A Polícia Civil do Espírito Santo detalhou o modo de agir de Gustavo Ribeiro de Oliveira, de 37 anos, preso em São Paulo no dia 23 de julho, suspeito de aplicar uma série de golpes milionários em mulheres e amigos próximos. Investigações apontam que o homem usava até o reconhecimento facial nos crimes.

O estelionatário criava uma imagem de empresário bem-sucedido para se aproximar das vítimas, geralmente mulheres, com quem iniciava relacionamentos amorosos.

Depois de ganhar confiança, aos poucos, o suspeito passava a fazer pedidos financeiros ou utilizar os dados das vítimas, incluindo o cadastramento facial, para cometer fraudes, como abrir contas bancárias ou financiar veículos.

Prejuízo passa R$ 5,7 milhões

Gustavo é investigado por estelionato, apropriação indébita e falsidade ideológica. Só no Espírito Santo, o prejuízo causado pelas vítimas identificadas já soma R$ 5,7 milhões, de acordo com a Delegacia Especializada de Defraudações e Falsificações (Defa).

“Quando começava a namorar, acabava usando o próprio dinheiro da vítima para ostentar, e a pessoa envolvida no relacionamento não percebia esse tipo de coisa”, explicou o delegado Fabiano Alves, titular da Defa, nesta quarta-feira (30).

Além de namoradas, amigos homens também foram vítimas. A polícia explicou que Gustavo aplicava golpes complexos até mesmo em pessoas próximas, aproveitando a confiança para simular negócios e transferir bens para seu nome de forma fraudulenta.

Reconhecimento facial para financiar carros

De acordo com as investigações, o estelionatário usava, principalmente, a coleta de reconhecimento facial, para aplicar os golpes. Segundo a polícia, ele convencia amigos e parceiras a fazer o reconhecimento com desculpas como o recebimento de seguros ou transferências bloqueadas.

“Ele dizia que estava com a conta bloqueada e precisava do reconhecimento facial de outra pessoa para receber um dinheiro. Quando, na verdade, ele estava utilizando esse reconhecimento para financiar veículos no nome das vítimas”, detalhou o delegado.

Em um dos casos, Gustavo teria alugado um carro em uma locadora e o vendido a um amigo, como se o veículo fosse seu. O suposto comprador, por confiar no criminoso, aceitou fazer o reconhecimento facial e acabou tendo o nome utilizado em uma fraude de financiamento.

Venda de imóveis sem repasse aos donos

Outro golpe apurado pela polícia envolve uma imobiliária no Espírito Santo, cujo nome não foi divulgado. Gustavo manteve um relacionamento de mais de dois anos com a proprietária da empresa e conseguiu se infiltrar no negócio, se apresentando como ex-corretor de sucesso.

“Essa vítima permitiu que ele administrasse a imobiliária. Durante esse período, ele chegou a vender duas casas e ficou com o valor das vendas, sem repassar o dinheiro aos verdadeiros donos dos imóveis”, disse o delegado.

Alerta para novos relacionamentos

A Polícia Civil reforçou o alerta para comportamentos suspeitos em relacionamentos, especialmente no início. Pedidos de dinheiro, empréstimos ou favores econômicos devem acender um sinal de alerta.

“É fundamental ter cautela, conversar com amigos próximos — porque quem está fora do relacionamento consegue perceber melhor certos sinais. E, se alguém se reconhecer como vítima, deve procurar a delegacia mais próxima e registrar um boletim de ocorrência”, orientou o delegado Fabiano Alves.

A polícia agora trabalha para identificar outras vítimas. Quem reconhecer o estelionatário e achar que possa ter sido vítima deve procure a delegacia mais próxima e fazer um Boletim de Ocorrência (BO).

Cinco vítimas já denunciaram o caso na delegacia. De uma delas, Gustavo chegou a roubar mais de R$ 1 milhão.