O estado do Rio de Janeiro consolida uma nova posição no mapa industrial brasileiro com a projeção de mais de R$ 25 bilhões em investimentos em petroquímica e fertilizantes até 2030. A estimativa integra o estudo Petroquímica e Fertilizantes no Rio de Janeiro 2025, produzido pela Firjan SENAI SESI com participação de Petrobras, Braskem, BNDES, Porto do Açu, ICONIC, MAPA e Embrapa. O levantamento indica que o Rio se torna um hub decisivo para a reindustrialização, alinhado tanto ao crescimento do pré sal quanto às estratégias de descarbonização e segurança alimentar.

O principal vetor competitivo é o gás natural associado ao pré sal, que chega ao estado pelo gasoduto Rota 3 e é processado na maior Unidade de Processamento de Gás Natural do país, localizada no Complexo de Energias Boaventura em Itaboraí. A integração entre refino e petroquímica no complexo cria condições para ampliar a produção existente e viabilizar novos empreendimentos de alto valor agregado.

Entre os projetos mapeados, destaca se o Transforma Rio da Braskem, com R$ 4,3 bilhões em investimentos para construção de um novo cracker de etano e expansão das unidades de polietileno em Duque de Caxias. O aumento da capacidade produtiva em 230 mil toneladas ao ano deve reduzir significativamente a necessidade de importação de polietileno e gerar milhares de oportunidades de trabalho durante o ciclo de implantação.

A Petrobras reforça sua estratégia no território fluminense com US$ 15,8 bilhões destinados ao segmento de Refino, Transporte e Comercialização no período de 2026 a 2030. O estudo também menciona o avanço de tecnologias de baixa emissão, como a aplicação do FCC Petroquímico na Reduc, reforçando o papel do Rio em projetos industriais alinhados ao futuro da energia.

No setor de fertilizantes, o estudo ressalta a vulnerabilidade do Brasil, que ainda depende de importações para mais de 85 por cento do consumo nacional, com destaque para a ureia, totalmente adquirida no mercado externo. O Plano Nacional de Fertilizantes pretende reduzir a dependência para cerca de 45 a 50 por cento até 2050, e o Rio aparece como peça essencial nessa mudança.

O Porto do Açu, em São João da Barra, concentra iniciativas logísticas e uma futura unidade de fertilizantes nitrogenados com produção estimada de 1,38 milhão de toneladas de ureia e 781,5 mil toneladas de amônia por ano. A estrutura inclui investimentos na mistura e distribuição de insumos, além de projetos voltados à produção de amônia verde a partir de hidrogênio gerado por eletrólise, alinhando o complexo ao mercado de baixo carbono.

Em Macaé, outro projeto prevê uma fábrica com capacidade anual de 1,8 milhão de toneladas de ureia, fortalecendo o corredor de gás e ampliando a oferta nacional de insumos estratégicos para o agronegócio.

Para garantir competitividade tecnológica, o estado receberá o Centro de Excelência em Fertilizantes e Nutrição de Plantas no Parque Tecnológico da UFRJ. O CEFENP terá papel integrado entre academia, indústria e startups, estimulando soluções nacionais, bioinsumos, fertilizantes especiais e inovação aplicada ao agronegócio.

A publicação também inclui análise do mercado de lubrificantes, que cresceu 6,1 por cento em 2025. O segmento ganha relevância na transição energética por contribuir para ganhos de eficiência entre 2 e 5 por cento em motores industriais e automotivos.

O BNDES segue como elemento chave no financiamento de estruturas industriais e de projetos de indústria verde, com linhas como Finem, BNDES Máquinas e Serviços e o Novo Fundo Clima, que apoiam a descarbonização, aumentam a competitividade e aceleram investimentos de grande escala no Rio de Janeiro.