Segunda-feira, 30 de junho de 2025

Nany People compra carrão para celebrar 60 anos e brinca sobre dar dinheiro ao namorado

29/06/2025 às 18h54 Redação

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Atriz reflete ainda sobre o envelhecimento: 'Nasci fadada a não dar certo' / Foto: Moisés Pazianotto/Divulgação e Reprodução/Instagram

Prestes a estrear o espetáculo “Ser mulher não é para qualquer um”, com histórias baseadas na nova biografia de mesmo título, Nany People fez uma alteração recente no fim do espetáculo. A atriz faria um brinde com a plateia na hora da música “Semente do amanhã”, de Gonzaguinha. No discurso, uma fala sobre coragem de ser quem é, de ser feliz, para agarrar oportunidades que aparecem, não deixar de sonhar e continuar contando a própria história. Agora, decidiu deixar essas falas acompanhadas de “Saúde”, de Rita Lee. É que a chegada dos 60 anos, que serão comemorados na próxima terça-feira, dia 1º de julho, a fez mudar de comportamento. A mineira de Poços de Caldas se cansou de “lero-lero”, de “chove não molha” e, agora, vai cuidar mais de si.

— Quando fiz minha primeira biografia, aos 50 anos, eu estava muito reativa com as coisas. E nesses últimos dez anos tanta coisa aconteceu. Me aposentei, mas, em vez de jogar a toalha, parece que reaqueci a ventoinha. Fiz minha primeira novela na Globo (“O sétimo guardião”, de 2019), rodei com vários espetáculos no Brasil e no mundo. Não enfrentei a crise de idade que acomete tanta gente... E acho que estou mais contemplativa e investindo mais em mim — diz Nany, que lança o livro dia 7 de julho na Livraria da Travessa, do Leblon, e traz o espetáculo ao Rio no dia 30 de julho, no Teatro Riachuelo, no Centro.

Bem mais leve do que há dez anos, ela até resolveu se dar uns mimos de presente.

— Eu sempre ajudei muita gente, sobrinhos, afilhados, amigos, e continuo ajudando. Mas dei uma diminuída depois da pandemia. Minha casa (em São Paulo), às vezes, parecia um albergue de tanta gente que eu deixava se hospedar aqui sem pagar nada. Cuidava das pessoas e pegava os problemas delas para mim. Minha mãe já falava: “Está na hora de acumular coisas. Já ajudou muita gente”. Estou me dando um carro zero de aniversário. Sempre comprei seminovo. Mas não é só por status. É também meu meio de trabalho, porque eu pego estrada para fazer peça, carrego cenário, banner, os livros, tudo. Me mimei.

Contemplar a própria história e reconhecer as conquistas também tem sido um presente. E vem promovendo reflexões sobre o que é envelhecer, ainda mais sendo uma mulher trans. O etarismo, aliás, foi um dos temas da Parada do Orgulho LGBTIA+ de São Paulo na última semana.

— Eu nasci cancelada, fadada a não dar certo. Se fosse seguir a expectativa de vida de uma pessoa trans no Brasil, que é de 35 anos, não era nem para eu estar aqui falando com você. Reconheço o privilégio da minha criação, muitas não tiveram essa oportunidade. E eu me orgulho por ter me tornado esta mulher, que há quem veja como inspiração, transgressão, que está com o sarrafo lá em cima, cheia de projetos, firme no propósito do seu ofício e que conquistou a reputação pelo teatro. Eu me agarro nisso. A gente não pode parar.

A discussão sobre envelhecimento se fez presente, inclusive, no seio familiar de Nany.

— Minha mãe (Yvone) dizia que uma das preocupações dela é que eu não teria filhos, então a minha velhice seria triste. Isso foi dito 20 anos atrás. Quando ela ficou internada, com câncer, fiquei lá com ela 15 dias no hospital. Me lembro que minha mãe dividiu o quarto com uma mulher que teve 11 filhos. Nenhum deles foi lá visitar. O que minha mãe concluiu é que teve sorte com os dela. E teve mesmo.

Nany pode até não ter tido filhos, mas tem uma lista de sobrinhos, afilhados, amigos e ex-namorados nesta rede de apoio.

— Parente é o tal do acaso, mas amigo a gente escolhe. Não dá para ficar sozinho. O baile da vida é lindo, e o que surge no caminho são parceiros de dança. Se a música não está boa, muda o ritmo, muda o par, muda o lugar do baile, muda o gênero. Eu mudei. O que importa é não perder a contradança.

A artista encaixa a piada costumeira, e tantas outras, para fazer mais analogias.

— Tem uma frase do Nelson Rodrigues: “A vida é trânsito, dia útil, não é domingo”. É um opa atrás de outro eita. Não fico naquele romantismo de como é lindo a vida com altos e baixos. Para mim, é réveillon no mar de Praia Grande em dia de chuva. Tem a onda que te leva para o fundo. Quando você acha que vai emergir, vem um capote, mas aí você finge que mergulhou para sair bonita na selfie, né?

As brincadeiras podem parecer algo descolado, mas não são. É com essa desenvoltura, e até firmeza, que Nany aprendeu a superar obstáculos e as perdas que teve ao longo da vida.

— Depois que você passa dos 50 anos, o seu álbum de figurinhas começa a ficar desconfigurado, você vai tendo baixas... Uma coisa que aprendi é não carregar cruz. Eu não faço um problema ser maior do que ele é. Posso chorar a noite inteira, mas de manhã estou linda, com delineador e batom, passeando com os cachorros. Quando meu cachorro morreu, fui gravar o “Caldeirão” colocando água gelada na cara horas antes para desinchar, de tanto que chorei. O show tem que continuar.

A artista também se apega firme na fé católica. Nesta entrevista feita por chamada de vídeo, Nany mostrou o oratório com santos a perder de vista.

— Tem mais santo aqui do que na igreja. Eu sou uma pessoa que reza. Meu celular toca alarme todo dia às seis da tarde para eu rezar uma Ave Maria. Tenho o Salmo 23 tatuado no braço, o sagrado coração aqui no outro. Essa formação interiorana que eu tive está muito latente. E a fé me ajuda a passar por todas as situações. Eu conto isso e as pessoas se assustam. Já aviso também que sou canceriana, sou atriz, sou passiva. É uma montanha-russa de emoções.

Coração preenchido

“Quem tem uma carreira para administrar não pode ter um amor”, dizia a atriz norte-americana Bette Davis. Filosofia com que Nany, até certo ponto, parece concordar. Ela diz que abriu mão de muita coisa para seguir o casamento com o teatro. Não se arrepende, mas isso não significa que não tenha sofrido.

— Já interrompi até sexo para decorar texto, sabia? (risos) Eu atualizei a fala da Bette: quem administra carreira não pode ter um amor, tem que ter vários. Na primeira biografia, citei três grandes amores que tive. Com um deles, depois de nove anos de relacionamento, eu perguntei se a gente teria durado mais caso eu tivesse feito minha cirurgia (de redesignação sexual) na época. Ele logo respondeu: “O que você está falando? Ficou maluca? O que tive com você, eu não tive com nenhuma outra mulher na minha vida. O sexo era só um complemento”. Virou uma chavinha. Quando parei de me comparar, parei de sofrer.

No meio da entrevista, o celular da artista toca. É quem ela chama de Zé Carioca, o homem com quem mantém atualmente um relacionamento a distância (já que Nany mora em São Paulo). Já dura nove anos, mas a relação não tem um rótulo.

— O Brasil é muito machista. Se é um cara velho com uma novinha, dizem que ele se deu bem. Se é o novinho com a coroa, é ele quem está esfolando a velha. Eu até falo: “Você não sabe o que é esfolar alguém até passar uma noite lá em casa comigo” (risos). Quando eu conheci Zé Carioca, por exemplo, ele tinha 21 anos. E sabe por que deu certo? Porque nunca quis fazer esse padrão heteronormativo de ser “meu marido, meu boy” e nunca quis expor a relação. Porque ele não ia ter estrutura para aguentar a guerrilha que é a vida pública. Isso eu que escolhi.

Por isso, Nany procura preservar todo mundo que já passou pela vida dela. Há na lista até mesmo homens famosos. Atores, jogadores de futebol do Corinthians, do Palmeiras...

— Uma vez, num programa de TV, naquelas máquinas da verdade, eu tinha que falar o nome de um desses atletas com quem me envolvi para não perder R$ 20 mil. Não falei. Quando cheguei em casa, tinha presentes de vários deles. Em um cartão, um escreveu: “Você vai ser para sempre minha garota”. O outro disse que eu era a mulher mais incrível que ele havia conhecido. Vou expor para quê? Sirvo bem, para servir sempre. Eu faço questão de separar a Nany People desbocada da Dona Nany aqui do condomínio.

Ainda assim, sem revelar a identidade do carioca bonito e sensual, ela já é alvo de especulações. Ainda mais porque a artista nunca escondeu que ajuda financeiramente quem está com ela. Porém, a mineira que come quieta já avisa: "não sou a Odete Roitman" (personagem de Debora Bloch em “Vale tudo”) na vida real.

— Todo bem gera boleto. Sou da época que se o boy não tinha grana, você pagava a coxinha. Hoje em dia, o pessoal quer iPhone (risos). Mas não sou de sustentar ostentação. Não dou um carro. Eu dou a vara para você pescar. Dinheiro tem que servir para adubar. Para o Zé Carioca, paguei a carteira de motorista. Ajudou a ampliar a visão, buscar novas oportunidades. Já paguei curso técnico. Eu já disse que ajudo tanta gente, não vou ajudar o cara? Se for parar para pensar, ele está até no prejuízo (risos).

Fonte: Extra

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