O tenente Ítalo da Silva Nunes Romualdo atirou 77 vezes com um fuzil durante a ação que terminou com as mortes do músico Evaldo Rosa e do catador Luciano Macedo, em Guadalupe, na Zona Norte do Rio. O oficial comandava a patrulha na ocasião. A informação foi revelada pela ministra Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha, do Superior Tribunal Militar (STM), durante julgamento de um pedido de habeas corpus feito pela defesa dos acusados. De acordo com um laudo pericial, elaborado pelo Exército e lido pela ministra, os nove militares, que atualmente estão presos, fizeram mais de 200 disparos com fuzis no dia das mortes. Desse total, 83 atingiram o carro onde estavam Evaldo e sua família.
O julgamento do habeas corpus foi interrompido na noite desta quarta-feira após o ministro José Barroso Filho pedir vista do processo. Até o pedido, quatro ministros votaram pela soltura dos acusados. Somente Maria Elizabeth Rocha votou contra a liberdade. O habeas corpus vai voltar ao plenário em até dez dias. Outros dez ministros ainda vão votar. Até lá, os militares vão permanecer presos.
“ Nenhuma troca de tiros foi constatada pelas testemunhas. A ação foi desmedida e irresponsável. É injustificável esse veículo ser alvejado por 83 balas de fuzil “ disse Rocha.
Estão presos pelo crime o tenente Ítalo da Silva Nunes Romualdo, o sargento Fábio Henrique Souza Braz da Silva e soldados Gabriel Christian Honorato, Matheus Santanna Claudino, Marlon Conceição da Silva, João Lucas da Costa Gonçalo, Leonardo Oliveira de Souza, Gabriel da Silva de Barros Lins e Vítor Borges de Oliveira. Todos os militares são lotados no 1º Batalhão de Infantaria Motorizado, na Vila Militar.
Os militares foram presos, no dia seguinte ao assassinato de Evaldo, em flagrante por descumprimento das regras de engajamento — normas sobre uso da força por militares. No último dia 23 de abril, o subprocurador-geral da Justiça Militar Carlos Frederico de Oliveira Pereira pediu a ao STM a liberdade dos militares alegando que "não subsiste o risco à disciplina militar" da parte dos acusados. De acordo com Pereira, os militares não descumpriram regras de engajamento porque "o homicídio aconteceu quando tentavam salvar um civil da prática de um crime de roubo".
O advogado dos militares afirmou, na audiência, que a prisão foi "construída pela mídia".
“ Estamos diante de uma prisão genérica, que foi construída pela mídia. A mídia, o tempo inteiro, colocou os militares como assassinos sem uma apuração dos fatos. A imprensa está usando esse caso para macular as Forças Armadas” afirmou o advogado, durante a audiência.
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