O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal Fluminense (UFF) voltou a se envolver em polêmica nesta terça-feira (28), após publicar nas redes sociais um texto em que chama o governador Cláudio Castro (PL) de “terrorista” e exige o seu impeachment, em reação à megaoperação policial realizada nos Complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, que resultou em dezenas de mortes.
Na postagem, o DCE afirma que está acontecendo “a maior chacina da história do Rio de Janeiro”, com “mais de 64 vítimas até então”, e responsabiliza diretamente o governador. O texto cita ainda as operações do Jacarezinho, em 2021, e as do Alemão e Vila Cruzeiro, em 2022, dizendo que Castro “dobra o próprio recorde de mortes”.
O diretório acusa o governo estadual de “fazer política através da morte” e classifica a atual política de segurança pública como “genocida”. Segundo o texto, as megaoperações “fortalecem o tráfico” e “matam jovens negros nas favelas”, argumento baseado em pesquisas acadêmicas produzidas na própria UFF.
A publicação rapidamente viralizou. Parte do público elogiou a postura combativa dos estudantes, mas outro grupo, incluindo alunos e ex-alunos da universidade, criticou o tom político da mensagem. Para muitos, o DCE teria ultrapassado seu papel institucional ao se posicionar de forma partidária em um tema sensível como segurança pública.
A operação desta terça-feira foi considerada a maior ação policial do ano no Rio, reunindo policiais civis, militares e federais. O objetivo foi cumprir 100 mandados de prisão contra integrantes do Comando Vermelho, incluindo o braço direito de Edgard Alves, o Doca, um dos líderes mais procurados da facção.
Durante a tarde, o DCE também informou que as atividades acadêmicas da UFF foram suspensas, decisão que teria sido tomada após solicitação da entidade e confirmada pela reitoria por meio das redes sociais.
A manifestação reacendeu o debate sobre a atuação política de entidades estudantis e a utilização de perfis institucionais para declarações ideológicas. Críticos argumentam que o DCE deveria priorizar a representação dos interesses acadêmicos e não o engajamento político.
Até o momento, o governo do Estado do Rio de Janeiro não se pronunciou oficialmente sobre a publicação. O operação no Rio segue entre os assuntos mais comentados nas redes sociais e impulsionou o nome “Cláudio Castro” aos trending topics nacionais.