O Fluminense parou sua campanha histórica na Copa do Mundo de Clubes ao ser eliminado pelo Chelsea, com a derrota por 2 a 0 em Nova Jersey. Após a partida, Renato Gaúcho resumiu a participação com "maravilhosa em todos os sentidos", disse que a equipe sai "de cabeça erguida" e ressaltou que a cobrança em cima do grupo será maior no restante da temporada.

— A campanha foi maravilhosa em todos os sentidos. Fomos passando por grandes adversários do futebol mundial. Chegamos à semifinal e enfrentamos mais um adversário poderoso. Saímos de cabeça erguida por tudo que fizemos. Levantamos bastante a credibilidade do futebol brasileiro. Agora, é voltar para a nossa realidade, mas pode ter certeza que nosso grupo e nossa torcida estão bastante orgulhosos — disse o treinador na coletiva.

— Nós vamos ser mais cobrados ainda. Somos cobrados diariamente. Por essa campanha nessa Copa do Mundo, o torcedor se animou, se alegrou. E vai querer essas mesmas apresentações no Brasil. É difícil motivar o grupo, porque estávamos jogando para o mundo todo, e agora voltamos para nossa realidade. Mas essa parte psicológica eu vou trabalhar bastante com os jogadores. Querendo ou não, nossa responsabilidade aumentou por chegarmos em uma semifinal. Vamos voltar, dar dois ou três dias de folga, para todo mundo recuperar e, provavelmente, na segunda-feira, vou ter esse papo com o grupo. Provamos que temos condições de voltarmos ao Brasil e brigarmos — destacou Renato.

O treinador tricolor aproveitou para valorizar os técnicos brasileiros e alfinetar o espaço dado para os estrangeiros nos últimos anos:

— A credibilidade voltou bastante forte para o futebol brasileiro. Espero que não só o mundo, mas o Brasil... possa olhar com outros olhos para os treinadores brasileiros, valorizar um pouco mais. Nada contra os estrangeiros, mas muita gente fala somente neles. Acredito que esse Mundial fez com que os brasileiros subissem bastante na cotação. Que tenha um pouco mais de respeito e paciências — pediu Renato.

Sobre a partida, o técnico reconheceu a superioridade do Chelsea em campo, mas disse que achou que pênalti aconteceu no lance anulado após revisão do árbitro de vídeo no primeiro tempo.

— Na minha opinião, foi pênalti. Eu vi no vestiário. Tem árbitros que dão esse pênalti, e árbitros que não dão. Muita gente vai falar que o braço estava colado no corpo. O braço não estava colado no corpo. É interpretação do árbitro. Foi ver no VAR e voltou atrás. Eu achei pênalti. Esse tipo de pênalti vamos discutir muito tempo. Mas não vamos nos apegar nessa desculpa. Se tivéssemos o pênalti, teríamos feito o gol e seria outro jogo, pode ter certeza — garantiu o técnico.

— O jogo estava bastante controlado. Sabíamos que iríamos receber uma pressão muito forte do Chelsea. Aconteceu isso no início do jogo. Estávamos sabendo sofrer, mas, infelizmente, para a gente, o João Pedro acertou aquele chute de fora da área, conseguiu fazer aquele belo gol. Eles souberam aproveitar as oportunidades que criaram e não soubemos aproveitar as nossas — analisou.

Além disso, Renato comentou sobre a atuação de João Pedro, que marcou os dois gols do jogo. O atacante foi formado no Fluminense e o técnico disse que a lógica financeira do futebol atual é impossível de ser contornada.

— Aí entra naquele esquema de que não adianta os clubes brasileiros quererem competir com os europeus em termos financeiros. Se eu não me engano, o João Pedro custou mais de R$ 400 milhões ao Chelsea. Inviável para qualquer clube brasileiro. Não dá para competir na parte financeira. Os brasileiros formam jogadores para vender para a Europa para sobreviver. Essa é uma realidade desde a minha época de jogador. Não tem para onde correr. E nem sempre quando você vende um garoto você tem certeza que ele vai despontar no futebol europeu. O João Pedro, com certeza, está despontando, é um grande jogador, nível de seleção brasileira. São coisas que acontecem no futebol — concluiu Renato.