Desde garotinha, Priscila de Brito Silva Martins, 35, sonhava em ser mãe por adoção. “Esse desejo nasceu comigo, independentemente de eu engravidar”, disse ela, em entrevista à CRESCER. O primeiro filho da artesã, João Miguel Martins de Brito, “nasceu" para a sua família com cinco meses. Em seguida, o pequeno ganhou mais dois irmãos — Ravi Martins de Brito e Maria Isabel, carinhosamente chamada de Mabel. Ao adotar seus três filhos, Priscila, que mora em Presidente Prudente (SP), também entrou no mundo da maternidade atípica, já que dois deles têm deficiência.

No entanto, a artesã não esperava que sua família aumentasse ainda mais. No ano passado, ela deu à luz pequena Maria Júlia, hoje com oito meses. “Foi uma surpresa, não esperava, chorei e tive muito medo. Pensei que a gravidez não iria para frente. Apesar do medo, senti uma paz muito grande no meu coração. Foi incrível saber que, dentro de mim, crescia uma vida”, relembrou.

Jornada na maternidade

Anos antes de ser mãe de quatro crianças, Priscila enfrentou um momento muito difícil. Em 2019, ela engravidou, mas, com cinco meses, teve uma complicação na gestação, devido a uma condição conhecida como insuficiência cervical, em que o colo do útero abre prematuramente. Na época, infelizmente, o bebê nasceu prematuro e não resistiu. “Foi um momento muito difícil, pois meu filho Isaac foi muito desejado. Hoje, o levou comigo em minha mente e coração”, lamentou.

Ainda vivendo o luto, Priscila recebeu uma notícia que mudou completamente sua vida. Uma familiar estava sem condições financeiras e psicológicas de cuidar de um bebê de cinco meses e o entregando para a adoção. Tocada com a situação, a artesã se ofereceu para dar um novo lar para o pequeno e, assim, João Miguel chegou à casa da família em 2019.

Como mãe de primeira viagem, Priscila enfrentou muitos desafios. O primeiro deles surgiu quando João Miguel completou seis meses e a família descobriu que o pequeno não enxergava. Aos dois anos, o garotinho também foi diagnosticado com autismo nível 3 de suporte. Desde então, a artesã iniciou a sua jornada em busca de terapias que pudessem ajudar no desenvolvimento do filho, que, hoje, está com 13 anos.

Em meio às idas e vindas ao hospital, Priscila conheceu a história de Mabel, na época com nove meses. A pequena estava no quarto ao lado de João Miguel. Vítima de maus-tratos, ela desenvolveu sequelas gravíssimas, devido às agressões. Enquanto estava internada, a bebê passou por cirurgia na cabeça, precisou realizar o procedimento de traqueostomia para ajudá-la a respirar e colocou uma sonda alimentar.

A menina permaneceu no hospital por nove meses, sozinha. “Conhecemos Mabel na UTI e nos apaixonamos”, contou Priscila. A mãe ainda revela que o processo de adoção foi bem rápido e, em 2021,a pequena foi formalmente adotada. Em suas redes sociais (@paisporadocao), a artesã compartilha como é o dia a dia com a filha, que é cadeirante.

Anos depois, Priscila descobriu que Mabel tinha um irmão biológico chamado Ravi, hoje com 2 anos. “Quando ficamos sabendo que ele estava para adoção, sentimos em nosso coração de adotá-lo e a juíza nos concedeu o pedido para os irmãos crescerem juntos”, disse a mãe. A família adotou o pequeno com nove meses e meio de vida em 2023.

A gravidez

Quando já era mãe de três crianças, Priscila foi surpreendida com a notícia de uma gestação. A princípio, ela admite que ficou assustada, principalmente por já ter perdido um bebê anteriormente. E, de fato, sua gravidez não foi fácil. Com 14 semanas, ela precisou passar por um procedimento de cerclagem uterina para evitar o nascimento prematuro do bebê.

Felizmente, a gravidez seguiu sem mais complicações e a pequena Maria Júlia veio ao mundo no dia 12 de junho de 2024, com 39 semanas. “O parto foi muito tranquilo. Tive acompanhamento de uma doula e fui muito respeitada por toda a equipe. Foi lindo!”.

Hoje, como mãe de quatro crianças, Priscila já está acostumada com o dia a dia agitado. “Ao contrário do que muitos pensam, para nós é muito tranquilo, pois é algo que faz parte da nossa rotina, então já estamos acostumados com os horários que nos adaptamos para os cuidados das crianças”, ela destacou. “Nossa família não é uma família tradicional, comum. Vivemos para as crianças, vamos de casa para as terapias. Tem dias que ficamos bem cansados, pois somos só nós dois, mas é muito gratificante ver nossos filhos evoluírem, isso vale todo esforço e cansaço. O amor dos nossos filhos transformou nossas vidas e o nosso amor também transformou a vida deles”, complementou.

Para quem tem o desejo de adotar, Priscila aconselha: “Se você tem vontade de adotar, adote com o coração cheio de alegria. Deus capacita os seus escolhidos e ele nunca desampara os seus filhos. Você vai ter desafios no começo, mas com o tempo tudo vai valer a pena”, declarou.