Sábado, 25 de outubro de 2025

A planície dos ressentidos

Quando o mestre se deixa levar pelo ressentimento

12/10/2025 às 18h44 12/10/2025 às 19h11 Redação Ururau

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Reflexão sobre a crítica de José Luís Vianna da Cruz / Foto: Montagem Ururau/Gemini

Sempre nutri uma admiração sincera pelo professor doutor José Luís Vianna da Cruz.

Entre todos os seus sucessos e feitos acadêmicos está a direção do campus da UFF de Campos dos Goytacazes.

Para quem não sabe, Zé Luís, como é chamado carinhosamente, foi militante do MR-8 e um dos pioneiros do PT Campos.

É uma vida de teoria e prática.
Nem sempre concordamos, mas não se pode negar sua competência intelectual e sua sinceridade política.

Por isso, me doeu tanto ler o texto de Zé Luís publicado neste prestigioso espaço…

Fiquei frustrado.
Um dos meus últimos heróis sucumbiu a um tipo de crítica rasa, infantil mesmo — algo anos-luz abaixo da capacidade analítica do nosso cientista.

À primeira vista, a crítica poderia ter sido escrita por qualquer miliciano digital, desses que vivem a soldo de facções políticas — descritas por ele com o fígado encharcado de bile.

Talvez o sentimento de angústia de Zé Luís se justifique.
Afinal, chegar ao outono da existência sem que seu projeto de poder tenha se realizado não é pouca coisa.

Eu me sinto assim.

Dediquei anos — anos e anos — à crença de que o PT traria alguma solução para o país e… nada.

15% de juros, renda média de 4 mil reais (menos de 800 dólares), população pobre pendurada em renda mínima, sem mobilidade social.
A tabela do IRPF segue congelada em parte, enquanto o marketing anuncia isenção até 5 mil…

Venenos agrícolas em disparada, queimadas, violações ambientais.
Calabouço fiscal no Ministério da Fazenda.
Forças Armadas sem dignidade, sem projeto tecnológico, universidades federais com recursos retirados.
25 mil homicídios por ano.
4 milhões de pessoas sem privada em casa.

Sim, eu poderia escrever um texto ainda mais ácido que o de Zé Luís.
Afinal, quem sou eu, senão um mequetrefe?

Mas o Zé Luís, com um texto ressentido como o dele?

As críticas dele caberiam em qualquer um dos mais de 5 mil municípios do país.

Zé Luís sabe — eu sei que ele sabe — e nunca vou crer que não saiba, que os problemas narrados com amargor e azia política são comuns a todas as cidades médias e grandes (e a muitas pequenas).
Nesse modelo federativo vertical, o município pode muito pouco.

Ah, mas os royalties?

Mesmo reconhecendo que parte significativa se perdeu, seria cruel atribuir ao atual prefeito Wladimir Garotinho a responsabilidade pelos erros do passado.

E José Luís Vianna da Cruz faria essa ressalva.
Zé Luís não fez.

Nosso professor passou a vida pesquisando e propondo saídas para o desenvolvimento regional — é verdade.
Mas talvez não tenha sido ouvido.

Porém, queimar as pontes a essa altura do campeonato é um péssimo sinal.

Não sei se José Luís foi abduzido por Zé Luís na última campanha a prefeito, quando o PT foi linha auxiliar de um projeto horroroso, liderado pelo presidente da Alerj.

Não sei.

Rogo pela volta do professor doutor José Luís Vianna da Cruz — com sua verve contundente, mas equilibrada.

O Zé do MR-8 já teve seu tempo…
E não teve sucesso.

Fonte: Por Douglas da Mata

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