Segunda-feira, 29 de abril de 2024

Atleta que salvou escritora de ataque de pitbulls relata crise de choro: 'Cena de horror'

Eduardo Neves, de 49 anos, recorda o dia do ataque e fala sobre sua história de vida. Ex-motorista de ônibus, ele desenvolveu depressão, tentou suicídio três vezes e se reergueu com o esporte

16/04/2024 às 09h14 Igor Azeredo

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Eduardo Neves, de 49 anos, recorda o dia do ataque e fala sobre sua história de vida. Ex-motorista de ônibus, ele desenvolveu depressão, tentou suicídio três vezes e se reergueu com o esporte / Foto: Reprodução/Instagram

Era mais uma sexta-feira de treino quando o ultramaratonista Eduardo Neves, de 49 anos, foi avisado para não correr pela rua de asfalto perto da Praia do Gravatá, em Saquarema, porque havia três pitbulls bravos à solta. Mas gritos de socorro fizeram o esportista não hesitar em ajudar uma possível vítima. Era a escritora Roseana Murray, de 73, que foi feita vítima pelos cães no último dia 5 de abril. Conhecido por fazer corridas de rua na cidade, Eduardo tinha contatos diretos no Corpo de Bombeiros e no pronto-socorro, que mandaram rapidamente as ambulâncias.

— Eu estava a 20 metros dos cachorros e uma menina que conheço disse para eu não passar pela rua porque eles estavam soltos, mas aí ouvi os gritos. Acho que não tive medo porque estava sob efeito da adrenalina do esporte. Peguei com ela uns cabos de vassoura para tentar espantar. Fui em cima dos cachorros, eles vinham pra cima de mim. E eu subia no muro, que depois vim a saber que era da casa dela. Passou um carro de passeio e falei para o motorista: os cachorros estão destruindo a dona ali! Ele tentava jogar o carro em cima deles. Depois, outro conhecido chegou com uma faca e conseguiu passar de raspão num dos bichos. Foi então que os cachorros foram para casa. Mas ela ficou dez minutos sendo atacada. Foi uma cena de horror — recorda-se o maratonista.

Eduardo, conhecido no município da Região dos Lagos como Bem-Te-Vi ou Canela Seca, por seu tipo franzino, era motorista de ônibus e, há cerca de 10 anos, desenvolveu depressão. O diagnóstico veio após ele perder a mãe, Mathilde Rodrigues, que não resistiu à luta contra um câncer de mama em 2015. De luto e sem conseguir se reerguer, ele tentou suicídio três vezes e chegou a ser intubado. O esportista só conseguiu dar a volta por cima depois de um tratamento médico e de voltar a praticar corrida, atividade que tinha abandonado nos anos 2000.

— Sempre fui do esporte. Mas depois no ano de 2000, eu abandonei tudo. Só fui voltar no finalzinho de 2017. Pensei que minha idade ia dificultar, mas não — diz ele, que acumula cerca de 200 troféus de corrida.

Ultramaratonista é o atleta que corre distâncias superiores à da maratona, 42.195 metros. Para se desafiar ainda mais, vez ou outra ele se aventura até por montanhas descalço. Os espinhos e as pedras no caminho só não são obstáculos mais difíceis do que a falta de apoio e de patrocínio esportivo. Atualmente, Eduardo vive do benefício previdenciário do INSS após o afastamento do trabalho de motorista por conta da depressão e do prêmio em dinheiro de quando vence corridas regionais (valor de R$ 300 a R$ 600).

— Quem às vezes me ajuda é um rapaz da prefeitura da Saquatrilhas. Recentemente os vereadores de Saquarema anunciaram que pessoas até 28 anos teriam direito a receber bolsa-atleta. Mas só quem tem até essa idade — lamenta.

Até o momento, por conta da recuperação, Roseana Murray e Eduardo ainda não se falaram. Ela segue internada no Hospital estadual Alberto Torres, em São Gonçalo, de onde deve ter alta nos próximos dias. Mas o marido dela, o escritor espanhol Juan Arias Martinez, de 91 anos, fez questão de abraçar o herói que salvou a matriarca da família.

 

— Um amigo dela me levou até o marido. Ele me deu um abraço, ficou muito emocionado, e eu também. No dia mesmo que aconteceu tudo com os cachorros, eu cheguei em casa e tive uma crise de choro. Acho que a adrenalina abaixou e veio a emoção — explica.

Apesar de ter sido peça fundamental no salvamento de Roseana, Eduardo diz que se sente inspirado pela gana da conterrânea por viver e quer enviar a ela uma mensagem especial:

— Quero dizer que a força e a determinação dela são orgulho para todos nós. A força de ter combatido para ficar viva é uma inspiração.

Fonte: Extra

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