As apurações que vêm sendo conduzidas em diferentes pontos do país sobre a atuação de influenciadores digitais na promoção de sites de apostas também alcançam a nossa região. Fontes próximas às investigações fornecem detalhes sobre um esquema preocupante que, se confirmado, configura manipulação, publicidade enganosa e possíveis ilícitos relacionados a jogos de azar.

Modus operandi identificado

Segundo informações obtidas pela reportagem, o padrão verificado pelos investigadores inclui:

• Algoritmos diferenciados para influenciadores: as plataformas fornecem aos influenciadores contas ou acessos com um tratamento distinto, que faz com que estes tenham resultados positivos com frequência quando jogam ao vivo ou gravam conteúdos. A exibição de sucessos e ganhos recorrentes serve para atrair e convencer seguidores.

• Contas de terceiros também favorecidas: não se trata apenas das contas oficiais dos influenciadores. Investigações apontam que contas criadas em nome de amigos, familiares ou “contas de teste” vinculadas aos próprios influenciadores também recebem esse mesmo tratamento privilegiado, e seus resultados favoráveis são postados publicamente. Essa prática amplia a ilusão de que qualquer usuário teria a mesma sorte e, assim, pressiona seguidores a apostar.

• Padrão oposto para o público: quando usuários comuns — os seguidores — abrem contas e apostam nas mesmas plataformas, relatos indicam que os resultados são desfavoráveis, com perdas frequentes que beneficiam economicamente a casa de apostas.

• Contratos atípicos: há indícios de que alguns influenciadores firmaram contratos que vão além da simples publicidade: pagos por cliques/inscrições, esses acordos, segundo apurações, podem prever remuneração vinculada às perdas geradas entre os usuários que aderiram via seus códigos/link de indicação.

Riscos jurídicos e orientações

Especialistas consultados pela reportagem avaliam que, caso as informações sejam comprovadas, há potencial para enquadramentos em fraude, publicidade enganosa e infrações administrativas e criminais relacionadas a jogos de azar não autorizados no Brasil. Além disso, a existência de contratos que remunerem percentualmente sobre perdas de terceiros pode configurar práticas comerciais e penais ilícitas.

Autoridades que investigam o caso ressaltam que muitos procedimentos correm em segredo de justiça e que ainda não se pode falar em responsabilizações públicas até o encerramento das apurações. Ainda assim, a recomendação oficial é clara: consumidores devem evitar realizar apostas em plataformas não regulamentadas e influenciadores devem agir com transparência, informando claramente quando um conteúdo é publicidade e quais riscos as apostas implicam.

Na nossa região

Fontes indicam que há procedimentos em andamento que envolvem criadores de conteúdo local, mas, por enquanto, não há confirmação pública de intimados ou indiciados. A reportagem continuará acompanhando o desdobrar das apurações e informará assim que houver posicionamento oficial das autoridades.