Há duas décadas, o município de Campos dos Goytacazes conta com um posto exclusivo para o recebimento de embalagens vazias de defensivos agrícolas. Localizado na comunidade de Ribeiro do Amaro, o espaço é administrado pela Associação dos Revendedores de Insumos do Norte Fluminense (ASSINF) e funciona como ponto de apoio a produtores rurais de Campos e de municípios vizinhos, como São Francisco de Itabapoana, São João da Barra, entre outros do Norte e Noroeste Fluminense.

O posto de recebimento de embalagens vazias de defensivos agrícolas funciona desde 2005 recolhendo e ainda realiza a triagem das embalagens para encaminhar para centrais de processamento localizadas nos estados do Espírito Santo e São Paulo. A unidade recolhe, em média, 23 mil kg de material por ano, contribuindo para a redução de riscos ambientais e para o cumprimento da legislação.

Segundo o secretário de Agricultura, Pecuária e Infraestrutura Rural de Campos, Almy Júnior, a iniciativa representa um importante avanço na construção de uma agropecuária mais sustentável e responsável.

“A gente tem uma unidade da ASSINF Campos, que traz a sustentabilidade necessária e garante o cumprimento da legislação. É fundamental ajudar o produtor rural nesse processo. Existe a obrigação de devolver a embalagem do agrotóxico que foi adquirida", explica o secretário.

O secretário destaca, ainda, que há uma crescente conscientização no campo quanto ao descarte adequado dos resíduos. "Os produtores estão cada vez mais habituados a separar as embalagens corretamente. O que eles pedem é previsibilidade. O local está aqui, e as prefeituras têm feito os chamados ‘dias de campo’ para coleta. Na nossa secretaria, temos buscado promover esse descarte de forma contínua, com apoio da ASSINF. Além disso, há ações educativas nas escolas da zona rural, envolvendo os filhos dos agricultores. A sustentabilidade começa no manejo, passa pela aplicação e termina no descarte", finaliza o secretário.

A devolução das embalagens faz parte da política de logística reversa, obrigatória por lei. O prazo máximo para o descarte é de um ano após a compra do produto. O não cumprimento pode impedir o produtor de adquirir novos defensivos agrícolas. Carlos Frederico Menezes, presidente da ASSINF, destaca a importância da estrutura para a segurança ambiental e a saúde de quem vive e trabalha no campo.

"O uso de agrotóxicos sempre envolve controvérsias, mas a questão é minimizar os riscos. O descarte incorreto das embalagens representa um perigo enorme, porque elas podem conter resíduos até cem vezes mais concentrados do que na aplicação. Isso afeta o operador e qualquer pessoa ou animal que entre em contato com o ambiente contaminado", alerta Carlos.

De acordo com Frederico, o posto realiza a triagem inicial, em seguida, o material é encaminhado para uma central que cuida da compactação e separação dos resíduos antes da reciclagem. “Estamos no primeiro elo dessa cadeia de destino final adequado. Se o produtor não faz a logística reversa, além dos riscos à saúde e ao meio ambiente, ele pode ser impedido de comprar novos produtos. É uma questão legal e também de responsabilidade",  afirma o presidente da ASSINF.

A manutenção do posto e a adesão dos produtores à prática reforçam a importância de políticas públicas aliadas ao compromisso do setor produtivo com o meio ambiente e a saúde coletiva.