Os preços domésticos do café arábica finalizam junho em alta. O Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, posto na capital paulista, teve média de R$ 411,93/saca de 60 kg, forte recuperação de 5,9% em relação à média de maio. Em comparação com o mesmo período de 2018, entretanto, ainda houve queda de 14%, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de maio/19). A elevação em junho se deve à elevação dos futuros da variedade no mês, sobretudo na última semana, quando os preços voltaram aos patamares de dezembro de 2018, cenário que atraiu agentes ao spot e permitiu o fechamento de um bom volume de negócios. No geral, a comercializações de cafés da safra 2018/19 foi de 85 a 90% do total produzido no Brasil em junho.
No quadro externo, a valorização do café arábica foi reflexo das preocupações com o risco de geadas nas regiões cafeeiras do Brasil (o que poderia afetar a safra 2020/21), de fatores técnicos e da desvalorização do dólar frente ao Real. A média de todos os contratos negociados na Bolsa de Nova York (ICE Futures) em maio foi de 103,93 centavos de dólar por librapeso, elevação expressiva de 8,8% em relação a maio. O dólar, por sua vez, registrou média de R$ 3,861, desvalorização de 3,4% no mesmo comparativo.
Vale apontar que, na média da safra (de julho/18 a junho/19), houve recuo de 14,9%, frente à temporada 2017/18, com o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 a R$ 422,62/saca de 60 kg. A média também foi a menor, em termos reais, desde a temporada 2001/02 (valores deflacionados pelo IGPDI de maio/19). A acentuada queda das cotações esteve atrelada, principalmente, à elevação da oferta global do grão, tendo em vista a safra recorde no Brasil e a boa produção no Vietnã e na Colômbia, segundo e terceiro maiores produtores mundiais, respectivamente.
A pressão sobre as cotações do café só não foi mais significativa por conta do dólar elevado ao longo da safra 2018/19. Na média da temporada, a moeda norte-americana foi de R$ 3,862, contra R$ 3,308 na anterior 2017/18. Assim, a média do Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 foi de U$S 106,86/sc, 21,1% abaixo da observada na safra anterior. Por outro lado, a valorização do dólar também resultou em aumento dos custos de produção, refletindo especialmente em alta nos preços de adubos e de outros insumos agrícolas.
SAFRA 2019/20 – Para a próxima safra brasileira (2019/20), iniciada em julho deste ano, a expectativa de agentes é de que os preços sigam semelhantes aos vistos em 2018/19, pelo menos até a finalização da colheita. Isso porque, apesar das menores produção e qualidade observada até o momento – devido à bienalidade negativa e a problemas climáticos – a partir de agosto, o setor deve voltar a atenção para o desenvolvimento da temporada 2020/21, que será de bienalidade positiva no Brasil e contará com a produção de muitas lavouras recentemente renovadas.
Além disso, ainda há um volume considerável de café remanescente disponível. Em relação à colheita, após as dificultades devido às chuvas em maio, os trabalhos ganharam ritmo. Até a última semana de junho, as regiões de Garça (SP) e Noroeste do Paraná eram as mais adiantadas, com cerca de 50 a 70% dos grãos colhidos. Já na Mogiana (SP), no Sul e Cerrado Mineiro, as atividades variavam de 40 a 50%. Por fim, na Zona da Mata, a colheita atingia 40% do total esperado até a última semana de junho.
Quanto à qualidade, apesar de ser observada leve melhora em relação ao início da colheita, agentes ainda mostram preocupação com o padrão do café arábica em todas as regiões, especialmente em relação ao aspecto, à bebida e à peneira inferiores nesta temporada.
Assim como para o arábica, houve recuperação das cotações do robusta em junho, influenciados pela maior demanda –
especialmente pelas indústrias de torrefação – e pela elevação dos futuros na Bolsa de Londres no final do mês. A alta dos valores e a maior demanda também permitiram o fechamento de negócios em junho, sendo que, no Espírito Santo, a comercialização da safra 2018/19 se aproximou dos 90% do total da safra. Já em Rondônia, colaboradores apontam que praticamente 100% havia sido vendida já em maio.
A média do Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6, peneira 13 acima, foi de R$ 289,42/saca de 60 kg, elevação de 3,6% frente a maio. Para o tipo 7/8 bica corrida, a média foi de R$ 279,90/sc, alta de 3,7% no mesmo comparativo. Entretanto, ambas ainda são, respectivamente, 18,5% e 19% inferiores às de junho do ano passado (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI mai/19). No cenário externo, as cotações passaram boa parte de junho em baixa, devido a movimentos técnicos. A recuperação no final do mês, por outro lado, foi reflexo especialmente da desvalorização do dólar e de preocupações quanto ao clima no Brasil. O contrato Setembro/19 do robusta na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe)
fechou a US$ 1.451,00/tonelada no dia 28 de junho, queda de 3,1% na comparação com o último dia útil de maio.
Quanto à média da safra 2018/19, o Indicador CEPEA/ESALQ do robusta tipo 6 foi de R$ 317,28/saca, 20,1% inferior à 2017/18. Já o tipo 7/8 finalizou com média de R$ 284,51/sc, recuo de 26,6% no mesmo comparativo. A queda esteve atrelada especialmente à baixa externa, que refletiu a elevação da oferta global do grão. A queda acentuada das cotações vem ocorrendo desde 2017/18, devido à recuperação da produção nacional, após o período de seca e safras volumosas no Vietnã, maior produtor da variedade.
SAFRA 2019/20 – A colheita da safra 2019/20 de robusta foi beneficiada pelo clima quente e seco em junho. No Espírito Santo, o volume colhido havia atingido de 70 a 80% da produção até o final de junho. Caso o clima siga favorável, colaboradores do Cepea acreditam que as atividades possam ser praticamente finalizadas até meados de julho. Apesar das preocupações iniciais de produtores capixabas quanto à uma possível quebra de safra, devido ao veranico em janeiro, a qualidade e a peneira dos grãos de robusta ainda estão dentro do normal. Quanto ao rendimento no beneficiamento, grande parte dos agentes acredita que está levemente inferior ao da temporada 2018/19, porém, ainda em bons níveis.
Em Rondônia, os trabalhos estão praticamente finalizados em algumas regiões. Devido à colheita dos grãos tardios, agentes acreditam que as atividades devem ser finalizadas em julho. O padrão do robusta do estado também está dentro do desejado, com qualidade, peneira e quantidade de defeitos semelhantes às observadas na safra 2018/19.
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