando seu carisma e samba na alma, Sorriso vai dar plantão na Intendente Magalhães, nos desfiles da Série Prata, e trata de uma inflamação nos tendões dos dois pés: “Não há de ser nada, não”, avisa. O resto do ano, ele dá expediente na Praça Xavier de Brito, na Tijuca. Pensar em parar?
“Sei que ninguém é insubstituível e há de surgir um novo Sorriso sambando. Por enquanto, eu tenho lenha pra queimar. Se eu me aposentar, eu sumo. O homem não pode parar de trabalhar, porque adoece. E mais do que isso. Tenho a missão de fazer com que uma profissão, que sempre foi considerada ‘nojenta’, seja respeitada. Eu sempre fui feio, dentuço, gago e magricelo. E olha aonde cheguei? É Deus quem aponta a vassoura que tem que brilhar”.
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