Vou usar o verso da música de Caetano Veloso, tanto pela profecia, tanto pelas circunstâncias do evento que marcou, negativamente, o desfile do 7 de setembro deste ano.
De acordo com o tiroteio incessante das redes sociais, um militante petista teria injuriado um militante monarquista, e a ofensa teria conotação racista.
Instalado o caos, ambos os lados passaram à contenda verbal, com ênfase para o lado petista — talvez pelo ineditismo da situação, ou seja, é raro ver um militante de esquerda associado ao crime de racismo ou injúria racial (hoje equiparados pelo STF).
A ofensa consistiu em perguntar ao monarquista como era possível uma pessoa negra ser adepto da restauração da monarquia, sendo o período conhecido como escravagista.
A frase dita: “preto monarquista?”.
Vamos às minhas singelas opiniões, na medida em que não li o auto de prisão em flagrante, que contém as declarações de todos os envolvidos.
Primeiro, a delegada Juliana é uma pessoa de raro cuidado com o seu trabalho, e vem de longa trajetória na lida dos crimes de violência doméstica, o que lhe confere, no mínimo, expertise para encarar questões de gênero, raça e outras associadas às minorias.
A alegação de que a prisão foi arbitrária precisa ser comprovada, com fatos, sob pena de incorrermos em leviandade.
Ainda mais quando o juiz de garantias, aquele que permitiu a liberdade provisória do acusado, não anulou a prisão em flagrante decretada pela delegada, como é comum em casos onde há abuso.
Em miúdos: se a prisão fosse ilegal, o juiz tornaria a prisão um ato ilegal.
Não foi, pelo que soube, o que aconteceu.
Bem, seguindo a toada, os defensores do acusado insistem em dizer que não houve racismo, porque o que se procurou dizer à vítima foi que ele estava sendo incoerente, porque, sendo negro, não poderia estar “do lado do seu opressor”.
É justamente aí que enxergamos o racismo, de duplo viés.
Ao se dirigir ao monarquista com a pergunta sobre sua opção monarquista, mas usando a cor da pele como referência, o interlocutor foi racista.
Quantas pessoas se dirigem a uma pessoa branca com a frase: “branco monarquista?”
Improvável, não é?
Na outra ponta, temos o fato de que a tentativa de “educar” alguém que deseja estar ao lado de uma posição política que não condiz com a sua cor de pele, tomando-o por alienado ou por um “coitado”, é menosprezar sua capacidade de escolha, gostemos dela ou não!
Seria um tipo de “racismo pedagógico”, típico de algumas culturas políticas que pretendem “salvar os negros”.
No entanto, todo esse debate está subordinado ao processo penal, que chegando a seu termo nos dirá: culpado ou inocente.
Aí teremos uma situação estranha, para dizer o mínimo, que reside no fato de o PT de Campos dos Goytacazes reivindicar uma sentença que relativize uma conduta que o partido sempre denunciou em outras facções políticas, ao mesmo tempo em que anunciavam aos quatro ventos que a polícia e o sistema judicial são omissos com casos de racismo.
Fica a dúvida: o PT agiria dessa forma se a vítima fosse de esquerda ou dos movimentos sociais aliados?
Não sei.
Li hoje, em um texto de um caríssimo amigo, professor da UENF, que a justificativa da inocência do militante seria a ausência de punições para outros atos de racismo.
Como se vários erros somados resultem em um acerto, ou, de forma mais vulgar, como se um erro justificasse outro.
Isso dito por um professor universitário.
Alguma coisa está fora da ordem.
Opinião | Douglas da Mata
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