Apontado como um dos chefes do Comando Vermelho (CV) em liberdade, Edgar Alves de Andrade, o Doca, é suspeito de ter ordenado uma série de crimes brutais no Rio de Janeiro — entre eles, o assassinato de André Lyra de Oliveira, o “Lápis”, em 2021. Principal alvo da Operação Contenção, a mais letal da história do país, Doca conseguiu escapar da ação policial que mirava o alto comando da facção, mantendo-se foragido enquanto expande o poder do CV na capital fluminense.
Mesmo com mandado de prisão decretado, ele conseguiu escapar com ajuda de "soldados" do tráfico que fizeram barreiras armadas. O Disque Denúncia oferece R$ 100 mil por informações que levem à sua captura.
Nascido em 1970, em Caiçara (RS ou PB, há divergência), Doca entrou para o crime há mais de duas décadas. Preso em 2007 por tráfico e porte ilegal de armas, chegou a afirmar ser militar. Após cumprir parte da pena, voltou às ruas e ascendeu dentro do CV, tornando-se peça-chave na expansão da facção.
O assassinato de Lápis teria sido motivado por uma disputa territorial entre o CV e a milícia do Quitungo, que havia se aliado ao Terceiro Comando Puro (TCP). Desde então, Doca passou a comandar ofensivas para retomar o controle da região.
Entre 2022 e 2023, o CV ampliou em 8,4% suas áreas dominadas, voltando à liderança entre grupos armados da Região Metropolitana — hoje com 51,9% do território sob controle.
Doca também é apontado como o mentor da execução de três médicos na Barra da Tijuca, em 2023, mortos por engano após criminosos confundirem um deles com o filho de um miliciano. Ao saber do erro, ele teria ordenado a morte dos próprios comparsas.
Com 189 páginas de ficha criminal e 176 anotações, Doca responde por tráfico, homicídios, roubos, tortura e porte de armas. Ele é acusado ainda de autorizar o assassinato de três crianças em Belford Roxo, em 2020, após uma briga banal envolvendo um passarinho.
A facção sob seu comando também passou a usar drones lançadores de granadas, empregados pela primeira vez contra a polícia na recente operação no Alemão e na Penha.
Doca ainda aparece em investigações da Polícia Federal que envolvem o deputado Tiego Raimundo dos Santos, o TH Joias, preso por tráfico, lavagem de dinheiro e ligação com facções. O parlamentar teria se reunido com Doca e outros chefes do CV para fechar negócios ilegais.