Os sequestros de Patricia Abravanel e Silvio Santos, ocorridos em 2001, foram dois casos que tiveram ampla repercussão. O principal responsável pelos crimes foi Fernando Dutra Pinto. Ele ficou nacionalmente conhecido ao invadir a casa do apresentador e mantê-lo refém por cerca de sete horas. Esse crime foi o desdobramento de um anterior, quando Fernando e seu grupo sequestraram a filha de Silvio, que ficou em cativeiro por uma semana.

Patricia foi libertada com o pagamento de um resgate de R$ 500 mil. Dois dos sequestradores, Marcelo Batista Santos e Esdras Dutra Pinto, foram presos na época. Irmão de Esdras, Fernando conseguiu fugir com o dinheiro do resgate junto com uma namorada, conhecida como Jenifer. Ele foi encontrado posteriormente em um hotel, mas conseguiu escapar novamente, matando a tiros dois policiais.

No dia 30 de agosto de 2001, Fernando invadiu a mansão de Silvio e o fez refém por horas. Fernando exigiu um helicóptero para a fuga e não queria negociar com a polícia. Mais tarde, ele concordou em liberar Íris Abravanel, mulher do apresentador, as filhas e os funcionários da casa, ficando apenas com Silvio Santos em seu poder. Após negociações, ele se entregou quando o então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, garantiu sua integridade física.

Os 20 anos do sequestro de Patricia Abravanel e Silvio Santos foram lembrados no áudiodoc da Ubook "Silvio Santos - Sequestros, mortes e mistério", dos jornalistas Alexandre Freeland e Leandro Calixto. Mais do que repassar a história que parou o Brasil em agosto de 2001, os jornalistas mostram em três episódios o desfecho do caso com a morte de Fernando Dutra Pinto, mentor do crime. Ele morreu de infecção generalizada após uma bactéria se alojar em seus pulmões, decorrente de uma sessão de espancamento promovida por agentes penitenciários em dezembro de 2001.

Após sua prisão, Fernando foi mantido isolado em uma cela individual para preservar sua segurança. Temia-se que tanto policiais quanto detentos quisessem vingança pelo sequestro de uma figura popular como Silvio Santos. Ele recebia alimentos de fora e não tinha contato com outros presos. No entanto, em dezembro de 2001, Fernando foi transferido para o convívio com a população carcerária do CDP Belém 2, o que desencadeou os eventos que culminariam em sua morte.

Segundo o doc, tudo começou quando dois carcereiros descobriram que alguns detentos planejavam cavar um túnel para fuga. Durante a repreensão, Fernando teria questionado a forma agressiva com que foi tratado, o que irritou os agentes penitenciários. A partir desse momento, ele foi brutalmente espancado, recebendo socos, chutes e golpes com barras de ferro. Um desses golpes teria causado uma ferida em suas costas, por onde a infecção entrou e se alastrou, levando à sua morte semanas depois.

Em primeira instância, os envolvidos, incluindo os carcereiros e o médico que atendeu Fernando, foram absolvidos das acusações de tortura em 2011. No entanto, em 2014, após uma apelação do Ministério Público, todos foram condenados em segunda instância e perderam seus cargos. Um dos carcereiros, Mateus Messias da Silva, chegou a ser preso, mas já cumpre pena em regime aberto.

Os pais de Fernando lutaram por anos por uma indenização, alegando negligência do Estado, que não teria garantido tratamento adequado ao seu filho. Eles conseguiram uma vitória parcial por danos morais, mas ainda aguardam o pagamento da indenização. Quem deve receber o montante é o pai e os irmãos de Fernando, já que a mãe dele faleceu.

Retratado em filme

Visto em novelas como “Haja coração” (2016), da Globo, Johnnas Oliva está no elenco do filme “Silvio”, sobre a trajetória de Silvio Santos (vivido por Rodrigo Faro). Na produção, que estreia no dia 12 de setembro, o ator interpreta Fernando Dutra Pinto, um dos sequestradores de Patrícia Abravanel e do próprio dono do SBT, em dois casos que ganharam as manchetes em 2001. Curiosamente, Johnnas viveu o mesmo personagem real na série “O Rei da TV” (da plataforma Star+), que também abordou a vida do apresentador.