Domingo, 24 de agosto de 2025

A estranha (e eterna) posição dos Abdu Nemes

Entre muros, cargos e herdeiros sem brilho, o clã de Abdu Neme segue no jogo político de Campos, sempre sem assumir lado de verdade.

20/08/2025 às 19h32 20/08/2025 às 19h34 Redação Ururau

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Vereador Abdu Neme e sua herança política: família no tabuleiro, mas sempre em cima do muro. / Foto: Reprodução

Na política de Campos, algumas coisas nunca mudam: o trânsito caótico, a fila do hospital… e Abdu Neme em cima do muro. O vereador, dono de vários mandatos, parece ter feito da indecisão uma arte. Base ou oposição? Amigo ou adversário? Fiel ou infiel? Ele prefere não responder. Ou melhor: prefere responder “sim” para os dois lados.

E como todo patriarca político, Abdu espalhou a herança entre os filhos. O mais comentado nos bastidores é Abinho, que ganhou a fama de aliado leal da família Bacellar. Fiel até demais: quando ousou aparecer numa foto com o prefeito Wladimir Garotinho na ExpoCampos, acabou tendo que se justificar com o grupo político ao qual é ligado. Sim, teve gente que viu — e muitos dizem que o constrangimento foi real.

Já Yussef, o herdeiro político designado, é tratado como sucessor natural. Mas natural mesmo parece ser a rejeição da militância. Falta carisma, sobra desconfiança. “Vai ser vereador?”, perguntam. “Mas quem aguenta ouvir um discurso dele até o fim?”, retrucam.

No meio dessa novela, sobra Halim, o médico da família, tido como o mais querido de todos. Atencioso, sempre disponível e dono de uma popularidade espontânea que os irmãos nunca conseguiram construir. Mas até nele há uma crítica recorrente: a fidelidade à família. Simpático para fora, mas incapaz de se impor dentro de casa, Halim prefere manter o posto de “querido” a enfrentar os dilemas políticos do clã. Para muitos, ele poderia ser o verdadeiro sucesso, mas falta coragem de romper o papel de coadjuvante — ser fiel à família pesa mais do que ser fiel a si mesmo.

Enquanto isso, Abdu segue acumulando espaços no governo como quem coleciona figurinhas. Tem cargo aqui, tem nomeado ali… Mas, no fundo, a pergunta que ecoa é a mesma: afinal, ele é base ou oposição?

Num momento em que o eleitor cobra transparência e posição firme, o eterno malabarismo político de Abdu soa como piada repetida. O problema é que, em Campos, a piada continua sendo levada a sério.

Fonte: Redação

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