Sábado, 16 de agosto de 2025

De vítima de tentativa de feminicídio a traficante do CV e, depois, TCP: Diaba Loira

15/08/2025 às 19h06 Redação

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Eweline Passos Rodrigues migrou do Comando Vermelho para o Terceiro Comando Puro antes de ser executada / Foto: Reprodução

De vítima de uma tentativa de feminicídio em Santa Catarina a traficante ligada às duas maiores facções do Rio, Eweline Passos Rodrigues, de 28 anos, conhecida como “Diaba Loira”, teve uma trajetória marcada por violência, crime e notoriedade nas redes sociais, em que coleciona cerca de 70 mil seguidores. Na quinta-feira, ela foi encontrada morta na Rua Cametá, em Cascadura, Zona Norte do Rio, enrolada em um lençol, com marcas de tiros na cabeça e no tórax. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga o caso. Antes disso, Eweline vivia uma rotina completamente diferente: casada e mãe de dois filhos, exibia nas redes sociais momentos de intimidade com a família, registros da gravidez e até fotos celebrando conquistas e medalhas, sem uma tatuagem sequer no corpo.

“Não me entrego viva, só saio no caixão.” Essa frase, repetida em vídeos nas redes sociais, refletia o desprezo de Eweline pelas ameaças de facções rivais. Após romper com o Comando Vermelho (CV), ela teria se aliado ao Terceiro Comando Puro (TCP), tornando-se alvo de conflitos dentro do submundo do tráfico carioca. Diaba Loira era procurada pelo Setor de Inteligência da Polícia Militar de Santa Catarina e por forças de segurança do Rio. Nas redes sociais, ostentava armamento pesado — fuzis e pistolas — e exibia uma postura desafiadora.

Vítima de tentativa de feminicídio

Antes de mergulhar de vez no mundo do crime, Eweline Passos Rodrigues trabalhou como cobradora interna e alfaiate, com salários que variavam entre R$ 1.017 e R$ 1.346, e aparentemente, levava uma rotina comum e uma vida profissional relativamente estável antes de se envolver com o tráfico e as facções criminosas. No nome dela, também há uma empresa voltada para promoção de vendas, registrada em Tubarão, sua cidade natal, em Santa Catarina, com capital social de R$ 3 mil.

Segundo a Polícia Civil catarinense, Diaba Loira vira traficante após sofrer uma tentativa de feminicídio em 2022, em Capivari de Baixo, município de cerca de 24 mil habitantes. Ela foi atacada com uma facada no pulmão pelo ex-companheiro enquanto buscava o filho pequeno, precisando passar por cirurgia de emergência.

— A primeira vez que me deparei com a Eweline foi quando ela foi vítima de uma tentativa de feminicídio. O sujeito e a família alegavam que ela havia se apossado de uma quantia em dinheiro dele — contou o delegado André Luiz Bermudez Pereira, da 5ª DRP, em Tubarão.

O ex-marido trabalhava em outro estado e relatou que, ao voltar a Santa Catarina, descobriu que Eweline o traía e havia se apropriado do dinheiro que ele enviava para ser guardado.

Na época da tentativa de feminicídio, a polícia constatou que a Diaba Loira já mantinha vínculos com traficantes, embora não houvesse provas de participação direta no crime.

Após o ataque, a Polícia Civil de SC passou a investigá-la por tráfico de drogas em Tubarão. Enquanto aguardavam a expedição de um mandado de busca e apreensão, Eweline foi presa em flagrante pela Polícia Militar em maio de 2023, por tráfico de drogas.

Em janeiro de 2024, veio a segunda prisão. Já investigada por integrar uma organização criminosa, ela e um comparsa, chamado Ruan Carlos dos Santos, foram detidos por porte ilegal de arma de fogo, com provas de que se deslocavam para executar outro desafeto. Em determinação judicial, Eweline Passos Rodrigues passou a ser monitorada por tornozeleira eletrônica.

— A sequência dos elementos deixava claro que ela fazia parte de uma facção catarinense e atuava também em Florianópolis — afirmou Pereira.

Diaba Loira chegou a receber o direito de responder em liberdade e foi solta, usando uma tornozeleira eletrônica. No entanto, após Eweline romper duas vezes o monitoramento, o delegado Pereira solicitou novamente sua prisão, e ela se tornou foragida da Justiça. Ainda naquele ano, seu destino foi a capital fluminense, onde buscou abrigo em redutos do Comando Vermelho no Rio: primeiro no Complexo do Alemão, na Zona Norte, e depois na Gardênia Azul, na Zona Oeste.

— Nesse período, recebíamos diversas fotos e vídeos dela portando fuzis nas favelas cariocas — contou Pereira.

Já no Rio, ocorreu o julgamento do ex-marido. A defesa explorou toda a ligação de Eweline com facções criminosas e tráfico, e os jurados absolveram o acusado de tentativa de feminicídio.

O apelido “Diaba Loira” surgiu após sua chegada ao Rio, coincidindo com sua notoriedade nas redes sociais, onde colecionava cerca de 70 mil seguidores e compartilhava vídeos portando armas pesadas. Até pouco antes, era conhecida como “Pitbull”.

Em junho deste ano, voltou a chamar atenção ao ser vista atirando contra policiais durante uma operação na Gardênia Azul.

Do CV para o TCP

Em vídeos, a Diaba Loira já deixava claro que havia migrado de facção e contava que não temia ser executada por traficantes rivais por classificá-los como "despreparados".

"É para eu ter medo? Eu estava do lado de vocês esse tempo todinho, sei que vocês são despreparados. Então antes de falar que a 'equipe caos' vai te pegar, parem de querer ameaçar, está chato já. Quem faz não fala", dizia em um dos vídeos.

Em julho, publicou um vídeo lamentando a morte da mãe, afirmando que ela teria sido assassinada por criminosos rivais do CV. Na realidade, a mãe está viva e chegou a se apresentar na delegacia de Tubarão para esclarecer a suposta morte da filha.

"Vocês pegaram a minha família, mataram a minha mãe. Vocês destruíram a única pessoa que eu tinha. Acabaram com ela, mesmo sabendo que ela morava sozinha e quase não falava comigo. Esses filhos da p*ta do Comando Vermelho sabiam", disse Diaba Loira num vídeo publicado em julho deste ano.

Eweline também confirmou publicamente sua aliança com o TCP, compartilhando conteúdo ligado à Tropa do Coelhão, grupo do TCP no Complexo da Serrinha, em Madureira. Em postagens, ela passou a compartilhar conteúdo ligado à Tropa do Coelhão, liderado pelo traficante William Yvens Silva, grupo ligado ao TCP no Complexo da Serrinha, em Madureira, Zona Norte do Rio, cujo chefe do tráfico é um dos criminosos mais procurado do Rio, Wallace Brito Trindade, o Lacosta.

Entre os conteúdos compartilhados, chama atenção uma tatuagem nas costas. O desenho mostra uma mulher segurando um fuzil e fazendo o número três, em referência à facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP). Além disso, a arte inclui a imagem de um coelho e de um jacaré.

Ela também apagou postagens com referências à antiga facção.

Contra Eweline constam pelo menos três mandados de prisão em aberto, sendo dois expedidos por tribunais de Santa Catarina, por tráfico de drogas e organização criminosa: um pela Primeira Vara Criminal da Comarca de Tubarão e outro pela Vara Única da Comarca de Armazém, prisão definitiva decorrente de condenação transitada em julgado, com pena restante de cinco anos e 10 meses em regime fechado, além de violação de medidas judiciais por descumprir monitoramento eletrônico.

Fonte: Extra

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