O mercado de criptomoedas vive um dos momentos mais tensos desde 2022. O Bitcoin recuou para 82.540 dólares na manhã desta sexta feira 21 e renovou o menor preço em mais de sete meses. A queda acompanha a forte aversão ao risco global e ampliou as perdas de um setor que já encolheu cerca de 1,5 trilhão de dólares desde o pico registrado em outubro.
Nas últimas 24 horas, o Bitcoin caiu 9,9 por cento e acumulou recuo de 23,8 por cento em 30 dias. O movimento é influenciado por novas liquidações no mercado futuro, que somaram mais 2 bilhões de dólares. O episódio soma-se ao forte ajuste visto em outubro, quando 19 bilhões de dólares em posições alavancadas foram eliminadas em poucas horas.
A pressão também atingiu o restante do mercado cripto. Ethereum operava em 2.684 dólares com queda diária de 10,8 por cento e recuo de 30,5 por cento no mês. Solana descia 10,9 por cento, Cardano caía 13,5 por cento e Dogecoin perdia 11,3 por cento. BNB tinha baixa de 9,1 por cento e XRP recuava 9,7 por cento. Apenas Zcash mantinha estabilidade próxima de zero.
O fluxo institucional reforçou o pessimismo. ETFs de Bitcoin listados nos Estados Unidos registraram 903 milhões de dólares em saídas na quinta feira. É o segundo maior volume desde o lançamento dos fundos em janeiro de 2024. O interesse aberto em futuros perpétuos caiu 35 por cento desde o pico de outubro.
Analistas destacam que o ambiente de risco global piorou após a correção das bolsas americanas. O S and P 500 caiu 1,6 por cento na quinta feira e o Nasdaq recuou 2,4 por cento. O índice de volatilidade VIX saltou para 26,4 pontos e sinalizou aumento do temor dos investidores. Dados mais fortes do mercado de trabalho nos Estados Unidos reduziram as apostas em cortes de juros em dezembro pelo Federal Reserve.
O enfraquecimento das criptomoedas ocorre em um momento em que a classe de ativos está mais integrada aos mercados tradicionais. Ganhos regulatórios, entrada de grandes gestores e popularização dos ETFs aproximaram o comportamento do Bitcoin de ações de tecnologia. Essa correlação amplifica tanto movimentos de alta quanto de baixa.
Mesmo com a correção atual, analistas consideram que rupturas mais profundas podem ocorrer caso o preço se aproxime da região dos 80 mil dólares, ponto que se tornou referência devido à média de custo dos ETFs.
O cenário de curto prazo permanece dominado pela volatilidade, fluxos institucionais e incerteza sobre a política monetária americana.
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