Em maio, o pedagogo João Antônio Miranda Tello Ramos, o pedagogo que matou duas servidoras do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet) e depois se matou, foi transferido para a Coordenação de Cursos Subsequentes. Lá, ele lidava apenas como alunos adultos. A direção entendia que esse era o perfil de estudantes mais adequado para receber a orientação pedagógica do funcionário. Outra preocupação da instituição foi colocá-lo sob a chefia de um homem. Testemunhas ouvidas pelas Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) relataram que o assassino não aceitava ser comandado por mulheres. As vítimas do crime na última sexta-feira foram a diretora Allane de Souza Pedrotti Matos, de 41 anos, e a psicóloga Layse Costa Pinheiro, de 40.
— A gente fez questão de colocar um homem para chefiá-lo, porque entendi que poderia ter essa questão de misoginia — justificou o diretor-geral do Cefet, Maurício Motta, em entrevista ao GLOBO.
Uma das versões para o crime é que o funcionário não aceitava ser chefiado por mulheres. Procede?
Se a gente for ver, todas as situações que ocorreram se deram sempre com mulheres. Foi com a Allane e a servidora que estava lá (Layse). A própria diretora de ensino dizia que se sentia acuada por ele. Infelizmente, eu diria que o problema era o João.
Houve denúncias de assédio, perseguição ou ameaças documentadas antes desse ataque? Inclusive feitas por Allane?
Não. Quem fez uma representação junto à corregedoria foi a Divisão Pedagógica, que era o setor original dele (e da psicóloga Layse). As servidoras fizerem um documento único assinado por elas, e isso gerou uma investigação interna. No caso da Allane, não tive ciência, pois as denúncias muitas vezes vêm em sigilo, para preservar o servidor. Mas eu já sabia do conflito, por isso acionamos todos elementos que tínhamos para, independentemente da denúncia dela, preservá-la.
O que João Antônio pretendia com esse ataque?
Não foi ao acaso. Ele tinha alvos bem determinados. Para ter uma ideia, no primeiro ataque ele foi à sala da Allane, junto a ela estava uma aluna, estagiária. Ele falou claramente que não tinha qualquer “diferença” com a menina. Ela saiu correndo, e então ele atirou. Depois foi para a outra sala onde atirou na Layse. Até 15 minutos antes. Layse estava com outra servidora que tinha saído para outro setor e foi o que salvou a vida dela.
O senhor considera que houve falha do Cefet em permitir a entrada do funcionário com uma arma?
Dentro dos instrumentos que possuía, a escola fez afastamento cautelar dele (de dois períodos de 60 dias, cada, entre setembro e dezembro de 2024), pediu perícia psiquiátrica, realocou esse funcionário desde maio em outro setor que não era o da Allane nem de Layse. Não é pratica de nenhuma instituição (de ensino da rede pública) fazer revista, como também não é do Cefet. Não caberia fazer exclusivamente desse funcionário, até porque não tínhamos como saber que ele tinha porte de arma. E não havia sinal de ato dessa gravidade até aquele momento. O que havia de maio em diante era uma disputa na Justiça. Nosso entendimento é de que tudo que podia ser feito na esfera da instituição foi feito.
Nesse processo, a defesa dele fala em desequilíbrio mental. Temos informação de que ele tinha um laudo psiquiátrico atestando que ele estava apto para trabalhar. É verdade?
Exatamente. Era um laudo apresentado pelos médicos que o acompanhavam, na volta de um período de afastamento (isso foi no começo do ano e ele seguia trabalhando desde então). É uma rotina. É o chamado laudo de retorno, que normalmente é avaliado por uma junta médica. No nosso caso não pôde ser feito no Cefet porque exigiria médicos psiquiatras, coisa que nós não temos. Por isso recorremos a uma perícia psiquiátrica feita por junta formada por profissionais da rede federal. A perícia confirmou o laudo dele.
O Cefet tinha conhecimento de que o servidor portava armas fora do ambiente de trabalho?
Não. Para nós foi uma surpresa. Inclusive ficamos nos questionando como uma pessoa que tinha um histórico de afastamento por questões na área da saúde mental (segundo o diretor foram vários entre 2021 e 2024) e um afastamento cautelar, que é publicado numa portaria em Diário Oficial, que já sinaliza algumas questões, consegue comprar uma arma de forma oficial, ter certificado de CAC e estar inscrito num curso de tiro? Como isso é possível?
Depois do crime, que abalou professores, funcionários e alunos, como a comunidade escolar está enfrentando essa situação. Já há alguma previsão de volta das aulas?
É uma situação muito difícil, uma tragédia desse porte, de duplo assassinato, mais a questão do suicídio (do atirador) e o impacto do dia do crime. Isso devastou a comunidade, os docentes, os técnicos administrativos. Até porque tanto a Allane como a Layse eram servidoras antigas com mais de dez anos na instituição e muito queridas por todos, pelo profissionalismo e a convivência do dia a dia, ao longo desses anos. Face ao trauma a gente tomou como decisão decretar luto institucional até sexta-feira. A gente está agora discutindo esse retorno gradual (das aulas), a partir de segunda-feira.
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