Domingo, 28 de setembro de 2025

Agricultura familiar faz do Brasil potência na exportação de pimenta-do-reino e rosa

28/09/2025 às 12h47 Redação

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Município de São Mateus, no Espírito Santo, é o maior produtor de pimenta-rosa do mundo e também lidera a produção nacional de pimenta-do-reino. Agricultores familiares foram responsáveis por 76% da produção. / Foto: TV Gazeta

O Brasil é referência mundial na produção de especiarias, e um município do Espírito Santo se consolidou como o maior produtor de dois condimentos com grande demanda internacional: a pimenta-do-reino e a pimenta-rosa. Graças à agricultura familiar, São Mateus, no Norte capixaba, é hoje o maior produtor de pimenta-rosa do mundo e o maior produtor de pimenta-do-reino do Brasil.

Em 2024, São Mateus produziu mais de 26 mil toneladas de pimenta-do-reino, o que representa 35% da safra estadual. No total, o Espírito Santo foi responsável por 73,4 mil toneladas da especiaria, o que corresponde a cerca de 60% da produção brasileira.

O desempenho é resultado da combinação de clima, solo fértil e da força da agricultura familiar, responsável por 76% das propriedades dedicadas ao cultivo.

O produtor rural Erasmo Negris cultiva cinco hectares de pimenta-do-reino na cidade. Da propriedade, saem 15 toneladas por ano, exportadas para outros estados e para fora do Brasil.

“Aqui o clima é propício em relação aos trópicos e a pimenta-do-reino se adaptou, se propagou muito bem. São Mateus, por essência, tem alta produtividade e o solo favorece”, contou.

Agricultura familiar e tecnologia

Segundo a Secretaria de Agricultura do Espírito Santo (Seag), existem cerca de 11,7 mil estabelecimentos rurais voltados ao cultivo da pimenta-do-reino no estado. A maioria é de agricultores familiares, que têm buscado apoio técnico para aumentar a produtividade e manter a qualidade do produto.

“A gente tem vários projetos em parceria com o Incaper e também o apoio de agrônomos autônomos. Temos consultoria técnica contratada e também uma cooperativa que nos dá suporte na aquisição de insumos, na implantação da lavoura e depois na comercialização da safra”, explicou Erasmo.

Além do mercado de condimentos, a cadeia produtiva das pimentas tem alcançado novos segmentos, como perfumaria, cosméticos e óleos essenciais. Para a pesquisadora do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Fabiana Gomes Ruas, isso amplia o impacto social e econômico da atividade.

“A importância social é grande porque muitas famílias participam tanto do extrativismo como do cultivo"

"Nós temos indústrias de exportação e também iniciativas locais de aproveitamento dos produtos e coprodutos, como óleos essenciais e cosméticos. Outros mercados estão sendo atingidos além do de especiarias e condimentos”, destacou.

Tradição que atravessa gerações

A produtora rural Ana Paula Martin Machado lembra que a história da família sempre esteve ligada às especiarias.

“A fazenda foi a primeira a plantar pimenta-do-reino em grande escala no Brasil, com mudas vindas de Tomé-Açu, no Pará, e a pimenta-rosa também foi descoberta aqui. Minha relação com a pimenta é desde sempre, mas comecei na administração da fazenda há praticamente 10 anos”, disse.

Hoje, a propriedade diversificou a produção e aposta em produtos industrializados.

“A fazenda tem área de indústria, nós fazemos doce de macadâmia com pimenta-jamaica, gelato, biscoito e o mix de especiarias, que é o único do mundo com as quatro pimentas do mesmo tamanho: jamaica, rosa, branca e preta. Nós iremos começar a produzir agora óleo essencial da pimenta-do-reino e da rosa”, afirmou Ana Paula.

Selo de qualidade

A pimenta-rosa de São Mateus conquistou um selo de Indicação Geográfica (IG), reconhecimento que garante autenticidade e valor agregado ao produto. Para a pesquisadora do Incaper, o diferencial está na combinação de fatores naturais e na experiência dos produtores locais.

“Temos aqui em São Mateus um ecótono, ou seja, ambiente de restinga ligado com solo de baixada litorânea, portanto bem drenado, muito favorável ao cultivo da pimenta-rosa. Aqui ela encontrou o local ideal: água na medida certa, solo bem drenado, sol e o saber das comunidades que desenvolveram o know-how de trabalhar com a cultura”, explicou Fabiana.

 

Fonte: G1 ES

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