Quarta-feira, 04 de junho de 2025

Quem era Professor, chefe do CV morto a tiro e um dos traficantes mais procurados do Rio

Conhecido pela vaidade, traficante que controlava a Fazendinha, no Complexo da Maré, era descrito como violento e estratégico na facção criminosa

02/06/2025 às 08h53 Igor Azeredo

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Conhecido pela vaidade, traficante que controlava a Fazendinha, no Complexo da Maré, era descrito como violento e estratégico na facção criminosa / Foto: Reprodução

Apontado como o terceiro homem mais influente do Comando Vermelho fora do sistema penitenciário, Fhillip da Silva Gregório, o Professor, morreu baleado na noite deste domingo, em circunstâncias que ainda não tinham sido esclarecidas. Foragido há mais de seis anos e com 65 anotações criminais, ele exercia uma posição de poder dentro da facção.

A Polícia Civil afirmou que "a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) foi acionada e investiga a morte de Fhillip da Silva Gregório, o Professor". De acordo com a corporação, uma testemunha, com quem ele mantinha relação extraconjugal, "se apresentou e afirmou que ele cometeu suicídio". A mulher, ainda conforme a Polícia Civil, entregou a arma que teria sido usada pelo criminoso. "Diligências estão em andamento para apurar todos os fatos", encerra a nota.

Vida reclusa

Professor ganhou força nos últimos cinco anos ao assumir o fornecimento de armas para a expansão do CV na Zona Oeste. Como recompensa, passou a controlar a favela da Fazendinha, no Complexo do Alemão, onde montou sua base e vivia recluso havia cerca de três anos. De lá, comandava a distribuição de armas e drogas compradas no Paraguai, Bolívia e Colômbia para outras comunidades dominadas pela facção.

Foi dessa mesma base que, segundo a polícia, ele ordenou a execução de um aposentado de 74 anos, portador de Alzheimer, em 15 de outubro de 2023. O idoso brincava com crianças e animais na Fazendinha quando foi confundido com um pedófilo por seis homens armados. Após ser espancado no chão, um dos agressores ligou para Professor, que deu a ordem para matá-lo. O crime levou à decretação de mais um mandado de prisão contra o traficante.

A trajetória de Fhillip Gregório no crime começou anos antes. Ele foi preso pela Polícia Federal em 2015 por contrabando de armas e drogas e, em 2018, tornou-se foragido após não retornar da saída temporária do sistema prisional. Na ocasião, cumpria pena de 14 anos de prisão. Também era procurado pela Justiça Federal da Bahia, onde uma investigação revelou que integrava uma quadrilha responsável pela movimentação de R$ 1,2 bilhão em três anos. Professor seria o elo entre fornecedores sul-americanos e o CV.

Chamado de “matuto” por agentes — termo usado para traficantes especializados em compras internacionais de armas e drogas —, Professor era descrito como violento e estratégico. Segundo investigadores, costumava autorizar execuções durante bailes e evitava sair do morro. “Eu não saio de dentro do morro tem três anos. Ainda estou no trabalho. Chego em casa e fico esperando para ver se vai ter operação ou não”, escreveu ele, em 2021, para uma mulher, em conversa obtida pela PF.

Além da atuação no tráfico e da articulação internacional, a investigação também revelou o perfil vaidoso do criminoso. Ele já se submeteu a lipoaspiração abdominal, clareamento dentário e implante capilar — procedimento do qual a PF encontrou registros em que aparece deitado em uma maca, sendo atendido por duas mulheres com luvas e jaleco.

Professor também exercia controle sobre o cotidiano da comunidade. Em uma das mensagens interceptadas pela PF, uma moradora pede autorização para dar uma entrevista sobre o fechamento do teleférico do Alemão. Ele responde de forma direta: “Não, não pode pedir teleférico de volta não, a gente não quer”.

Além das acusações de tráfico e assassinato, o nome de Fhillip Gregório apareceu no centro de investigações por corrupção policial. Em abril, o EXTRA revelou que Professor mantinha contato direto com oficiais da Polícia Militar que comandavam Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Complexo do Alemão. Em mensagens interceptadas pela PF, ele negociava com policiais a presença de patrulhamento em áreas específicas e era elogiado por sua “gestão” no tráfico local.

Em uma das conversas, um PM avisava que deixaria a UPP da Fazendinha e que o sucessor manteria o mesmo número de telefone para contato com o traficante. Em outra, Professor reclamava da presença de policiais na Praça do Sagaz: “Cada um no seu espaço, pra evitar estresse”.

Há também trechos em que pede a retirada de um blindado: “Tenho a força, ninguém tem mais soldado e fuzil que eu na facção, nem por isso fico de arrogância”. O PM responde: “Suave, já desenrolei”.

Esses diálogos integram o inquérito que levou à Operação Dakovo, deflagrada em dezembro de 2023. A ação denunciou 28 pessoas por tráfico internacional de 43 mil armas do Paraguai para facções brasileiras. Professor era apontado como o principal responsável pelas compras do arsenal do Comando Vermelho.

Seu corpo foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Del Castilho por volta das 21h20, já sem vida, segundo informou a Polícia Militar. A guarnição foi acionada para verificar a entrada de um homem baleado. No local, os policiais encontraram a esposa da vítima, Gabriele de Almeida Rangel, e o advogado Eli Florêncio da Luz, que identificaram o corpo como sendo de Fhillip da Silva Gregório, o Professor.

A Delegacia de Homicídios da Capital investiga o caso.

Fonte: Extra

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