De volta para a 146ª Delegacia de Polícia (DP), em Guarus, após nove anos, o delegado Carlos Augusto Guimarães recebeu a reportagem do Ururau em sua sala na tarde desta quinta-feira (25) para fazer um balanço do seu primeiro mês, falar da criminalidade no subdistrito e sobre as trocas de comando na DP.

Em uma entrevista que durou cerca de 20 minutos, Carlos Augusto inicialmente falou sobre os primeiros dias na DP, ele voltou oficialmente no dia 17 de abril. Anteriormente ele trabalhou de 2012 até 2014. 

"O trabalho é de adaptação inicialmente. Saí daqui a nove anos, e as coisas mudaram. Até a gente se adaptar em ter uma rotina regular de trabalho, refazer as equipes, ajustar a questão administrativa, demanda tempo.  Mas as coisas estão caminhando na medida do possível", contou. 

*Antes de assumir a 146ª DP, Carlos estava no comando da 142°DP, em Cambuci.

Números

Dados levantados no Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram que no ano de 2023, a delegacia de Guarus, registrou um aumento do número de homicídios dolosos, comparado até maio, em relação a 2022. Neste ano já foram registrados 33 crimes desta natureza, contra 22 do ano passado. 

Olhando para 2019, 2020, 2021, os números apresentados neste ano mostram uma queda ou igualdade neste período. Em 2019 foram 40 homicídios dolosos até maio, já em 2020 tiveram 40 e em 2021, 49. 

O delegado comentou sobre estes dados:

"Esse tipo de crime sempre sofreu sazonalidades, tem épocas não específicas que eles aumentam e diminuem. Alguns fatores diminuem esses atos, um deles são as investigações, por isso é importante as ações conjuntas das polícias para que a gente consiga reduzir esses números".

Crime no Sapo 3

Na madrugada da última segunda-feira (22) um crime contra dois homens revoltou moradores da comunidade do Sapo 3, em Guarus. Geneilson Oliveira da Conceição de 34 anos e Gabriel Oliveira Pereira de 15 anos, foram mortos a tiros por suspeitos dentro de um carro. No dia seguinte houve protestos na BR-101, pessoas próximas às vítimas afirmam que eles não tinham envolvimento com o tráfico. 

Carlos Augusto confirmou que os dois mortos não tinham registros criminais, ele também explicou que as áreas de conflito, na visão dos traficantes, viraram locais que não podem ser utilizados por ninguém

"Realmente essas duas vítimas não tem nenhum registro criminal, fizemos pesquisas aqui e não encontramos. O simples fato dessas pessoas envolvidas com o tráfico estarem em uma região, que por eles, não podem ser usufruídas, já é suficiente para eles ceifarem a vida de outras pessoas. É inadmissível esse tipo de crime. Isso nos preocupa, pois são pessoas que não ganham nada com isso, uma filosofia a meu ver, idiota, mas que acabam tirando vidas, por ordens que vem até de presídios", pontuou. 

‘Cultura criminal’ em Guarus

O agente explica que Guarus tem um histórico criminal reforçado pela ‘cultura’ das facções criminosas

"Aqui em Guarus temos a cultura das guerras de facções e o revanchismo, se um grupo é atingido, imediatamente ele tenta fazer vingança no grupo rival, e assim vai. As polícias trabalham com as consequências desses ataques, e não com as causas”.

Ao ser perguntado sobre a onda de crimes desta semana (quatro foram registrados), ele pede paciência e ajuda da população

"De certa forma, a parte investigativa está bem adiantada, inclusive nas ocorrências do último final de semana. O que nós pedimos é que a população nos ajude com esses crimes, denunciando esses criminosos. A resposta será dada no momento oportuno. Estamos fazendo investigações minuciosas e justas, para que os verdadeiros causadores desses crimes sejam presos. Por isso a investigação cautelosa", concluiu.

*O Disque Denúncia da Delegacia de Guarus atende pelo seguinte número (22) 999415988. 

Trocas de comando

De novembro de 2022 até abril deste ano, a 146ª DP, em Guarus, passou por três delegados diferentes. Por motivos profissionais, Pedro Emílio Braga e Pollyana Henriques tiveram que sair do comando da delegacia que atende o subdistrito. O atual delegado afirmou que esse processo é natural e que os projetos têm continuidade 

“Essas trocas são naturais, não foi só em Guarus, foram grandes mexidas nas polícias civis. Já atuei aqui antes, hoje as coisas são diferentes, mas nada impede do trabalho continuar, os policiais em boa parte continuam, a forma de trabalhar também, são feitos uns ajustes ou outros, mas nada que vá atrapalhar".