Quinta-feira, 15 de maio de 2025

Tolentino Reis abre o jogo sobre o futuro do Americano: SAF, estádio e reestruturação

Segundo Tolentino Reis, a sua ideia inicial é de que a SAF nunca seria vendida para ninguém, pois seu objetivo é permitir que o clube tenha um novo começo, sem perder o seu patrimônio

19/12/2024 às 16h19 19/12/2024 às 16h25 Igor Azeredo

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Segundo Tolentino Reis, a sua ideia inicial é de que a SAF nunca seria vendida para ninguém, pois seu objetivo é permitir que o clube tenha um novo começo, sem perder o seu patrimônio / Foto: Reprodução/ Igor Azeredo

Em entrevista exclusiva concedida ao site Ururau na manhã desta quinta-feira (19), o presidente do Americano Futebol Clube, Tolentino Reis, abordou diversos temas que despertam grande interesse na torcida. O dirigente esclareceu dúvidas sobre a venda da Sociedade Anônima do Futebol (SAF), detalhou o andamento das obras do novo estádio, revelou os planos para o elenco em 2025 e projetou o futuro do clube.

Esclarecimento da suposta venda da SAF por parte do Conselho Deliberativo

Segundo Tolentino Reis, a sua ideia inicial é de que a SAF nunca seria vendida para ninguém, pois seu objetivo é permitir que o clube tenha um novo começo, sem perder o seu patrimônio. "A SAF seria do Americano, porque o que a gente mais precisa são as certidões. A gente não quer vender o Americano, eu como presidente, não quero que isso aconteça", afirmou Tolentino.

Ele também destacou que, apesar de ser favorável a negociações com investidores, a venda do clube nunca foi uma opção. "Isso estava bem alinhado, estava bem conversado, só que a gente deu o pontapé inicial e, no meio do percurso, um grupo isolado do Conselho começou a me vetar das reuniões, começou a fazer coisas na escondida, na calada da noite. E quando eu voltei da minha viagem ao Chile, fui recebido com uma surpresa de que o clube seria vendido para o Felipe Melo junto com o grupo Boston City", revelou.

Tolentino enfatizou que nunca houve um diálogo formal com os representantes do Boston City ou Felipe Melo sobre a venda do clube, afirmando que o advogado que iniciou a operação é primo do jogador, e inicialmente informou que Felipe Melo não tinha interesse no processo de SAF no momento.

Sobre a possibilidade de uma venda futura, o presidente garantiu que o Americano está aberto a negociações com investidores, mas com cautela. "Não existe desespero, tem muita gente querendo chegar, muito investidor que vai chegar no clube. Isso tem que ser feito com muita cautela, com muita calma, com muita prudência, para que a gente não erre, porque não é apenas um jogo de futebol. Vale toda uma construção, vale todo um nome, vale tudo que o Americano construiu em 110 anos", disse.

Tolentino também esclareceu que o Conselho Deliberativo do clube não tem autonomia para realizar uma operação de venda sem sua autorização. E quanto ao processo de SAF, ele afirmou que há falhas que inabilitam a proposta, deixando claro que uma reunião importante ocorrerá para resolver o impasse. "Temos uma reunião grande amanhã no Rio de Janeiro e a gente vai tomar a decisão cabível para ou inabilitar esse edital ou inabilitar qualquer outra ação do Conselho, Boston City e Felipe Melo para que isso não aconteça", ressaltou o presidente.

Por fim, Tolentino falou sobre a relação com o Conselho Deliberativo, destacando o respeito e a boa convivência com o presidente Edson, mas também apontando um grupo dentro do Conselho que tem dificultado o andamento do processo. "Eu não tenho problema nenhum com o conselho, muito pelo contrário. Mas existe realmente um núcleo duro no conselho que atrapalha todo o processo", lamentou.

Ele fez um apelo para que todos os conselheiros se abrissem ao diálogo. "Eu deixo aqui um apelo para que todos os conselheiros abram a mente, conversem comigo. Isso é muito importante", concluiu.

O futuro do estádio Godofredo Cruz

Apesar da ansiedade para iniciar as partidas no novo estádio, Tolentino revelou que a obra ainda está em andamento. "Eu me precipitei, confesso que quando eu assumi o clube, na ansiedade de resolver os problemas, dei um prazo que acabei não conseguindo cumprir”, explicou o presidente que chegou a afirmar ao assumir o clube que o estádio iria ficar pronto em dezembro deste ano.

Ele ainda detalhou que a entrega parcial do estádio, que incluirá a arquibancada central, o museu do Americano e a cobertura do campo, está prevista para o primeiro semestre de 2025. "A cobertura da arquibancada era para ter sido entregue em setembro, só foi entregue em outubro, e finalizou a confecção agora. Agora em dezembro, começou a colocar a arquibancada, e vai atrasar mais um pouco, acredito, mais um ou dois meses", afirmou Tolentino.

Quanto à capacidade do novo estádio, o presidente do clube projetou que, após a conclusão total da obra, o local terá capacidade para abrigar entre 22 mil e 24 mil torcedores, o que possibilitará a disputa de competições de maior porte, como o Campeonato Brasileiro. "Com o fechamento da quarta arquibancada, nós vamos para 22, 24 mil torcedores. Isso vai ser muito bom para a cidade e para o Americano, trazendo turismo e investimento para o bairro de Guarus", destacou.

Ainda segundo Tolentino, a possibilidade de uma inauguração parcial, com capacidade reduzida, é improvável para 2025, já que a entrega final depende de uma série de laudos técnicos. "Eu acredito que no primeiro semestre de 2025, a gente já vai começar a treinar no nosso estádio, mas, para este ano, acho difícil que a gente consiga receber o estádio 100% pronto", completou.

Por fim, Tolentino também falou sobre o nome do estádio, que será mantido como "Godofredo Cruz", mas com a possibilidade de negociações para os Naming Rights, visando aumentar a receita do clube. "A gente está conversando com grandes marcas, mas ainda não avançamos muito por conta da SAF (Sociedade Anônima de Futebol). Precisamos regularizar a documentação para começar a avançar", explicou.

Perfil de contratações para a temporada 2025

Tolentino reconheceu os erros cometidos no passado, especialmente no que se refere ao número elevado de contratações feitas em 2024. “Eu errei muito no passado, nos seis primeiros meses. A gente contratou quarenta jogadores, o que resultou em uma folha absurda de pagamento, com atletas que não tinham identidade com o clube”, afirmou. Segundo o presidente, a estratégia para o próximo ano será diferente: “Vamos utilizar 60% da base e 40% serão contratações externas, um modelo mais equilibrado”, explicou.

Tolentino ainda revelou que sonha com um técnico estrangeiro para comandar o clube em 2025. “Eu penso em um português ou uruguaio, pois confio muito na disciplina tática dessas escolas”, disse.

Em relação à atual diretoria, Tolentino falou sobre a redução da equipe para otimizar os trabalhos do clube. “A diretoria tem o Júlio Santos, que é o diretor de futebol, o Leandro Souza e o Bruno Andrade. Fizemos uma redução porque entendi que, sem receita, ninguém consegue suportar a carga de trabalho e a pressão que o Americano exige. Trouxemos pessoas de confiança, mais próximas de mim, de outras empresas e negócios, para me ajudar até que possamos definir a SAF e montar uma equipe remunerada”, revelou.

Negociação de jogadores da base

Tolentino Reis, revelou detalhes sobre as negociações em andamento para o intercâmbio de jogadores da base com clubes internacionais. "Eu já conversei com o O'Higgins, um grande clube da primeira divisão chilena, e estamos alinhando a ida de jogadores como o Gabriel, de 16 anos, que já foi profissionalizado no início de 2024. Tenho certeza de que ele vai amadurecer muito lá, o futebol no Chile é rápido, disciplinado e exigente", afirmou Tolentino.

Além do Gabriel, outro jogador do Americano que também será enviado ao Chile é Caíque, que, após não poder atuar no time profissional devido ao prazo de janela de transferência, será integrado ao elenco do O'Higgins. "Além de Gabriel e Caíque, estamos em conversações com clubes como Unión Española e Palestino, para ver quais outros jogadores podemos enviar para essas equipes", revelou o presidente.

Em relação à parceria com o Resende, Tolentino destacou o interesse do Villarreal da Espanha, clube parceiro estratégico do Resende que fará a intermediação dos atletas do Americano. “Um dos jogadores que será analisado durante o intercâmbio, é o zagueiro Riquelmy, ele foi uma aposta que fizemos no início do meu mandato, mantendo ele no clube para que ele tivesse a chance de ir para um grande clube. Já temos o contrato pronto para ele se transferir, e ele fará parte do elenco do Resende no Campeonato Carioca", explicou.

O presidente também comentou sobre a estratégia de enviar jogadores para clubes renomados, buscando o melhor desenvolvimento para os atletas e bons negócios para o Americano. "Estamos estudando enviar até quatro jogadores, incluindo o Riquelmy, e temos boas portas abertas na América do Sul, como no Peñarol, para fazer o melhor negócio possível para todos os envolvidos", concluiu Tolentino.

Modelos a seguir, novas oportunidades de mercado e reestruturação do clube

Ao ser perguntado sobre modelos de SAF que enxerga como exemplo, Tolentino citou clubes como Fortaleza e Peñarol, que segundo ele, são exemplos claros de como a gestão moderna pode levar ao crescimento e à sustentabilidade no futebol.

Tolentino destacou que o Fortaleza, ao migrar de um modelo associativo para uma SAF, se tornou uma referência no Brasil. "O Fortaleza, por exemplo, era associativo e virou uma SAF do clube e avançou e evoluiu muito. Acho que, hoje para mim, a maior referência de SAF e de evolução é Fortaleza", afirmou. Ele também elogiou o trabalho do Peñarol, clube uruguaio com o qual tem estreitado laços e que, apesar de ainda ser associativo, segue um modelo de gestão que o presidente do Americano vê com bons olhos. "Peñarol é associativo até hoje, com muitos problemas, mas o Presidente tomou uma visão muito parecida com a minha. Estive com ele lá no Uruguai, em Montevidéu, pude conversar com ele por uma semana. Foi uma aula para mim", revelou.

Tolentino Reis também compartilhou suas estratégias para impulsionar a reestruturação do clube e as oportunidades de mercado que têm sido exploradas. "Tive contato também com o Ibrahimovi?, que tem time na Alemanha, e tenho um amigo que é agente e trabalha com ele na Suécia. A gente tem expandido muitos relacionamentos", afirmou o presidente, destacando o alcance internacional das iniciativas do clube. Ele também mencionou a visita aos Estados Unidos e o diálogo com o Orlando City.

Apesar das dificuldades históricas do clube, que enfrentou anos de estagnação e problemas financeiros, Tolentino expressou otimismo em relação ao futuro. "É lógico, a gente não vai conseguir resolver todos os problemas do Americano no primeiro ano. Eu sei que a cobrança é muito grande, o torcedor cobra demais e quero que continue cobrando para que a gente não estacione na zona de conforto", declarou. No entanto, ele pediu compreensão sobre o tempo necessário para reverter a situação: "Mas eu quero também que ele seja sensato e observe as nossas movimentações e entenda que a gente não vai conseguir resolver problemas dos últimos trinta anos, os trinta últimos anos que o Americano não avançou."

Ao refletir sobre a história recente do clube, que teve de ser vendido para quitar dívidas, Tolentino destacou a importância de criar uma base sólida para o futuro. "O Americano foi vendido para se quitar dívidas. Pagaram as dívidas e onze anos depois estamos aí, com milhões de dívidas de novo. O que estou pensando é realmente fazer um clube forte, sustentável e com uma visão de futuro", concluiu, reforçando seu compromisso com a reconstrução do clube. "Eu acredito que isso vai acontecer, mas não é do dia para a noite, tem que ter trabalho, e a gente está trabalhando muito para isso."

Investimentos da prefeitura e regularização completa do Americano

Tolentino revelou que tem mantido conversas com o prefeito Wladimir Garotinho, que demonstrou disposição para ajudar o Americano, assim como outros clubes da cidade. "Conversei com o prefeito Wladimir, que sempre se colocou muito disposto em ajudar, não só o Americano, mas todos os clubes da cidade", afirmou o presidente. No entanto, ele destacou que todo o processo de parceria exige legalidade, e a instituição da SAF é essencial para garantir certidões que permitam a captação de recursos. "A gente precisa instituir a SAF, para que a gente tenha certidões e consiga captar recurso público", explicou.

Além do prefeito, Tolentino também mencionou Luciano Viana, presidente da Fundação Municipal de Esportes (FME), como outro aliado importante nesse processo. "Luciano Viana, que é um grande parceiro, me falou: 'Tolentino, estou com as portas abertas aqui. A gente quer ajudar, o clube é um patrimônio da cidade'", contou Tolentino, destacando o apoio de Luciano e sua experiência como ex-jogador e ex-presidente do Americano.

Tolentino também fez críticas ao processo de captação de investidores. "Se não fosse uma meia dúzia de conselheiros atrapalhando, já teria acontecido [a SAF], já teria transformado, votado a lei da SAF dentro do conselho", afirmou. Para ele, o modelo que o conselho está adotado está errado. "Não se convida primeiro o investidor para depois fazer a SAF. Você faz a SAF e prepara o clube, até porque isso valoriza o patrimônio", explicou, deixando claro que o processo de regularização e valorização do clube deve ser feito de maneira estruturada.

Sobre o tempo necessário para a conclusão da regularização completa do Americano, Tolentino ainda não deu uma estimativa precisa, mas destacou que se o processo tivesse sido conduzido de forma adequada desde o início, o clube já estaria em uma situação mais avançada. "Hoje, com tudo saneado, organizado e com projeto aprovado, todos os grandes investidores vão olhar e começar a disputar o clube", concluiu o presidente.

Fonte: Ururau

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