Os gastos do futebol entraram no centro de discussões do Vasco no início deste ano. Dois nomes de prestígio na área financeira deixaram a gestão por divergências no controle do orçamento e pela forma de conduzir as contratações de 2020. Adriano Mendes e João Marcos Amorim eram o vice de Controladoria e o vice de Finanças, respectivamente.
A saída deles levantou o debate sobre o limite orçamentário do clube com a folha de pagamento mensal.
O presidente Alexandre Campello defende que a folha poderia chegar a R$ 4 milhões. Já o orçamento aprovado previa um limite de R$ 3,3 milhões.
“Nós tivemos em 2018, quando assumimos, uma folha de mais de R$ 5 milhões e reduzimos essa folha para R$ 4 milhões. Essa é a ideia, não ultrapassar a casa dos R$ 4 milhões, R$ 4,2 milhões. Eles entendiam que deveríamos fazer cortes ainda maiores no futebol, e eu tinha uma opinião divergente. É uma responsabilidade minha, como presidente, preservar o clube na Primeira Divisão”, disse Campello.
A discussão ganha relevância quando se verifica que os atrasos de salário e com contratos de imagem dos jogadores são uma constante em São Januário. Um problema que vem de gestões passadas e gera um passivo constante ao clube. Só com a Justiça do Trabalho, o Vasco gasta cerca de R$ 2 milhões por mês para pagamento de ex-funcionários que foram demitidos sem que o clube pagasse o que devia na rescisão. É o chamado Ato Trabalhista, recentemente renovado.
Mas quantos destes processos na Justiça são de pessoas que faziam parte do departamento de futebol? Fomos consultar o ato para responder a essa pergunta. Atualmente, a lista tem 181 pessoas. Destas, cerca de metade (90 nomes) são ex-jogadores, ex-técnicos ou ex-funcionários do futebol.
Na fila, há jogadores que deixaram poucas lembranças, como os zagueiros André Ribeiro e Johnny e o lateral Carlos Cesar. A lista conta também com nomes mais conhecidos, como Nei, Elder Granja e Léo Moura. Só o processo do lateral já tem 17 anos.
Há também os ídolos, que ainda têm vínculo, não só afetivo, mas judicial com o clube, como Pedrinho, Felipe, Juninho, Edmundo e Viola. Somando, as dívidas trabalhistas com os cinco ultrapassa R$ 8 milhões.
Viola é, ao lado de Léo Moura, dono de um dos processos mais antigos na lista. Eles só perdem em tempo de espera para Fabio Mahseredjian, atual preparador físico da seleção brasileira, que aguarda desde o ano 2000 para receber R$ 105 mil do clube.
Já Nilson da Silva Gonçalves aguardava desde 2008 para receber quase R$ 1,8 milhão do clube. Nilson era homem de confiança de Eurico Miranda.
Trabalhou de 1983 a 2007 no Vasco e chegou a ser supervisor de futebol do elenco profissional. Ele deixou o clube após Roberto Dinamite assumir o poder. Em 2015, retornou junto com Eurico. Entre 1994 e 2003, também trabalhou nas divisões de base da CBF. Nilson morreu em julho de 2019.
Veja abaixo a lista dos ex-jogadores, ex-técnicos e ex-dirigentes do futebol profissional que ainda esperam receber do clube, de acordo com o Ato Trabalhista. Não foram incluídos na relação abaixo outros mais de 30 nomes que trabalharam no departamento de futebol em outras funções.
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