Uma festa de casamento milionária para milionários. Foi assim que Bruno Alexssander Souza Silva, o Buzeira, disse sim a Hillary Yamashiro, sua namorada desde os tempos da pobreza, na frente de centenas de amigos tão afortunados quanto ele agora. O evento, no último domingo, reuniu de tudo um pouco, de anônimos a MCs envergados de tanto ouro que levavam nos pescoços.

Pois todo esse ouro, por pouco, não acaba nos cofres da mansão de R$ 10 milhões do influenciador, em SP. Já na festa, os amigos de Buzeira decidiram resgatar uma tradição em cerimônias assim e fizeram a tal brincadeira da gravata, que consiste em cortar e "vender" um pedaço do acessório usado pelo noivo.

Como hoje em dia ninguém carrega dinheiro em espécie e não havia maquininha de cartão, sobraram as opções pix ou "pega". O pega, no caso, era o que estivesse à mão. E lá se foram muitos Rolex, colares de ouro de muitos quilates e joias, dos mais variados tamanhos e valores.

Com isso, Buzeira conseguiu arrecadar mais de R$ 10 milhões na tal ação entre amigos. Acontece que muitos convidados saíram da festa indignados, como outro influenciador ostentador, Hytalo Santos, que, por pouco, também não pede uma bolsa grifada. A maioria dos jovens presentes, como MC Daniel, recém-separado de Lorena, não conheciam a brincadeira. Buzeira ainda tirou sarro da situação:

"Festa de milionário, vocês acharam que ia ser uma gravata normal. Tiveram alguns que a gente nem precisou pedir, já deram Rolex, granada, colar de ouro, o John Vlogs deu logo um Rolex de diamante. Só Hytalo lá que saiu correndo e se trancou no banheiro, ficou com medo e sumiu da festa, não tá acostumado com a periferia, favelado quando ganha dinheiro é assim mesmo".

Buzeira e Hillary começaram a namorar em 2015, quando o jovem de Itaquera, na periferia de São Paulo, só tinha o sonho de melhorar de vida. Foram muitos rolês de ônibus até a garagem que possui hoje.

Buzeira descobriu no mundo digital uma forma de ganhar dinheiro que se pode chamar de fácil. Antes disso, porém, tentou ser jogador de futebol, mas não deu certo. Pensou em ser MC, mas não curtia cantar. Foi trabalhar na área de comércio exterior com um tio, que tinha uma empresa de logística no setor. Ganhava R$ 350 por mês e aprendeu tudo o que podia da área. Foi para uma empresa alemã e chegou a cursar a faculdade de Tecnologia em Comércio Exterior, mas desanimou porque não subia de cargo e não via perspectiva.

Ficou dez meses desempregado e voltou ao mercado. Com a pandemia, em 2020, foi demitido e deu uma virada na vida. Quando estava na tal empresa gringa, comprou o primeiro carro, um Palio 1998, e uma moto. Pegou o dinheiro da rescisão e investiu em seu perfil no Instagram, e começou a fazer sorteios. O primeiro item foi o próprio bem: sua moto. Vendia ali cada rifa por R$ 2 e em três meses já tinha R$ 40 mil. Mais de dez vezes o valor da moto.

Como tinha conhecidos no setor aduaneiro, quis fazer dos sorteios de carros e motos um negócio. E saiu comprando carro, se associou a outros influenciadores e passou a fazer o que ele chama de "ação": anuncia um determinado produto e metas a serem batidas por seus seguidores em termos de venda para que um sorteio de fato aconteça.

Com isso, em pouco menos de três anos, o paulista conheceu países da Europa, Estados Unidos, Dubai, virou amigo de famosos, só viaja de classe executiva, comprou mais uma casa de R$ 10 milhões e perdeu a conta dos carros importados que tem. Mas só de Lamborghini são três na garagem, com valor médio de R$ 4 milhões cada, e uma delas personalizada com a pintura do Coringa, personagem dos quadrinhos e seu ídolo.

A escalada meteórica acabou chamando atenção da Polícia Federal, que em 2023 e também este ano fez uma busca e apreensão em sua casa. Na época, ele ficou sem todos os carros que tinha para sortear e teve o perfil bloqueado pela Justiça. Ainda em 2023, acabou aparecendo para um público que não o seguia ao presentear Neymar com um colar de ouro, muitos brilhantes e mais pedras preciosas, no valor de R$ 2 milhões.

Buzeira ainda está sendo investigado por suspeita de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. O caso está tramitando na 1ª Vara de Crimes Tributários do Foro criminal da Barra Funda, em São Paulo. A prisão preventiva do rapaz havia sido pedida na época, mas a Justiça exigiu mais provas ao Ministério Público, além de querer que os suspeitos da operação deflagrada contra as apostas na internet não sejam investigados individualmente. Os bens apreendidos foram devolvidos, mas Buzeira ainda responde ao processo.

Ele ainda responde a processos por danos a flora, tráfico de drogas, dano moral, lavagem e ocultação de bens, formação de quadrilha e direito da vizinhança, entre outros.